Hey prof... hey baby...

Capítulo 17

🅙🅘🅜🅘🅝 🅞🅝

Paixão, amor ou qualquer sentimento como esses dois, causam efeitos imensos nos portadores deles. Como sorrisos bobos, uma vontade louca de ficar com a pessoa por quem está apaixonada, a sensação de posse sobre a outra pessoa - o que as vezes não é lá muito saudável para um relacionamento - e cegueira, além de muitos outros 

A pessoa apaixonada não consegue ver tudo o que está a sua frente. Ela vê o melhor do ser por quem está apaixonada, já os defeitos ficam muito bem camuflados pela vontade de beijar o outro. Mas quem pode julgar? É só um dos efeitos colaterais desse doce e prazeroso - pelo menos é para ser assim na teoria. Sabemos que não é bem assim na prática - sentimento que pode ser confundida com uma linda doença. Por mais estranho que possa parecer

Às vezes os pequenos defeitos, não muito importantes, passem despercebidos. Mas não importa muito. Mas quando é uma coisa grave tipo...traição. Ai o buraco é mais embaixo. E ainda assim a cegueira da paixão ou amor ou enfim, não permite que ela seja notada nos pequenos modos de agir do parceiro como a infrequência do sexo que antes faziam todas as noites, ou a preferência do trabalho ao em vez do carinho antes dado e recebido sempre. Essas são coisas que são desforçadas por causa do amor

É claro que as vezes esse efeito não "funciona" muito bem. As vezes é notório e no final o casal acaba optando por separação. As vezes, mesmo estando na cara que aquele relacionamento não está dando mais certo, um dos parceiros finge que está tudo como era no começo, acha mais fácil fingir demência àquilo que está acontecendo do que tomar uma providência e seguir um rumo diferente sem traições. É compreensível. Mudança assusta. Termino assusta. Ficar sozinho assusta

Mas o que você deve fazer quando você mesmo testemunha um caso de cegueira? Quando você sabe o que aquela pessoa faz quando, ao em vez de estar em casa como havia prometido, está num bar qualquer beijando outro que não é seu parceiro? Ninguém explica o que você deve fazer em casos como esse. Ninguém diz se você deve abrir o jogo com a pessoa traída

Então a pergunta que eu me fazia no momento em que vi a cena que definitivamente acabou com o meu dia era "devo contar pra minha mãe?"
Eu devo contar que vi o namorado dela,
Praticamente marido, beijando outra mulher. E não pareceria estar fazendo o mínimo de esforço para afastá-la, as mãos apertando a cintura dela me confirmaram isso. Nem me passou pela cabeça se eu deveria contar ao meu professor de biologia que era a mulher dele que tinha sua cintura apertada pelo meu padrasto. Acho que eu não devia me meter no relacionamento dos dois. Mas com a minha mãe...era a minha mãe. O mínimo que eu podia fazer era ser sincero, ela merecia. Quanto a Jungkook e sua esposa, contar não parecia a coisa certa mas também não contar parecia errado. Eu não tinha que me meter no casamento deles mas infelizmente esconder coisas graves assim das pessoas não era o meu forte. Mentirinhas eu considerava, particularmente, fácil de contar e fazer com que acreditassem mas esconder que vi a mulher de Jeon Jungkook aos beijos com o namorado da minha mãe, isso eu não sei se consigo. Com base em experiências anteriores, não

Quando das mãos do meu, por enquanto, padrasto se tornam bobas e vai em direção a bunda da mulher com quem não deveria estar, meu corpo responde com vontade de ir embora mas parece que o comando que meu cérebro mandou às minhas pernas por meio dos impulsos nervosos, que deveriam chegar até elas para que eu pudesse andar pra fora dali, não chegaram e eu permanecia em choque parado no mesmo lugar. Logo eu estava sozinho no corredor, já que Sam, meu padrasto, havia envolvido as pernas de Any envolta de si e a levado para uma sala vazia daquele corredor, sem nem mesmo notar minha presença ali
Foi aí que minhas pernas finalmente conseguiram me tirar dali

Quando cheguei na sala para a última aula, o professor já estava dando sua aula sobre o que define um grupo social, já que a aula era de sociologia. Assim que me sentei na frente de Yumi, pude ouvir uma pergunta vinda dela "o que aconteceu?" Era a pergunta que eu menos queira ouvir naquele momento

Eu: nada, eu só não suporto a aula de sociologia

E não suportava. Era fato. Mas não sei se servia de desculpa para a minha cara confusa misturada com choque e com uma pitada de decepção. Algumas gotas de dúvida e medo também se juntavam na receita para a minha expressão facial. Mas acho que aí era visível minha confusão mesmo

Hoseok: demorou no banheiro. O que houve?

