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   Todoroki e Midoriya se despediram da dupla quando chegaram ao pé da montanha onde as árvores eram grandes mas bem separadas. Enquanto iam caçar javalis para um banquete, Bakugou e a criatura se preparavam para se lançarem no ar, revistando todas as armas e se a capa estava bem presa. O loiro se segurou no pescoço de Kirishima e impulsionou com as pernas até estar sentado em seu dorso. Se debruçou agarrando seu pescoço como conseguira e as asas se abriram. Em um salto alto os dois estavam pairando no ar, o vento açoitando o rosto e refrescando todo tipo de calor. Katsuki tinha que admitir que era libertador estar longe daqueles que mais lhe causavam problemas, subiram cada vez mais alto até estar próximo o suficiente do pico da montanha.
   Era como um portão que dava para uma enorme cordilheira unicamente formada em uma gigante círculo, quem quisesse chegar com cavalos passaria por uma floresta densa e recheada de rosas espinhentas - que se mexiam como se estivessem vivas. O dragão inclinou-se para o lado e o loiro conseguiu todas as folhas verdes das árvores. Em uma explosão Kirishima se impulsionou o mais alto que pode, fazendo Bakugou soltar palavrões por quase ter sido arremessado nos ares, sobrevoaram o local observando a pequena cidade onde bruxas e bruxos zanzavam entre as estruturas com seus livros, varinhas, caldeirões e animais de estimação nos calcanhares.
   Uma pequena área em uma das montanha tinha o pico achatado, poderia ser facilmente o ponto fraco daquelas muralha de terra e pedra. Kirishima pousou ali, desajeitadamente, e por pouco não saíram rolando. Bakugou desceu com escorregões cuidadosos, já que era a forma mais fácil de se descer, com os sapatos já quentes com o desgaste se ajeitou e andou calmamente entre casas e pessoas - de maioria mulher -, sendo recebido com cochichos e indignações.
   "O que um homem faz aqui?"
   "Deveriam colocar um feitiço de proteção, evitaria esses trouxas."
   "Será que alguém o convidou? Ele é bonito..."
   Katsuki bufava e lançava olhares ameaçadores aos que se aproximavam demais. Chegou em uma área em que as pessoas se aglomeravam em uma loja de faixada desproporcional e caída aos pedaços, pareciam admirar um objeto de madeira, mas o loiro não conseguiu ver até uma garota se espremer e sair do meio das pessoas acompanhada de uma amiga. Tinha o rosto redondo, delicado, cabelos castanhos e olhos da mesma cor, usava um vestido bege, botas vinho assim como as luvas e o capuz murcho que lhe cobria a cabeça. A outra do seu lado tinha cabelos, olhos grandes e corpete verdes e saia listrada em vermelho e branco. A "Cara de lua", como Bakugou gostava de chamá-la, carregava um cajado sépia comprido e torto ,com uma pedra rubi e lustrosa no topo envolta à madeira. Algo que pareciam apreciar bastante :
   - Ei, cara de lua! - Não se importou de ter gritado, os outros ao redor estavam entretidos em observar a vitrine. A garota virou, surpresa.
   - Bakugou? O-O que você está fazendo aqui? - Se aproximou, olhando para os lados desesperadamente, vendo claramente o problema.
   - Você vai fazer uma coisa para mim. - E virou as costas, voltando de onde viera, sendo seguido pelas duas.
   Uraraka Ochako tentou ao máximo disfarçar que estavam acompanhada de um homem armado e sem magia alguma no sangue, foi acalmada por Tsuyu Asui que sempre lhe assegurava suas decisões e lhe ajudava, além de ser uma sapa que transformara em humana sem querer quando era criança e brincava no lago. Por coincidência ela tinha a mesma idade quando isso aconteceu e Asui foi se transformando durante os anos em uma humana. E com isso, Uraraka conseguira entrar em uma das melhores escolas. As bruxas eram divididas por suas melhores magias : transformação, adivinhação, magia das trevas, poções e muitas outras. Mas apenas precisava fazer Tsuyu voltar a ser um pequeno animal e depois voltar a ser humana, passaria na escola de Transformação e poderia trabalhar com isso. Então o loiro aparecera e atrapalhara sua missão de fazer o feitiço perfeito.
