Capítulo 10

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Lauren encarava as portas do escritório do pai. Apoiando o ombro na parede, os olhos castanhos metralharam a porta a alguns metros mais a frente. "Nunca, em hipótese alguma, entre no meu escritório, entendeu Lauren?" lembrava-se de quando era pequena, quando foi brincar de advogada no escritório, as palavras duras do pai a fizeram sair da sala correndo direto para o quarto. "Filha, não entre em meu escritório sem ser chamada, tudo bem? É um local de trabalho, não quero vê-la lendo documentos da policia." Durante toda a vida havia sido proibida de entrar ali, mas por quê?

Lauren bufou e olhou para trás, o pai havia saído há exatos quinze minutos e mesmo assim queria certificar-se de que estava realmente sozinha. Tomou coragem e seguiu em direção a porta. Sua mão tocou a maçaneta dourada, encostou a outra mão na madeira da porta para empurrá-la, e girou a mesma para poder entrar.

-Droga!- trancada. A porta estava trancada.

Lauren virou os calcanhares e seguiu para o quarto, no andar superior, não acreditando na falta de sorte que tinha. Raios. Jogou-se na cama e encarou o teto branco do quarto, precisava descobrir mais sobre o pai; descobrir que tipos de trabalho ele tinha além de ser delegado, descobrir se ele realmente era um homem corrupto. Havia duas pessoas na cidade em que poderia confiar para conversar e para arrancar algumas verdades: Dina e Hillary.

Lauren saiu do carro e atravessou a rua assim que viu que não havia nenhum carro passando. O letreiro neon em meio a diversas toras de madeira dizia: "Dina's coffee". O lugar conseguia passar uma sensação reconfortante a Lauren, era algo familiar. Empurrou a porta de vidro, ouvindo o sininho tilintar alto, e sorriu ao ver a mulher atrás do balcão.

-Achei que tinha se esquecido de mim, bonequinha- A voz da mulher de pele escura a fez dar risada. Uma bronca mais para brincadeirinha.

-Nunca me esqueceria de você, Dina, e preciso conversar com você também. Queria cinco minutinhos da sua atenção, pode? – Implorou, juntando as mãos na bancada de madeira, sorridente. – Em particular. - sussurrou as últimas palavras, para que os ouvidos curiosos não captacem o assunto.

-Sente-se lá no fundo, Lauri, o de sempre?- A menina assentiu, se desencostando do balcão. –Já, já, estou lá.

Lauren caminhou para o mesmo lugar de sempre: A mesa que ficava no meio da vidraça. Era reconfortante tomar seu café enquanto olhava a movimentação do lado de fora. Tirou o casaco, pondo no banco de couro ao seu lado e ficou batendo levemente com as unhas na mesa. O celular tilitou alto no momento em que uma mensagem chegou, as mãos delicadas adentraram um dos bolsos do casaco mostarda para pegar o aparelho.

Harry: O que acha de vir aqui depois do seu café?

Lauren arregalou levemente os olhos, assustada por estar sendo observada. Olhou para o lado, procurando por Harry e não o encontrando.

Lauren: Como sabe que estou tomando café?!

Harry: Estive ai por perto, vi você entrando na cafeteria quando passei de carro, só peguei o celular agora amor. Vai vir aqui?

Lauren: Mais tarde. Beijos

- Aqui querida- Dina colocou sobre a mesa um prato de panquecas e um tubinho maravilhoso com cobertura de chocolate e morango caseira que só ela sabia fazer. – O que quer conversar comigo?- Dina se aconchegou no sofá vinho de couro bem a frente da garota e cruzou os braços em cima da mesa enquanto aguardava a conversa.

-Essa conversa fica só entre nós, tudo bem?- Dina assentiu. – Eu tenho notado um comportamento estranho do meu pai Dina, ele anda tão amigo do prefeito Collins, ontem ele saiu no meio da noite para encontrá-lo, estava sussurrando no telefone para que eu não ouvisse, mas eu estava acordada na cozinha. Estou achando estranho. Algumas pessoas andam questionando sobre o caráter do prefeito, ver meu pai tão envolvido assim com ele me assusta.

Inimigos - H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora