Hey prof... hey baby...

Capítulo 40

Ele tinha passado pela cirurgia, estava no quarto ainda desacordado, mas talvez seja melhor assim. Talvez um descanso de um mês desde a cirurgia até hoje seja bom pra ele

Hoje faria um mês desde a convulsão e cirurgia, sua coração parou uma vez mas aquele choque é milagroso. Ele acordou depois do choque mas voltou a dormir horas depois

Eu depus sobre o caso de yugyeom, é engraçado lembrar que fiquei preso por três dias mas minha família pode ser muito desonesta, eles apenas pagaram uma fiança alta mas que pra eles não doeria muito no bolso. Eu quase recusei, pensei que talvez eu me sentisse melhor pagando por aquilo que eu fiz a yugyeom mas um dia eu fiz uma ligação. Jimin disse que me amava então eu quis me lutar mais pra ser melhor, pra ele, pra yugyeom, para os meus pais, apenas melhor

Eu já estava trabalhando, era um curso preparatório, era melhor por causa do horário assim eu trabalharia de manhã e à tarde estaria livre pra ficar com ele no hospital. Eu voltei a conversar com a minha mãe sobre tudo assim como fazia quando criança. Me perguntava por que tinha parado de fazer isso quando adolescente. Eu falava com meu pai, não sentia mais magoa em sua voz ao falar comigo. Minha mãe disse que ele tinha aceitado a futura morte do filho, ficar culpando alguém não ajudaria muito

Em Busan eu tinha yugyeom, eu tinha minha mãe, eu tinha meu pai, mas não tinha ele. Eu o queria aqui, quantas vezes terei que dizer isso até que se torne realidade? Eu liguei pra ele e novamente ficamos sem falar nada, só sentíamos a presença um do outro, aquilo era bom demais

Eu disse que o amava em uma das ligações ele apenas disse "quero você de volta" eu não precisei dizer que eu também queria ele comigo, ele já sabia
Eu disse "me espere" e depois não falamos mais

Eu estava conversando com yugyeom, na verdade só eu falava mas acreditava que ele escutava, quando ouvi um murmuro seu, ele estava acordando. Seus olhos piscavam ainda fechados, sua boca entre abriu e eu sorri quando ouvi ele dizer "minha cabeça dói". Eu não precisei chamar mínguem, seu médico entrou para fazer uns exames de rotina e o viu acordado

O levou pra fazer alguns outros exames pra checar se estava realmente bem, e estava, bem demais, a ponto de ser estranho. Não era pra ele estar tão bem considerando um tumor maligno em seu organismo

Pelo menos nós acreditamos que estava

Passamos o dia rindo e relembrando histórias antigas nossas, ele falava do seu primeiro jogo de basquete. Foi um desastre, os garotos do time dele o culpavam pela derrota. Depois do jogo no vestiário os garotos foram até yugyeom na intenção de feri-lo
Mas eu entrei e quem saiu machucado foi o único que não saiu correndo e inventou de me enfrentar. Yugyeom tentou me ajudar a bater no menino mas eu não deixei, ele acabaria encrencado. Eu já estava acostumado com os meus pais se decepcionando comigo mas yugyeom não, então mandei que ele se afastasse. Ele não me obedeceu

A versão da história contada aos meus pais foi que eu disse que ele não era homem de verdade então yugyeom se enraiveceu e entrou na briga, disse a eles que eu tinha incentivado yugyeom a violência, nós dois ficamos de castigo mas consegui fazer ele sair. Disse aos mais pais que não era justo e eles acabaram me escutando. Eu faria de tudo só pra deixá-lo bem, faria qualquer coisa

Lembramos também de quando ele fugiu de casa pra ir a uma festinha dos amigos dele, ele tinha uns doze anos ou por aí. Fugiu pela janela mas no dia seguinte mais pais viram fotos dele na festa, a sorte foi que o ambiente era pouco iluminado e em todas as fotos que ele apareciam, que eram poucas, ele estava de costas. Disse aos meus pais que era eu lá, como não faria isso? Yugyeom não poderia sair de casa se eu não o fizesse, e era bem no dia que tinha combinado de ir a casa de um de seus amigos pela primeira vez, ele estava tão animado, e eu só queria vê-lo feliz

Yugyeom confiava em mim de olhos fechados e eu confiava nele da mesma forma. Quando ele escondeu dos nossos pais a festa que eu tinha dado na ausência deles. Quando ele escondeu a notícia sobre minhas péssimas notas e me ajudou a estudar. Quando guardou o segredo sobre minha situação de elevado teor de álcool no sangue numa resenha dos meus antigos amigos. Quando não contou a ninguém sobre a suspeita de gravidez de uma garota que eu tinha ficado. Ele me permitiu confiar nele como em ninguém mais

Nos lembramos de tudo, de todas as coisas que passamos juntos. Nós lembramos do acidente. Ele se culpava. Disse pra mim que estávamos só nos divertindo e ele deveria ter avisado quando viu a caminhão. Eu disse a ele que calasse a boca e aceitasse que era minha culpa, minha responsabilidade e que eu carregaria aquilo comigo a vida toda. Ele disse que não podia fazer nada sobre isso, ele poderia dizer o que fosse mas eu ia continuar me culpando então apenas disse "quando eu for, sinta falta e não culpa, vou gostar mais de ser lembrado como uma saudade e não como culpa"
Então eu o prometi que seria assim, vou me esforçar pra cumprir a promessa

No final já era de noite, meia noite em ponto quando o último pinto da última história foi estabelecido. Ele estava cansado então fechou os olhos e dormiu na hora. Eu poderia ir embora mas era como se alguma coisa me dissesse pra ficar ali. Talvez todas as lembranças tenham sido interpretadas pelo meu cérebro como uma despedida e agora meu corpo me abrigava a ficar ali. Não era como se eu não quisesse mas era uma sensação incômoda exatamente como uma despedida