   Estavam indo para o fundo da cordilheira onde era mais vazio e muitos não se atreviam a chegar perto do lugar mais frágil com medo de serem atacados. Duvidou da sanidade mental de Katsuki quando berrou o nome de um outro garoto, doeria a garganta de qualquer um mas ele parecia ter se acostumado a gastar sua voz com gritos. Uma movimentação no pico causou arrepios na sua espinha e uma silhueta grande apareceu saltando e planando até chegar ao chão, escamoso e vermelho. Dragões não eram vistos constantemente e um que obedecia um loiro arrogante era ainda mais raro :
   - Você vai transformá-lo em humano. - A garota não tinha reação, seu queixo caiu e as palavras não saíam.
   - Você sempre foi um dragão? - Asui se dirige a criatura, que suspirou em positividade. - Eu era um sapo e Uraraka-chan acabou me transformando em humana. Bem, acho que você ainda gosta desse corpo, não? - Kirishima a fitou e a esverdeada acenou com a cabeça. Sabia como se sentia, estar dividido entre a pessoa que tanto gostava e entre a liberdade de seu corpo verdadeiro. - Vamos levá-lo para Midnight, talvez ela consiga...
   - Ele não vai. Aquela bruxa vai fazê-lo de cobaia para um monte de feitiços de merda! - Mesmo usando o nome de forma pejorativa, não passava de uma verdade, era uma bruxa e poderosa mas com curiosidade a mais. - Faça você, cara de lua.
   - Não sei... Fazer. Estou tentando isso há dois anos, é complicado, Bakugou. - Sua voz voltara. As engrenagens em sua mente giraram e suspirou, insatisfeita. - Eu posso tentar. Mas preciso de uma ou duas semanas!
   - Faça essa porra rápido.
   - Vocês podem ficar no celeiro atrás da casa é alto o suficiente para um dragão, acho. - Bakugou quis contra dizer mas Tsuyu se impôs ameaçando que contaria e que seriam descobertos pela guarda. O loiro mostrou o dedo vulgar e seguiu as duas.
   Estava tudo mais vazio e calmo, algumas pessoas viam o rabo de Kirishima e o seguiam mas logo já tinham desaparecido. A casa da garota era pequena com dois andares e o celeiro valeria por duas casas, o feno os aconchegou assim como o odor da madeira e palha. A esverdeada levou cobertores e comida para o dragão enquanto Katsuki jantava a mesa, que logo se juntou a criatura. Tinha pouco espaço para que pudesse dormir em um canto separado, emburrou a cara para Eijirou já que tinham mais espaço para o fundo do celeiro. Se encolheu em um canto e se apoiou na parede, adormecendo sentado usando a capa como manta.
   O sopro quente começou a ficar insuportável e Bakugou se remexeu abrindo os olhos. A cabeça grande e escamosa estava a centímetros de sua perna, como um cão que pedia carinho, sua respiração estava quente e seus olhos carmim o observava com interesse. Tentou se levantar, sentiu uma fisgada na costela que o fez se sentar mais uma vez, arrumou a capa em seus ombros e tentou, se apoiando na madeira. O focinho encostou em sua mão e o ajudou a ficar em pé. Assoprou em seu rosto dizendo um bom dia e seus olhos brilharam, como um sorriso. Katsuki não acordara de bom humor, " Não vou ficar preso em um lugar de merda. " Fora ótimo Uraraka lhe ceder um lugar para dormir, mas o feno não lhe agradou e ia exigir um quarto à cara de lua.

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  Postei um pouco mais cedo, mas acho que isso é bom, né? Espero que esteja bom e comentem se puderem ^^.
  Ah, obrigada pelos votos e por acompanharem até aqui, eu fico realmente feliz de ver que algumas pessoas gostam! Até a semana que vem!
   Se alguma coisa se parecer com Harry Potter, é uma coincidência, viu? ;)

Coração de dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora