Tudo acaba bem quando começa da maneira errada.

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Depois do término das aulas fui para a minha casa me organizar. Era um pouco complicado preparar um material para outro aluno estudar e de quebra eu ter que ensinar alguma coisa.

— Conseguiu ser aprovado na matéria? — Mamãe entrou em meu quarto.

Como sempre dona Ruth usava seu vestido caseiro longo estampado com diversas flores, sua sandália e uma pulseira de conchas que ela havia ganhado no verão passado.

— Não, mãe. — Suspirei. — Mas o diretor está providenciando uma ajuda.

— Entendo. — Ela sorriu. — As contas esse mês vieram mais caras. — Mamãe fez uma longa pausa tentando não demonstrar tristeza. — Eu não sei se poderei te mandar para uma boa faculdade...

Mamãe fez uma poupança no banco para juntar dinheiro, mas como o emprego não facilitava e uma vez ou outra ela precisava pegar dinheiro acabava não sobrando muito.

— Tudo bem. — Sorri. — Eu posso esperar e nesse meio tempo arranjo um trabalho para juntar dinheiro também.

— Eu gostaria que fosse diferente, mas como não é... — Mamãe saiu do quarto tentando disfarçar sua frustração, eu apenas desviei minha mente com a matéria que iria lecionar hoje.

Pensei em começar com coisas simples e depois ir desenvolvendo com ele, poderia começar com regras e depois partir para a parte prática do assunto.
Observei o papel que Jonah me entregou com seu endereço, por uma razão que não sei explicar acabei segurando papel por tempo demais me lembrando de seu sorriso, depois me lembrei da cena na sala do diretor onde alguma coisa dentro de mim começou a mudar, eu não sabia o que era, era algo... Indomável, como se meu corpo entrasse em uma onda de choque e eu não sabia o motivo.

Saí de meu transe com o meu celular vibrando, um número que eu não tinha feito questão de salvar estava chamando.

— Eu. — Falei enquanto colocava o celular no viva-voz.

— É o Jonah, só te liguei para confirmar mesmo...

— Ah, sim... — Voltei a organizar o material.

— E você vem? — Jonah perguntou.

— Eu tenho outra escolha? — Dei uma leve risada.

— Você pode reprovar em educação física.

— Hum... Pensando bem não é tão ruim assim. — Peguei umas folhas de uns exercícios antigos e coloquei-os na pasta.

— Quanto ao que eu te falei mais cedo se você não estiver disponível eu entendo...

Sua voz parecia um pouco embargada, tentei não me distrair quanto a isso e peguei mais duas folhas.

— Não é isso. — Observei o conteúdo de um papel decidindo se levaria ou não. — Eu estarei aí em trinta minutos.

Ele falou mais alguma coisa, mas desliguei o telefone. Não queria me distrair e acabar levando conteúdo inútil.

Precisei ir em dois ônibus até o seu bairro, era um bairro classe alta onde eu nunca imaginaria estar. Casas luxuosas com carros que valiam mais que minha casa em garagens ao céu aberto, crianças correndo por quintais cobertos de grama se divertindo com pistolas de água, andei mais a frente até uma casa de dois andares em um estilo moderno, conferi o número e toquei o interfone.

— Boa tarde, gostaria de falar com o... Ahn, eu esqueci o nome dele...

— Pode subir, Tyler. — Escutei a risada de Jonah.

A porta se destrancou e eu subi a escada, no topo Jonah me esperava com uma camisa mais larga e um short de futebol.

— Você gostaria de um suco, água ou algo assim? — Ele falou.

You belong with... Me?Onde histórias criam vida. Descubra agora