7º Capítulo - Cacos no Chão

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          Assim que o elevador chega ao andar, Lara anda pelos corredores até chegar a seu quarto. No caminho, ela fora observando as salas; eram todas numeradas do 205 ao 255 mas, curiosamente, avançavam de 5 em 5. - ...225, 230, 235, 240... – Reparou, também, a decoração na parede. Havia uma árvore enorme, – igual a da recepção. Então ela Julgou haver uma em cada andar – era uma macieira. – de claro, maçãs-verdes – Era como um mapa de cada andar do hospital. – Haviam 5 – O primeiro, que era o térreo – Ficava a Recepção e Pronto-Socorro. Junto com a Lanchonete e a Lojinha. - O segundo ficava a Gerencia, - O Arquivo Médico, Farmácia Central e a Capela do hospital. - O Terceiro, obstetrícia – Atendimento a Mulher, Medicina Fetal e Sala de Parto. - O quarto era oque ela estava, - Sala de Recuperação, Pediatria e Neonatal. - Por fim, mas não menos importante, o quinto. – Psiquiatria, Centro Cirúrgico, Bancos de sangue, órgãos e, um fato curioso para Lara, Banco de olhos.

          Ficou pensando em pares de olhos esbugalhados, dentro de potinhos de vidro. Todos enfileirados em prateleiras a encarando. Pensou, também.

          - Como seria uma boa ideia construir um centro psiquiátrico perto de um local que se realizam cirurgias? Com inúmeros objetos pontudos e cortantes ali presentes.

          De qualquer modo, aquele era um andar que ela preferiria evitar. Mais a frente, havia uma tabela que estava escrito PCRA – Protocolo de Classificação de Risco para Atendimento. – no título.

          - Só faltava à classificação ser em tonalidades de verde – Brincou.

          Para a sua tristeza, não era. Mas começava a partir do verde, – Pouco Urgente – amarelo, – Urgente - laranja, – Muito Urgente - e ia até o vermelho – Emergência. Lara, então, olha para seu pulso direito e encontra amarrada nela uma pulseirinha laranja, - um tanto abatida - que ela não havia reparado antes. Pouco depois, pensa.

          - De fato, é "Muito Urgente" que eu chegue até meu quarto. – Riu e então apreçou o passo.

          Mas Lara não fora capaz de deixar de parar ao ver a janela da Neonatal. Aquele monte de recém-nascidos lindinhos, cheios de inocência e com uma vida inteira pela frente, – Alegrias, tristezas, conquistas, amores, perdas. – tudo de bom e ruim que a vida reservara.

          Lara estava com o rosto tão pressionado contra o vidro, que quando respirava ele se embaçava todo. Por um instante, cogitou se haveria a possibilidade do vidro se quebrar, então, logo se afasta. Preocupando-se, também, em não acordar os bebês. Mas eles pareciam não se preocupar muito com a presença dela ali, pois cochilavam tranquilamente dentro de caixinhas de vidro que a fizeram lembrar-se do conto "A Branca de Neve" e a começar a dançar pelos corredores, como uma princesa com seu vestido florido – dado por seu príncipe encantado, Nickolas William. Ela nunca havia se sentido tão feliz e apaixonada na vida, como naquele momento.

          Ao entrar em seu quarto, Lara lança-se sobre a cama e percebe que haviam trazido seu almoço.

          - Toc Toc, Serviço de quarto? – Brinca sua avó, que entrara.

          Era escalope ao molho madeira com purê de abobora, Creme de queijo, Salada grega e - para acompanhar - chá gelado. Ela comia enquanto sua avó sentara na poltrona verde do quarto e dizia.

          - Querida, você nos deu um susto enorme ontem. Graças a Jesus Cristo você está bem, - Ela era uma pessoa muito religiosa – estávamos todos preocupados. Quando você desapareceu hoje cedo, seu avô e Marco ficaram horas na rua, procurando por você.

          - Desculpa vozinha, sinto se chateei a senhora. Não vai mais acontecer. – Lara diz - Mas posso-lhe assegurar de que estava segura e sendo bem cuidada.

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