Capítulo 13

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Alice sempre soube ler a expressão das pessoas.

Ela sempre conseguiu perceber o que estava acontecendo com alguém apenas de observar o movimento de suas mãos, o vibrar do tom de sua voz ou o brilho de um olhar. Sua avó sempre lhe disse que os olhos eram a janela da alma, e que muitas vezes, um olhar diz mais do que mil sorrisos. Então no momento que o Dr. Lucas entrou no quarto, Ally já sabia que ele não trazia boas notícias.

Ela não precisava escutar o resultado do laudo para saber que havia algo muito errado com ela. A ausência de brilho nos olhos de seu médico já dizia isso.

Lógico que escutar "células hepáticas neoplásticas com patologia alterada" fora um golpe. Ela já havia assistido muitos episódios de Grey's Anatomy com sua tia Sara para saber o que aquilo significava: câncer.

Por alguns segundos, era como se ela tivesse saído de seu corpo, e estivesse observando o caos que se seguiu. Sua família se perdeu em um mix de desespero e dor. Todos pareciam questionar o seu médico, pedindo respostas que no fundo não trariam alívio nenhum, que não fariam com que as coisas ficassem bem.

Câncer.

Parecia piada.

Como que ela poderia ter câncer?

Ela tinha apenas 11 anos. Sua mãe sempre fez questão que ela tivesse uma alimentação orgânica, balanceada e sem excessos. Todos os dias ela passava filtro solar e tomava a quantidade certa de água. Ela fazia exercícios regularmente e dormia pelo menos 8 horas por dia. E com certeza ela nunca havia entrado em contato com material radioativo. Então por que ela, de todas as pessoas, teria câncer?

Hepatocarcinoma. Extremamente raro. Extremamente agressivo.

Em meio as explicações do Dr. Lucas, a realidade a atingiu como um meteoro, destruindo tudo ao seu redor. Câncer. Hepatocarcinoma. Ela tinha 11 anos e estava morrendo. Como que aquilo podia estar acontecendo?

Ela não queria morrer.

Ela não merecia morrer.

Alice se viu tomada pelo desespero, deixando toda a lógica e racionalidade para trás. O medo preencheu seu corpo, fazendo-a estremecer. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela fez a única coisa que podia, buscou conforto nos braços de sua mãe.

 Seus olhos se encheram de lágrimas e ela fez a única coisa que podia, buscou conforto nos braços de sua mãe

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- Mamãe! – Alice suspirou aos prantos. Ela se pressionou contra o corpo de sua mãe, buscando a segurança de seus braços.

- Oh Ally... – Claire sussurrou, sua voz destruída, coberta de dor. Ela tomou a filha em seus braços, suavemente a balançando, tentando acalmá-la. Suas lágrimas escorreram por seu rosto, enquanto ela se questionava o porquê daquilo estar acontecendo. Elas já não haviam sofrido o suficiente?

Alice chorou nos braços de sua mãe, enquanto ela conseguia escutar os sons de sua tia Sara se desfazendo em lágrimas. Sua mãe chorava silenciosamente, quase como se ela quisesse poupá-la de sua dor.

O Outono de Alice #wattys2020Onde histórias criam vida. Descubra agora