how it feels?

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Icon do Jaden Smith estava tocando no último volume em meus fones de ouvido, enquanto de dentro do carro eu observava jovens com cara de morte andando na calçada. Sinto o fone do meu ouvido esquerdo ser retirado e desvio meu olhar para a mesma direção imediatamente, tinha me esquecido que meu pai estava ali.

- Como se sente? - ele diz com um semblante apreensivo me olhando.

- Eu estou sentindo um frio na barriga, mas eu consigo fazer isso. - digo afirmando com a cabeça e dou um sorriso fraco para disfarçar o nervosismo que eu estava sentindo naquele momento. - Eu tenho que enfrentar tudo isso.

- Sim, você consegue. - ele sorriu e eu abri a porta do carro.

- Obrigada. - sorri de volta e desci do carro, bato a porta e vejo meu pai me olhar com uma cara séria, dou um sorrisinho. - Desculpinha.

- Te amo. - ele disse e saiu com o carro.

Me viro de frente para a escola e suspiro pesado. Depois de um ano fugindo de tudo, já está mais do que na hora de encarar. Olho em volta ao perceber olhares sobre mim, pelo visto já me reconhecerem. Ignoro todos os olhares e ponho o fone de volta no ouvido, começo a caminhar em direção a entrada da escola.

- I am just an icon living - canto baixo o refrão da música e subo os poucos degraus que tem antes de chegar à porta que dava para o enorme corredor.

Empurrei a porta e dei passos lentos até estar totalmente no corredor. O mundo parecia ter congelado, eu pude sentir o peso de todos os olhares sobre mim, minha respiração acelera como se eu tivesse acabado de correr quilômetros. Desvio meu olhar para o chão e respiro fundo contando até cinco, levanto minha cabeça olhando todos que estavam ali e percebo que toda aquela cena assustadora de pessoas me encarando era só coisa da minha cabeça.

Começo a caminhar com passos lentos pelo corredor, meu coração nunca esteve tão acelerado, eu treinei tanto essa entrada, falhei em tudo que eu tinha planejado. Pego o papel no meu bolso, ali estava o número do meu armário, as coisas estavam diferentes por aqui, eu espero que tenha acontecido o mesmo com as pessoas. Vejo o número no papelzinho e vou olhando os armários.

- Aisha? - ouço a voz meio baixa por conta da música, mas tiro os fones e me viro para ver quem é.

- Jule! - forço um sorriso. - Você por aqui! - qualquer pessoa dessa escola poderia vir falar comigo, menos ela, isso não está me parecendo coisa boa.

- Eu fiquei com saudades. - ergo uma das minhas sobrancelhas vendo ela se aproximar e me dar um abraço de dois segundos.

- Ah, claro. - eu não iria dizer que também estava com saudades, seria a maior mentira da minha vida.

- Seu armário é no outro corredor. - ela diz olhando o papel na minha mão. - Eu te mostro, vem. - ela fala pegando na minha mão e praticamente me arrasta pelo corredor.

- Jule, não precisa, eu consigo achar.

- Amigas se ajudam. - quando ela foi minha amiga?

Não respondi nada sobre sermos amigas, no momento eu só queria saber o porquê de ser essa ela a menina que está me ajudando.

Depois de chegar no suposto corredor em que ficava meu armário, percebo que ali tinham menos pessoas e armários também, isso é bom, será menos falatório na minha cabeça todos os dias de manhã.

- Está aqui seu armário. - Jule diz parando em frente a um armário de cor cinza fosco.

- Obrigada. - dou um sorriso fraco para ela e pego a chave no bolso da mochila.

- Se precisar de alguma coisa é só me procurar. - apenas afirmo com a cabeça, eu espero não ter que precisar dela.

Observo ela se afastar e virar para o corredor, volto minha atenção ao armário. Ponho a chave na fechadura e giro duas vezes, vejo que a porta abriu e ponho minha mochila no chão, abro o zíper e pego alguns livros para guardar no armário, isso ameniza o peso.

- Merda. - ouço alguém resmungar à poucos metros de mim e desvio meu olhar vendo um menino com dificuldade de abrir o armário dele.

Ele parecia com ódio do mundo, cheguei a essa conclusão quando vi ele dar um soco na porta do armário e abaixar a cabeça com a respiração ofegante, ele estava com uma touca preta, por isso ainda não o reconhecia.

- Você está bem? - falo com receio, medo de que ele fique com ódio de mim por algum motivo.

- Eu estou ótimo. - ele fala meio grosseiro e eu fico em silêncio, não quero parecer chata.

Termino de guardar os livros e fecho o zíper da mochila, bato a porta do armário e penduro uma das alças da mochila em meu ombro direito. Caminho até a metade do corredor pensando se deveria ou não insistir em ajudar o menino, talvez ele esteja precisando de alguém para desabafar.

- Tem certeza que está bem? - falo me virando para ele.

- Absoluta. - ele diz tirando a touca e me olha.

Me surpreendo ao ver quem era, engulo seco e sorrio fraco afirmando com a cabeça. Ver ou ouvir qualquer coisa relacionada ao Zion ainda me causa nervosismo, e agora ele está bem na minha frente.

- Ok, eu já vou indo. - percebo ele me analisar parecendo se lembrar de mim.

Dou alguns passos para trás antes de me virar e dar passos rápidos até o final do corredor. Não estou afim de ouvir perguntas por enquanto, eu sei que ele iria fazer muitas se eu permanecesse parada ali, e isso não está no meu planejamento do primeiro dia de aula da antiga escola.

Me viro para o outro corredor que dava para as salas de aula e suspiro.

- E agora? - penso comigo mesma, sem saber em que sala entrar.

- Posso ajudar? - ouço uma voz masculina atrás de mim.

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