Falsa Liberdade

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   Eu enfim era livre como nunca tinha sido.
   Parecia que tinha ganhado asas e não usá-las estava fora d questão.
Eu não poderia ficar presa à mais nada. Nem a familiares ,nem religião ,nem amigos que só me criticavam e cobravam de mim atitudes de uma Norma que eu havia enterrado com minha irmã. Eu não seria mais aquela. Não adiantava ninguém esperar mais nada de mim. Eu estava cansada demais de viver para os outros agora eu iria viver só pra mim.


(Incrível como o tal amor próprio faz de você uma pessoa tão egocêntrica).


   Como não podia arrumar outra família eu troquei minha lista de amigos. Pra quê eu ia querer por perto pessoas que viviam querendo enfiar na minha cabeça q eu estava errada ,que ia sofrer as consequências pelas minhas escolhas por deixar Deus de lado ?
Não mesmo ! Essa era uma vida nova eu ia arrumar amigos novos que aceitariam a nova Norma.
Foi tão fácil, bebida de graça convites para uma social, música alta e minha casa estava cheia de gente.


Que alegria. Depois de tanto tempo sem dormir com o efeito da bebida eu apagava. Nada de sonhos horríveis nem as revelações que me faziam acordar para orar pelas pessoas e jejuar por dias... Nada de cobranças , nada de dons, nada de Deus... E acreditem se quiser pra mim estava ótimo. Perfeito aliás.


   Os dias se passaram. Eu abandonei a igreja de vez. E ficar um final de semana sem ter qualquer farra pra mim era um tédio. Não tinha dinheiro para viajar e viver bem mas não faltava o da cerveja e das roupas para balada cada dia mais curtas e extravagantes em contrastes com os acessórios cada dia maiores e chamativos. Eu era ousada e chamava atenção. Elogios e cantadas se tornaram tão comuns. Me achavam bonita e eu me sentia bonita. Minha vaidade alcançou os altos picos do Everest.
A mulher simples e discreta que fui no passado simplesmente parecia não ser eu. Essa nova mulher escandalosa e vulgar me definia muito melhor. Como fazia bem para o ego centenas de seguidores nas redes sociais; milhares de fãs, o assédio...


   Eu era estupida e irônica.


Machucava as pessoas a troco de nada e da maneira que mais dói.
Com palavras amargas , com acusações, com verdades e segredos a muito esquecidos por todos mas não pra mim. Eu desenterrava os esqueletos de todos para esfregar na cara de cada um que tentava me manipular ou me abrir os olhos para a verdade...
"Quem é você pra falar de mim? Ah não seja hipócrita ...você lembra de como você era? Lembra tudo que você fez? Eu lembro..."

   Manobra tão usada por quem está cego. Apontar o erro do próximo para esconder os próprios. E no fim das contas se torna o mais falso e o mais hipócrita de todos.

    Triste.

  

Como a Morte d'ela me mudouOnde histórias criam vida. Descubra agora