A ideia de Freddie sobre fugir a noite era tentadora não dava pra negar, mas algo me dizia que não seria muito segura, Brian podia ser pego fugindo, e isso acarretaria em uma suspensão imediata, ou seja, prejudicaria sua participação no concurso e tudo que eu menos queria era ser o motivo da sua eliminação. Após tudo isso passar seria uma ideia a ser reavaliada, e talvez executada.
Por essa razão tive uma sugestão diferente, pensei em algo novo e que ajudasse ele a evitar o nervosismo, então usei o edifício velho ao qual fazíamos uso regular do seu terraço para esse plano, acordei bem mais cedo que os demais dias, e comecei os trabalhos por lá, não demorou muito e logo tudo estava arrumado, olhei orgulhoso para o meu trabalho, agora só faltava a segunda parte do plano.
Na hora do intervalo do almoço raptei Brian, sem deixá-lo argumentar contra, saí empurrando-o por todo o corredor até chegar ao tão conhecido edifício, que permanecia destruído parcialmente por fora.
- Vai Bri confia em mim, por favor - Pedi manhoso e ele suspirou pesadamente.
- Quer mesmo que eu suba aquelas escadas de olhos vendados? Nunca Rog - Não deu o braço a torcer.
- Eu já disse que vou te segurar, não seja dramático, prometo que não te deixarei cair - Estendi o pequeno pedaço de pano e ele revirou os olhos.
- Você ainda vai me matar Roger Taylor - Deu-se por vencido e eu me apressei para colocar a venda sobre seus olhos.
O caminho foi um pouco complicado, confesso que não calculei bem o trajeto, e deveria ter escolhido uma sala no térreo ao invés de uma no terceiro andar, contudo acabou bem, quase o derrubei em alguns momentos mas nada que um empurrão não resolva, e por ele ser mais alto dificultou meu trabalho de guiar seus passos pelos degraus, mas no fim das contas chegamos vivos.
- Pronto, estamos em território seguro - Avisei ouvindo um suspiro aliviado.
- Posso tirar isso? - Apontou para a venda.
- Pode sim Bri - Ele rapidamente puxou o pano dando de cara com uma sala vazia, eu havia coberto ela com lonas brancas, e tirado todo o mobiliário que estava jogado ali, sua expressão era confusa.
- O que exatamente vamos fazer aqui? - Indagou sem entender nada.
- Bem, sei que em dois dias estará passando por um momento bem decisivo, então resolvi te dar um momento para liberar essa tensão, e não há nada melhor do que fazer bagunça para tirar o estresse, não acha? - Caminhei até uns baldes de tinta aberto no chão, apontando com a cabeça, fazendo-o entender o real motivo para estarmos ali.
- Quando planejou tudo isso? - Sorriu graciosamente.
- Hoje de manhã, acho que ninguém irá se importa de usarmos esse local para isso, é nosso afinal - Agachei próximo ao recipiente passando os dedos pela tinta azul, me aproximei inocentemente dele, enquanto seus olhos examinavam minhas ações, sem pedir permissão passei um pouco da tinta no contorno do seu nariz, fazendo-o rir.
- Não acredito que fez isso Rog - Espalhei um pouco mais dessa vez em uma de suas bochechas.
- Já falei que amo o formato do seu rosto? É realmente lindo - Ele retirou minha mão, melando a sua, pegou um pouco de tinta fresca da face recém pintada e passou na ponta do meu nariz rindo como uma criança feliz com um novo brinquedo.
- Eu também amo o seu, principalmente o formato do seu nariz, é fofo - Confessou me fazendo rir bobo, mas eu não estava ali apenas para ter um momento romântico, por isso após um selinho demorado me afastei sorrindo maldoso, pegando um dos baldes de outra cor, dessa vez melando a mão inteira com uma tonalidade verde, passando sem pena em sua blusa branca bem alinhada e passada, realizando um desejo secreto de bagunçar aquelas vestes sempre tão bem colocadas, ele pareceu perceber meu êxtase, pois não recuou, se entregou a toda aquela sujeira de cores, e passou a fazer o mesmo, melando não só a mim, começamos a pintar as paredes cobertas, vezes pintando coisas aleatórias ou só melando por diversão.
Junto a toda aquela aquarela de cores, estávamos nos beijando, inconscientemente misturando as cores dos nossos corpos, quase como se estivéssemos pintando um ao outro, era um dos momentos mais descontraídos e livres de toda a minha vida, me sentia intocável naquele lugar, como se nada pudesse nos ferir ou afetar, e eu sei que ele sentia o mesmo, pois ele demonstrava estar alegre como nunca, seu brilho nos olhos não o deixava mentir, e aquela era a versão que eu mais amava do Brian May, quando ele era apenas ele mesmo sem fazer qualquer esforço.
Conforme a tinta não encontrava mais espaço em nossas roupas, passei a tirar peça por peça, meio sem perceber já estávamos quase seminus, e o clima já não era o mesmo, estava mais intenso, e a tinta agora tinha como alvo nosso próprio corpo, ousei em usá-la como desculpa apenas para contornar os traços de Brian, e ele repetia minhas ações, nos encontramos em um beijo profundo e vibrante, e aos poucos eu ia me fundindo ao seu corpo, era uma mistura insana de toques e cores.
Brian pousou sobre mim, e a pressão do seu peso em cima do meu corpo estava me tirando dos eixos, tudo estava alucinante, e só existia uma peça de pano que impedia um contato direto, seus beijos estavam mais ousados, e eu podia sentir que ele estava indo pelo mesmo caminho que eu, não tínhamos mais controle.
- Não sei o que fazer Rog - Admitiu sem cessar o contato.
- Apenas continue - Pedi com a voz entrecortada pela respiração falha, ele acatou voltando a atacar meus lábios, agora inchados pelo excesso de sucções e beijos.
Eu tinha plena certeza de que Brian ficaria meio perdido, e não é culpa dele e muito menos um defeito, pra ser sincero eu aprecio sua ingenuidade pra certas coisas, mesmo que seus instintos provém o contrário, só queria que aquilo fosse especial para ele, então não paramos.
Aquela tarde estava apenas começando...
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science and ci̾garettes
Storie d'amoreBrian May era um típico estudante de astrologia, muito focado e determinado, mas sua vida acaba virando de cabeça para baixo quando ele conhece o dono dos olhos azuis mais bonitos da sua universidade.