Prólogo - a chacina

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Espero que gostem! Boa leitura!

Dois anos atrás 

O som era turvo. Vozes abafadas e agudas eram ouvidas ao longe. Jimin apertou a espada entre as mãos, prendendo a respiração enquanto saia do local em que estava para um outro. 

Mais vozes. 

A cada segundo que aproximava-se, elas passavam a serem identificadas como gritos  angustiantes e dolorosos. 

Ainda não entendia o que estava acontecendo no Palácio dos Nobres. O Rei havia ordenado que todos os guardas reais retornassem para suas casas, e mesmo que não houvesse tido nenhuma explicação plausível, todos obedeceram. 

Menos Jimin. 

Algo parecia errado demais, e ele sabia disso. Por que o Rei deixaria seu reino sem proteção alguma se era um dos mais odiados entre os outros reinos por sua liderança grotesca e ameaçadora? 

Não.

Não era tolo aquele ponto. E foi por isso que naquele momento infiltrava-se nas zonas proibidas do palácio sem permissão. 

Abriu uma das portas com cuidado, amaldiçoando mentalmente todos os deuses pelo ranger dela. Entrou dentro da enorme sala iluminada por velas, assustando-se quando viu finos rastros de sangue no chão. 

Seu coração bateu acelerado, e Jimin precisou levar uma das mãos para conter o cheiro forte que aumentava a cada novo passo silencioso. 

Escondeu-se atrás de um dos pilares quando um líder nobre do reino foi em direção a porta, abrindo-a amplamente. A baixa iluminação salvou-o naquele momento. 

— Traga-os — ouviu o nobre dizer, perguntando-se o que ele queria dizer com aquilo. 

Jimin ainda não havia notado os corpos inertes espalhados pelo soalho límpido do palácio, e seus joelhos tocaram-o enquanto a mão buscava algum apoio no pilar. 

Conhecia algumas faces. Pessoas que mantinham alguma pouca proximidade consigo, estavam ali: mortas. Seus pescoços pareciam perfurados com dois furos fundos, além de que com o pouco que conseguia analisar, as faces estavam mais pálidas, como se todo o sangue houvesse sido recolhido. 

Voltou sua atenção a porta novamente, e de lá surgiram dois nobres sendo segurados a força por servos do palácio. 

Jimin os conhecia bem, afinal, sendo um guarda real, era treinado para defender o reino dos exércitos daqueles dois nobres que agora estavam ajoelhados. 

— Vamos acabar logo com isso. Amanhã quero poder sentir a luz do sol contra a minha pele. A mistura do sangue humano e do sangue real irá trazer o que nós vampiros buscamos a tanto tempo. 

Aquela voz. Era o rei. 

Meio aturdido, Jimin observou alguns líderes do reino se aproximarem dos nobres ajoelhados, e em segundos, o sangue deles jorrava por linhas imaginárias dentro de um enorme cálice prateado. 

A ânsia subiu por sua garganta, e Jimin abandonou a espada no chão enquanto forçava as mãos contra o rosto. Aonde diabos havia se metido!?

 Parece que não funcionou — alguém da sala disse, e Jimin imaginou que fosse a rainha. 

— Acho que precisamos de mais sangue real. Se importa se for o seu? 

Gritos agonizantes foram ouvidos, e Jimin assustou-se ao ver a rainha e o rei mortos, do mesmo modo que os dois nobres haviam sido, seus sangues sendo misturados dentro do cálice prateado. 

Traição. O rei e a rainha haviam sido traídos pelos líderes nobres do reino! 

O cheiro de sangue se intensificou, e o príncipe do palácio entrou na sala naquele momento. Taehyung parecia tão impressionado quanto Jimin, provavelmente por ver os próprios pais mortos no chão. 

Jimin observou Taehyung olhá-lo, e naquele momento culpou-se por tamanha idiotice. Deveria ter ido para casa! Agora seu irmão ficaria sozinho e longe de sua proteção. 

Imaginou que seria morto quando os passos do príncipe aceleraram, e suspirou aliviado quando ele passou por si, sem dizer nada.

Era sua deixa. 

Com o mesmo silêncio que havia entrado, Jimin pegou a espada no chão e saiu do local, tendo certeza de que os gritos agonizantes que saiam da sala já não eram mais de humanos, e sim, dos nobres líderes vampiros que ali restavam. 

Correu o mais depressa que podia para longe dali, batendo na porta de sua casa com força, quase caindo quando ela foi aberta. 

— Hyung, o que aconteceu? — Jeongguk disse com a voz assustada enquanto observava Jimin jogar a espada no chão e correr para a cozinha, vomitando tudo o que podia na pia. — O que diabos aconteceu, Jimin hyung?! 

Não obteve uma resposta, e passou a ficar ainda mais nervoso quando Jimin passou a arrancar o fardamento da guarda real de que tanto gostava, jogando-a fora como se estivesse com nojo. 

— Jimin hyung...

— Não são humanos. Esse tempo todo, eu estive servindo... sanguessugas! — Jimin disse nervoso, passando a mão contra o rosto em desespero. — Havia pessoas mortas lá, Jeongguk. Pessoas que conhecíamos! 

Jeon aproximou-se com calma, tocando no ombro do irmão enquanto puxava-o para um abraço. Não entendia o que ele estava falando, mas aquilo parecia tê-lo afetado. 

Resolveu não perguntar mais sobre o assunto, deixando que Jimin descansasse naquela noite. 

E, mesmo após dois anos, Jimin nunca havia lhe explicado o que queria dizer com tudo aquilo, e nem mesmo voltado para a guarda real do palácio. 

Doce Veneno | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora