~10~

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   Momento precioso para Kirishima, ver o loiro com o rosto levemente corado e dizendo coisas embaraçosas, até mesmo palavras atenciosas. Uma face que a criatura não vira em nenhum homem, principalmente direcionada a si e por isso sentia falta do seu corpo humano, podia conversar e sorrir para Bakugou - quem sabe vê-lo corado mais vezes e com mais intensidade -, mas sentia falta das conversas e dos palavrões alheios do explosivo.
   Infelizmente, seu interior dizia completamente o contrário. Fosse por instinto ou não, estava saindo do controle. Antes, quando o raio brilhante e platinado lhe atingiu, sua mente clareou pensava e agia com mais clareza, diferente da sua forma escamosa em que apenas matava cordeiros, dormia e observava a grama crescer. Sua vida se movimentou. Encontrou Kaminari Denki, Mina Ashido e Hanta Sero, que lhe ensinaram a andar o melhor possível com suas duas novas pernas e manusear algumas armas, já que seria perigoso um híbrido dragão andar sem qualquer proteção. Decidiu andar sozinho e não depender dos garotos, assim vagando entre vilas e cidades e vendo de tudo. Assim como dragão e humano Kirishima sempre os observara, não encontrando dificuldades para aprender a língua. Entre tantas grandes coisas para ver se embolou em ingênuidade e acabando nas mãos de homens gananciosos, que fizeram de tudo para captura-lo.
   Bakugou foi sua salvação, a primeira vista pensou que a morte estava próxima se continuasse perto do loiro, já que ele não desfazia a carranca e mau humor. Mas com coragem invadiu sua cama por algumas horas confortáveis de sono e com vários palavrões açoitando seu ouvido, conseguiu um espaço. Katsuki Bakugou não era de todo mal, sabia que estava cansado da vida pacata e que dentro do explosivo havia um homem protetor e carinho em algum lugar.
   E naquelas palavras " Eu quero ver a porra do seu sorriso de novo, Kirishima. ", viu que queria sorrir o máximo que pudesse para o loiro e também queria ver o do outro - que devia deixá-lo lindo por sinal -, mas não podia com aquele maldito corpo grande e escamoso :
   - Vamos logo ou a cara de sapo vai falar merda mais uma vez. - Bakugou apressou, já que o sol se punha no horizonte. Mas algo chamou a atenção do dois, algo no céu que voava na direção dos dois.
   Bruxas. Montadas em vassouras e sua líder não estava com um semblante agradável. Correram por entre as árvores, se escondendo, o loiro com a espada na mão e com um plano em mente, que foi por água abaixo quando um clarão atrás de si e um rosnado de reclamação. A fumaça saiu do corpo do dragão, dando lugar a uma forma de duas pernas e dois braços, humana. Kirishima cambaleou até uma árvore e se apoiando na mesma, as roupas rasgadas e queimadas deixavam seu tronco desnudo, os cabelos - que ele sempre arrumara para cima quando acordava - estava liso e caído em seu rosto, as asas não ocupavam suas costas - os chifres não estavam mais presentes por diminuírem com o tempo. Katsuki se aproximou, com o coração acelerado de alívio e raiva :
   - Hey, Bakugou. Acho que agora eu posso sorrir para você. - Não foi dos melhores, mas seus lábios e dentes pontiagudos transpareceram o sorriso animado do ruivo, que fez o rosto do loiro esquentar.
   - Idiota. - Se não fosse pela situação, Katsuki teria rido da imbecilidade do outro, mas as mulheres se aproximaram, os cercando, fazendo-o erguer a espada. - Vão embora, merda!
   - Bakugou, não é? Vocês tem coragem de aparecerem no meu território e hospedados por uma garota, isso é contra as nossas regras, rapazes. - Midnight de cabelos negros e compridos, trajava uma roupa no mínimo vulgar, colada ao corpo, branca, corpete preto e um cinto vinho e solto. - Além disso, o híbrido não se encontra em um estado estável. Por isso, gostaria que você viesse comigo, sim? - Seus olhos tinham um brilho interessado, não maldade nem malícia. Algumas de suas guardas tentaram se aproximar de Bakugou e logo se afastando com a ameaça da espada.
   - E o que vocês querem com ele?
   - Preciso de algumas informações. - Uma de suas acompanhantes apontou a varinha, sentenciou uma palavra qualquer e a arma se lançou no ar ao ser atingida pelo raio.
   Eijirou se defendeu o máximo que pode aind, mas mesmo assim em alguns minutos estavam montados juntos as bruxas nas vassouras, rumando para a cordilheira na direção de uma estrutura grande com uma alta torre. Uma varanda se estendia longamente para fora e pousaram ali. O loiro foi levado para fora da sala, onde uma mesa se postava no centro e estantes de livros decoravam as paredes, o ruivo e Ochako ficaram no lugar acompanhados por Midnight.
