Como a Morte d'ela me mudou

DEPRESSÃO II

   Eu já não fazia planos e meus sonhos de repente se tornaram perca de tempo; Coisa de criança já que nunca iriam se realizar.
   Minha irmã havia sonhado tanto. Ela era cheia de sonhos e planos para uma vida longa e empolgante. Coitada isso se a vida não fosse tirada tão cedo. Quem merecia morrer planejando casamento aos dezenove anos cheia de saúde? E por algo tão absurdo como um acidente?

   Era tão injusto.

Tantos planos e sonhos destruídos. Total perca de tempo. Eu não ia repetir os erros dela.
Não ia perder meu tempo planejando nada para um futuro incerto que de uma hora pra outra podia me ser roubado.
Nada de expectativas.
Chega de sonhos.
Chega de acreditar que no fim tudo daria certo.
Porque isso era uma mentira.
Quando o fim chegava tudo dava errado .
Isso era um fato.

 
   Eu perdi toda a esperança.
   Eu perdi completamente o rumo ,a direção ; minha essência.
   Me lembro de dormir sem orar e quando vinha algum pensamento de cobrança na minha mente como o de que ignorar a existência de Deus que até então sempre fora a base da minha vida era um erro eu simplesmente silenciava. Lembrava da minha irmã morta e pensava. É o que Ele merece. se Ele esqueceu de mim nada mais justo que me esquecer dele.

    Quando eu fechava os olhos eu pensava:
" vou dormir e quando acordar tudo isso será um longo e terrível pesadelo".
   Nos primeiros meses até parecia mesmo que isso podia acontecer mas quando os meses se tornaram um ano .... E assim por diante eu já perdia as esperanças de que eu pudesse realmente acordar daquela realidade cruel que se tornou minha existência.

      Eu não comia direito não saía de casa, não dormia; até porque dormir também não me ajudava. Eu sonhava diariamente com a Yara e ela sempre estava bem, tão bonita e cheia de vida ; mas aí eu acordava e voltava a chorar porquê ela tinha ido embora. A maldita da morte a roubou de nós.
E ela era tão desgraçada que tinha levado a pessoa errada. Já que Yara era a beleza da vida e eu ali implorando pela morte.
Que irônia.