Ei, tu

493 38 3
                                    


*Ana Clara*

Estava olhando a janela e pensando em como as coisas são loucas nessa vida, eu vi Vitória pelos corredores de nossa escola todos os dias por anos e nunca achei nada porque ela era um ano mais nova, que besteira a minha. Meus pensamentos foram interrompidos por Dan e parecia que ele tinha adivinhado por onde minha mente andava.

- Ô Ana, cê foi conseguir a mulher pra mim ou pra tu? – ele deu uma risada longa.

Comecei a rir.

- Para de dizer besteira que Letícia chega daqui a algumas horas, e eu só fiz uma nova amiga. – Disse como quem não estava brincando sobre esse tema.

O silêncio se colocou no espaço como se o assunto fosse mais sério do que era. Mas agora que o Dan tinha começado a falar nisso, eu também poderia, né?

- Dan, tu nunca tinha falado com a Vitória também?

- Não. Mas lembro dela ser desengonçadinha. Desabrochou, né? – Ele me respondeu com um tom quase malicioso.

- Desabrochou que nem girassol, né? Chegou clareando e sendo gigante. Que menina encantadora, sorridente, inteligente e fofa. – Disse com toda a sinceridade que tinha em mim.

- Ih, Ana Clara, tô começando a achar que tu foi é se engraçar com a Vitória. – Dan disse em tom novamente brincalhão.

O belisquei em resposta e mudei de assunto começando a falar de sua família e fazendo milhões de perguntas sobre o que o Dan tinha vivido enquanto eu vivia a faculdade de medicina no último semestre lá em Minas. Chegamos logo em minha casa e, ao descer do carro, me despedi de meu amigo e entrei rápido. Estava exausta e precisava dormir, pois teria que acordar cedo para ajeitar as coisas e ter tempo de buscar a Letícia no aeroporto.

Quando saí do banho, dei uma olhada no celular. Mensagem de boa noite da Lê, nada muito novo a não ser aquela solicitaçãozinha de amizade no facebook e no Insta. Vitória já havia me adicionado em tudo que achou.

- QUE RÁPIDA! – Falei sozinha e surpresa.

Aceitei as solicitações e fui deitar que cansaço não faltava. Mas não consegui dormir tão rápido, fiquei pensando naquela menina toda sem jeito, falando a beça e na conexão inexplicável que senti com ela. Quando ela falava daquele jeitinho calmo e sorria em seguida, parecia que eu poderia ler cada pedacinho dela, do seu ser e pensar. Muito louco!

Acordei confusa e atrasada, mal percebi que peguei no sono pensando no achado que foi encontrar a Vitória daquele jeitinho simples. Fui enfim tomar banho e café, ajeitar o quarto, colocar as coisas em ordem para enfim, pedir um Uber e ir até o aeroporto. Cheguei ao aeroporto e descobri que o vôo da bonita havia atrasado.

Acabei me sentando em um daqueles bancos de aeroporto, bem em frente ao painel com os desembarques e fiquei mexendo nas redes sociais, fui stalkear minha recém adicionada Vitória Falcão, eu precisava saber mais daquela menina. Remexendo no Instagram de Vitória achei um vídeo lindo dela cantando. Fiquei hipnotizada por alguns minutos revendo um vídeo de cerca de 40 segundos. Não é possível que essa lindeza ainda carregue essa voz! Só pode ser cilada do destino.

Estava perdida em pensamentos com aquele vídeo rodando sem parar em meus ouvidos quando sinto mãos em meus olhos. O cheiro de Letícia me invadiu de pronto e minha respiração desregulou, um sorriso invadiu meus lábios. Se tem uma coisa que Letícia sabia fazer, era me fazer sorrir. Segurei aquelas mãozinhas cheirosas e disse já rindo feito boba:

- Chegou o amor da minha vida inteira.

Letícia se despencou em sorrisos e em beijinhos que distribuía em mim, enquanto eu tentava me virar para abraçá-la. A Lê mora no Rio, eu moro em Minas, mas Letícia é minha e eu sou inteiramente dela.

Marte e GirassóisOnde histórias criam vida. Descubra agora