   As guardas direcionaram Bakugou para uma cela depois de descerem a escadaria da torre, com as grades de aço não seria possível amassá-las numa fuga. Uma guarda ao lado tinha o semblante impassível, o loiro a xingara internamente e se sentou apoiado na parede, querendo explodir a tudo a sua volta. Uma movimentação ao seu lado se fez presente, um garoto de cabelos esverdeados e muitíssimo familiar se aproximou. E com "gentileza" Katsuki o repeliu :
   - O que você está fazendo aqui, maldito? - Rosnou para Midoriya, que suspirou agarrando os joelhos, preocupado.
   - Vim trazer um livro de um feitiço específico para Uraraka e acabaram me encontrando. - Ele parecia decepcionado, afinal, já entrara outras vezes na cordilheira sem permissão alguma e nunca fora pego. Mas por aquele favor teve que se arriscar, seria por Bakugou por que não?
   - Tsc...Ruidosos demais. - O loiro reclamou, irritado. E não era o único ali, Izuku o fitou indignado, talvez injustiçado.
   - Nós nos arriscamos por causa do Kirishima-kun! Seja grato pelo menos, Ka-chan, porque foi você que estava ao lado dele todo o tempo! - O garoto se levantou, exaltado, fazendo a guarda se aproximar da grade. - Vocês são amigos, não é?!
   - Vá à merda, Deku! - A resposta vaga do explosivo provou a Midoriya que estava certo.
   Bufando, furioso por não poder descordar do amigo de infância, Bakugou se levantou inquieto. Não conseguira contradizer pois o maldito estava certo, esteve em todos os momentos perto do ruivo e ainda deixara um pouco do seu orgulho de lado - mesmo que imperceptível - para ir até Uraraka e pedir, ou mandar, que transformasse Eijirou de volta a sua forma humana. Tudo pelo seu desejo, pelo que queria para si, estava apodrecendo numa cela. Bom, o loiro não entendia muito bem o quê era agir pelo próximo, muito menos quando seu peito apertava ao lembrar do sorriso alegre e infantil do garoto-dragão. Mesmo que Kirishima ainda tivesse as asas penduradas nas costas - os chifres já não estavam ali -, provando que se tornara humano aos poucos.
   Com os pensamentos no ruivo, Katsuki se apoiou na grade, irritadiço. Chamou a guarda, pedindo um copo de água dizendo estar estressado - que não era novidade - e a pessoa atrás da armadura se movimentou para longe. O esverdeado chegou perto, cauteloso e sussurrou :
   - Eu pego as chaves. - Disse e o explosivo sorriu, sádico e debochado. A guarda voltou com o copo na mão, Midoriya o pegou agradecendo com um sorriso gentil.
   Bakugou puxou bruscamente o braço erguido para dentro da cela, a cabeça da guarda bateu violentamente na barra de ferro, o som do impacto pareceu ecoar por toda a cordilheira e o garoto se apressou em puxar a chave do cinto da pessoa inconsciente. Abriram a grade e saíram pelo corredor atrás das escadarias pela qual o loiro passara, cada vez apressando mais os passos e subindo degraus de dois em dois. A porta no topo foi vista e correram até seu encontro, com um impulso violento o ombro do loiro se chocou na madeira, fazendo-a abrir num estrondo. Não havia guardas do lado de fora, já que todos estavam concentrados na sala.
   As guardas a volta de Kirishima o pressionavam, Midnight sentenciava palavras estranhas com a varinha apontada para o ruivo. A mulher interrompeu o que dizia, indignada. Midoriya quebrou o círculo que cercava o ruivo jogando um guarda no chão e sacando a própria espada, outros tentaram atacar o loiro com as lanças que carregavam de um lado para o outro, mas acabaram de encontro com a pedra dura e fria do chão :
   - Obrigado, Bakugou. - Eijirou sussurrou, sorrindo para o explosivo, que sentiu as orelhas esquentarem levemente.
   - Você ainda é minha recompensa, saco de merda! - Lembrou de quando o encontrou, Kirishima estava ocupando o lugar do saco de moedas. E talvez... Bakugou não tenha se arrependido de ajudá-lo e nem de ter sua companhia...bem, não podia negar que gostava do idiota que lutava ao seu lado.

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E então? Está bom? Espero que vocês gostem e se puderem comentem ^^
  Uma amiga minha está escrevendo uma fanfic Tododeku, se vocês se interessarem dêem uma passada lá

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⏰ Última atualização: Jan 05, 2019 ⏰

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