Brian May era um típico estudante de astrologia, muito focado e determinado, mas sua vida acaba virando de cabeça para baixo quando ele conhece o dono dos olhos azuis mais bonitos da sua universidade.
Como o combinado eu estava a sua espera, após o almoço agradável passei o número do meu quarto e a localização dele na faculdade, assim que cheguei tratei de tentar arrumar algumas coisas, eu não podia receber ele nessa zona que estava, o problema é que tenho coisas demais e pouco espaço, então mesmo arrumado ainda parecia um caos, então me dei por vencido e decidi tomar um banho para esperá-lo, só assim eu relaxava um pouco.
Logo que deu onze horas, alguém bateu na porta, sim o horário que marcamos era um pouco tarde, mas precisávamos de uma hora em que não tivesse tantas pessoas no corredor, mesmo que quase ninguém respeite essa regra, alunos de outros cursos não podem ficar perambulando por corredores que não são de sua respectiva graduação em determinados horários, principalmente durante a noite, então resolvemos nos encontrar um pouco mais tarde, para evitar confusão.
Quando abri a porta encontrei aquele par de olhos azuis, ele estava sorridente como sempre, nos cumprimentamos com um abraço e acenos silenciosos para evitar chamar atenção, assim que ele entrou varreu o olhar pelo ambiente, parecia estudar o local.
- Nossa quantos livros - Exclamou surpreso após ver algumas pilhas ao lado da cama.
- Sou um pouco viciado em astrologia - Admiti.
- Percebi, onde está seu colega de quarto? - Questionou ao ver a cama ocupada por mais livros.
- Eu não tenho faz um tempo, acho que ninguém quer dividir o quarto comigo – Ri fraco.
- Pelo menos tem o quarto só pra você e mais privacidade, às vezes eu gostaria de ter um pouco de silêncio, e também já perdi a conta de quantas vezes vi coisas que eu não queria toda vez que chegava no meu quarto sem avisar - Disse me fazendo rir da sua expressão de desgosto.
- Pensando por esse lado acho melhor estar sozinho então.
- Por falar em Freddie, ele disse que você pode aparecer no nosso dormitório mais vezes.
- Sério? Achei que vocês tinham uma política de sem homens seminus por lá.
- E tínhamos, mas ele gostou de você, e também tem o fato de que ele também está liberado agora, eu criei essa regra por causa do idiota do Paul, mas ontem tivemos uma conversa sensata sobre ele e o Freddie resolveu que ia terminar - Falou feliz.
- Esse cara não parece ser boa pessoa pelo modo como fala dele.
- E não é, uma cobra criada isso sim, mas não vim aqui pra falar dele, estou ansioso para ver suas invenções.
- Ah sim claro - Proferi me dirigindo para um armário pequeno, retirando de lá um aparelho médio um pouco bagunçado por fios e remendos caseiros, pude sentir o olhar do Roger enquanto eu montava tudo, e aquilo estava me deixando tímido, não estou acostumado a ser o centro das atenções de alguém, mas tentei fingir que não estava percebendo e continuei a arrumar a máquina.
- Pronto – Anunciei. Me encaminhei para o outro lado, apagando as luzes para que o efeito desse certo - Deita no chão para ver melhor, finge que esse piso horrível é um gramado charmoso –
Ele riu graciosamente e seguiu minhas instruções deitando sobre o chão, me dirigi para perto do mesmo e deitei ao seu lado.
- Feche os olhos - Pedi e mesmo sem vê-lo pelo escuro imaginei que ele tinha feito, liguei o aparelho e estrelas foram projetadas no teto, brilhosas e reluzentes
- Pode abrir - Agora na meia luz pelo reflexo da iluminação pude ver melhor seu rosto, ele abriu os olhos e passou a encará-las, um sorriso brotou em seus lábios e pude jurar que de todos que eu já vi esse era o mais lindo deles, pequenas estrelas eram projetadas em sua íris clara, e naquele momento eu descobri que aquele era meu jeito preferido de observá-las.
- Isso é lindo Bri - Disse baixinho, só pude ouvir por estar tão perto de si - É uma criação incrível.
- Achei que só eu pensava isso - Confessei.
- Qualquer um que disser o contrário está definitivamente errado. Você tem alguma preferida? - Indagou me deixando confuso.
- Alguma o que? – Perguntei.
- Uma estrela preferida - Explicou.
- Tenho várias, mas há uma que eu tenho gostado mais que as outras.
- E qual seria? - Perguntou curioso.
- Ela se chama Rigel, ela fica cerca de 800 anos-luz da Terra, é na realidade um sistema de 3 estrelas, em que duas das estrelas são bem menores e menos brilhantes que o seu elemento principal e...- Virei para o lado e ele estava me encarando atentamente.
- E-Eu acho que falei demais, as vezes eu não me controlo quando o assunto é astrologia - Falei envergonhado.
- Continue sua fala, eu estava gostando - Sorriu sem desviar o olhar do meu.
- Um fato é que elas são diferenciadas das outras estrelas por ter uma coloração azul cintilante, é um tom realmente lindo...Se assemelha a cor dos seus olhos - Declarei sabendo que não teria mais como retirar minha fala, mas naquele momento um surto de coragem surgiu. Contudo, seu silêncio me deixou nervoso, não sabia o que ele estava pensando ou se eu tinha feito algo errado em falar tal coisa.
- Você sempre me surpreende com seus dizeres Doutor May - Proclamou após alguns minutos em silêncio.
Senti dedos percorrendo minha face e cautelosamente virando-a até eu está cara a cara com ele novamente, sua palma permaneceu no meu rosto fazendo um carinho singelo, ele se aproximou mais um pouco e estávamos tão próximos que eu podia sentir sua respiração sobre o meu rosto, me aproximei até estar com os lábios roçando nos seus em um pedido tímido de permissão, e em segundos ele pousou sobre minha boca, senti a textura do seu beiço aveludado e macio, me causando êxtase, ousei em percorrer minha mão entre seus cabelos igualmente macios e sedosos acabando por aprofundar o contato, não muito tempo depois partimos para um beijo intenso.
E foi assim diante de um céu estrelado artificial, sobre um chão frio, cercado por livros velhos, que pela primeira vez beijei Roger Taylor.
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