P.O.V Cal
Assim que a porta foi aberta, eu me amaldiçoei por ter esmurrados a mesma há poucos minutos atrás, e ter quase quebrado a campainha, pois quando a dano do apartamento abriu a porta eu acreditei que ela fosse me matar. Sua expressão ultrapassava a raiva, e se eu não estivesse em um enrascada muito grande e tomado pelo desespero, eu, com certeza, teria verificado a hora antes de ir até lá, pois Evangeline parecia querer me matar.
— Você por acaso sabe que horas são? — Ela perguntou enquanto arrumava a camisa sobre o corpo, ela, provavelmente, não estava sozinha. Seus cabelos estavam bagunçados demais para ter sido apenas o travesseiro, eu sabia muito bem quem havia sido responsável por aquilo. — O que você quer, Calore?
— Atrapalho? — Perguntei com a maior cara de pau do mundo.
— Apenas o meu sono. — Ela suspirou e me deu passagem.
— Tem certeza? — Perguntei depois de entrar no apartamento. Passei um dedo em meu próprio pescoço, e a mesma revirou os olhos. Haviam uma manche avermelhada em sua pele, que em todo o meu conhecimento eu poderia jurar que era uma mordida.
— Elane acabou de sair daqui, uma emergência no trabalho. — Ela deu de ombros. — Você vai aqui só para estragar a minha noite, ou...
— Eu a beijei. — Evangeline parou de falar e me encarou boquiaberta. Eu não precisava dizer o nome, ela sabia perfeitamente de quem eu falava. Era a única que sabia. — E ela deu um tapa na minha cara. — Completei rindo.
Falar aquilo em voz alto fazia ficar pior do que realmente era. Não que a situação fosse boa, estava muito além do catastrófico. Eu não havia pensado, havia simplesmente agido, e agora... Agora tudo ficaria pior do que já estava, e eu tinha certeza que ela estava em um estado pior que o meu.
— Tudo bem. — Ela sentou-se na poltrona à minha frente e passou a mão pelos cabelos. — Me diga exatamente o que aconteceu. — Eu ri e joguei o meu corpo sobre o sofá livre.
— Você tem tempo?
Doze anos atrás...
— O senhor não pode estar falando sério! — O meu pai simplesmente fez um aceno com a mão como se os meus protestos não fossem nada. — Eu não vou me casar com a Evangeline! Isso é...
— Vai casar-se, e ponto final. Já está feito. — Rosnei e saí da sala dele batendo a porta atrás de mim. Eu sabia muito bem o que ele queria dizer com "Já está feito". Um acordo, era aquilo que já estava feito, um acordo em que uma das cláusulas seria o meu casamento com a Samos.
Um casamento arranjado, em pleno século XXI. Meu pai só podia estar ficando louco! A idade e tantos processos estavam o fazendo ter ideias insanas. E eu sabia que ele não era o único envolvido naquilo, a família da Evangeline também tinha sua parcela de culpa. E eu não queria imaginar o escândalo que ela faria quando descobrisse, ou se já não havia feito.
E o pior era saber que não adiantaria fazer nada, absolutamente nada. Eles não mudariam de opinião, e não adiantaria nós dizermos não na cerimônia, eles dariam um jeito de nos fazer casar. Não estava mais em nossas mãos. Nunca esteve.
Por mais que eu estivesse prestes a ficar preso em um casamento indesejado, não era comigo ou com a Evangeline que eu estava preocupado. Quando a Mare descobrisse ela me mataria, e eu não faria nada para impedir, pois ela teria toda razão. No mínimo ela imaginaria que eu sabia de tudo o tempo todo e que a usei aquele tempo todo. Mal havia dois meses que tínhamos dormido juntos, e eu simplesmente surgiria com a porra de um noivado!
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FanfictionMare Barrow nunca pensou que a sua vida pudesse sofrer uma reviravolta tão grande quanto a que sofreu há três anos. Ela tinha uma vida estável, tanto econômica, quanto emocional, quanto psicológica, quanto matrimonialmente. Tomar a decisão de casar...