Capítulo - 18 e 19

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Capítulo 18

A arma mais poderosa

Como o passar do tempo, o tratamento do Rafael atraía a atenção de todos.

Exames de ressonância magnética para localização de tumorações, exames de mielogramas, sessões de quimioterapia, momentos de internações, outros cuidados e muita tensão causavam preocupações e exigiam muita dedicação.

Vanessa não deixou o filho por nenhum momento. Até pediu permissão especial para acompanhar o garoto durante exames de ressonância, a fim de deixá-lo mais calmo com sua presença, tendo em vista o desconforto de se ficar por muito tempo imóvel e suportar o barulho excessivamente incômodo do aparelho que o realizava.

Certa vez, abraçada a Felipe, que a envolvia com carinho, Vanessa desabafa:

- Não agüento mais essa angústia. Por que não aparece um doador logo? – chorou.

- Calma... Vai aparecer.

Estavam no hospital, no quarto do Rafael que, preso ao soro, dormia sob efeito de remédio.

A pouca distância, Diogo os observava e não conseguia conter sentimentos ruins, estranhos, misto de inveja e rancor. Gostaria de ser ele no lugar do irmão.

Não suportando caminhou até a janela e passou o olhar para fora.

Felipe sentiu o celular vibrar em seu bolso e afastou um pouco Vanessa de si. Pegando, olhou seu visor para ver quem era.

Com jeito carinhoso, pediu:

- Me dá um segundinho. Preciso atender.

Dizendo isso, ele saiu do quarto e foi para o corredor.

Amargurada, Vanessa se aproximou mais da cama do filho. Segurou nas grades quase debruçada sobre elas e o afagou com imenso carinho.

- Veja. Pode ir até lá e fazer o que seu irmão faria num momento como esse – sugeriu Ceres.

Diogo se virou e a viu.

Não contendo a sensação que o dominou, a inspiração recebida, ele se aproximou e ficou com metade do peito atrás de Vanessa, quase se encostando a ela.

Ao olhar para o filho por sobre o ombro da mãe, pôde sentir seu perfume suave e desejou abraçá-la.

Cuidadoso, calculando cada movimento, colocou levemente a mão em seu ombro e ela o olhou.

- Nosso filho vai sair dessa. Ele é forte, vai vencer tudo isso.

- Não agüento mais esse sofrimento – ela murmurou. – Por que não aparece um doador e... Aí o tratamento é feito de uma vez por todas?

- Vai aparecer – Diogo sussurrou. Tocando-a com jeito generoso, ele a fez ficar de frente para ele e, olhando em seus olhos, disse no mesmo tom morno. – Vai aparecer um doador. Eu acredito nisso e você também deveria acreditar.

Os olhos castanhos de Vanessa ficaram marejados e, em seu rosto abatido, as lágrimas rolaram em silêncio.

Diogo a puxou e a envolveu em um abraço, apertando-a contra si.

Alguns minutos e Felipe entrou no quarto e assistiu a cena.

Nesse momento, o irmão a afastou de si, olhou por um instante para o outro e fugiu-lhe o olhar.

Com simplicidade, abalada e comovida com o estado de Rafael, Vanessa se virou novamente para a cama e tornou a observar o filho, sem dar importância ao fato.

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