Eu deveria dizer "nada" ou dizer que o garoto chato do 8º ano me parou de novo pra perguntar se eu aceitava sair com ele
O garoto parecia ser uma boa opção

Eu: o garoto cola de novo

Ele recebeu esse apelido quando os amigos pregaram uma peça nele. Colocaram um balde enorme cheio de cola em cima da porta da sala, assim que o coitado entrou a surpresa veio. Eu desconfio de que ele mesmo teve essa ideia só para chamar a atenção do pessoal do médio. Eles gostavam de ouvir o nome deles na boca dos alunos do primeiro, segundo e terceiro ano

Yumi: ah esse garoto é insuportável

Somin: qual é? Ele é só um garotinho

Taehyung: você sabe que é a única que gosta dele né

Somin: bom, ele praticamente frequenta minha casa e eu acabo brincando com ele e com meu irmão

Eles continuaram conversando enquanto eu comemorava internamente por ter desviado o foco da conversa de mim. Falar sobre a cena que eu acabei de ver estava fora de questão, essa informação eu manteria bem guardada até que eu ache necessário revelá-la às pessoas certas. Minha mãe e Jungkook ou talvez eu nunca nem fale com ele, de novo, eu não acho que eu deva me meter, mas como eu faço pra esconder do cara que eu estou a fim e que é casado com uma mulher perfeita - pelo menos era o que ela mostrava ser pra todo mundo - que essa mesma mulher o trai?

Falando nele, advinha quem apareceu na sala

Jungkook: com licença, professor. Posso falar com você um minuto

Assim que ele entrou as vozes das meninas "cochichando" um tanto alto para ser cochicho mas, pelo menos, era a intenção, foram ouvidas. Haviam coisas como "como é gato" ou "eu queria estar no lugar da esposa dele". Eu aposto que pelo menos algumas dessas garotas se esforçariam ao máximo pra serem as melhores esposas pra ele, sabem o que perderiam se não fossem. Any, provavelmente, não pensava assim

Era possível ouvir até mesmo as vozes dos meninos. Os gays falavam a mesma coisa que as meninas e os heteros reclamavam por "suas garotas" estarem agindo como se bastasse esse homem piscar pra elas que os eles ficariam sem suas namoradas e sim, ficariam

Por um mísero segundo os olhos dele encontram o meu. E foi aí que eu lembrei. Por que eu estou julgando Sam e Any pelo o que eu vi? Eu fiz praticamente o mesmo. Beijei um homem casado. Jungkook traiu sua esposa comigo. Eu não tinha parado pra pensar no que havia feito. Eu não me senti mal em nenhum momento pois eu só conseguia pensar que beijei o cara que eu gosto, não tinha pensado que beijei o cara que eu gosto e que é casado. E foi aí eu desviei meu olhar pra qualquer lugar que não fosse Jungkook ou eu ia lembrar que sou um desgraçado do pinto de vista de Any. Bem...seria se ela soubesse o que aconteceu naquela casa
Agora eu percebo. Eu não posso julgar Any, eu beijei o marido dela
Eu não posso julgar o Sam, eu fiz um homem casado trair a mulher
Eu não posso julgar o Jungkook: eu o beijei, eu permiti que acontecesse e eu queria, queira muito
E me senti mais culpado ainda por querer mais de sua boca. Mais de suas mãos. Mais do seu calor, queria sentir mais o seu peito contra minha mão, era definido por causa da academia eu gostava. Me transmitia proteção quando estava em seus braços. O estranho é que eu só tive um momento assim com ele. Mas o que eu posso fazer? Foi ótimo enquanto durou. Só que agora me sinto desonesto, essa palavra realmente não fazia parte de mim...até agora