i can't be quiet forever

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Aisha Styl

Depois da detenção eu recebi algumas mensagens da minha mãe me chamando para almoçarmos juntas porque ela queria conversar, não teve porquê recusar.

Avisto minha mãe já em uma das mesas do restaurante já conhecido por nós no shopping e vou até ela.

- Desculpa o atraso. - falo, tirando a mochila das costas e deixando no chão antes de me sentar de frente para a mais velha. - Tive que esperar a Kristina para me trazer. - sorrio fraco ao ver um pedaço de lasanha, meu prato favorito, já na mesa.

- Porquê não pediu um uber para vir? A sua comida até já esfriou. - percebo seu semblante sério, me fazendo respirar fundo de preocupação. O que aconteceu para ela estar assim? - Você atrasou quinze minutos, eu não tenho o dia todo.

- Ela insistiu, esse shopping é caminho da casa dela. - franzo o cenho, não entendendo toda essa arrogância. - Foi você quem insistiu para essa conversa acontecer agora, poderíamos conversar a noite em casa. - dou de ombros e começo a comer.

- E você sempre obedecendo as ordens dessa menina, não é? - ela apoia os cotovelos na mesa, me encarando. - Ela pede e você faz, é assim que você se mete em encrenca.

- Do que está falando? - pergunto.

- Da briga que teve na escola. - engulo seco e ponho o garfo de volta no prato. - O diretor me contou hoje de manhã. Porquê não me contou?

- Porque não vi necessidade. Foi só um desentendimento, está tudo bem.

- Você não é disso... - diz baixo. - O que essas suas amigas estão fazendo com você? - ela suspira.

- Elas não estão fazendo nada. Elas estavam tentando ajudar, é diferente disso que você está pensando.

- E o que eu estou pensando? - seu tom de voz baixo e ao mesmo tempo ameaçador faz com que eu encolha os ombros automaticamente.

É assustador a forma que ela consegue me silenciar sempre que eu tento argumentar contra qualquer coisa que ela diga e que ela tenha que buscar pessoas para pôr a culpa dos meus problemas, por simplesmente não aceitar que eu também erre as vezes.

- Aisha, olha para mim. - pediu e eu a olhei. - Você precisa se afastar dessas meninas, não estão fazendo bem para você.

Eu precisei respirar fundo para a informação de que ela disse mesmo isso chegasse de modo compreensível na minha cabeça, mas como o esperado, isso não aconteceu. Nego com a cabeça, rindo ironicamente.

- Me afastar? - apoio meus cotovelos na mesa, imitando a pose da mais velha. - Eu não vou fazer isso.

Sua expressão mudou em questão de segundos para um rosto completamente sério e intimidador. Confesso que pensei por um momento desistir da minha pose de "desobediente" mas decidi continuar, mesmo não sabendo como isso pode acabar. Não posso ficar quieta para sempre.

- Eu estou dizendo isso para o seu bem, não entende? - tenta dizer de forma suave, mas seu rosto não esconde sua insatisfação com o meu ato de confronto.

- Não. Não dá para entender, mãe. - desabafo. - Me afastar das minhas únicas amigas não vai me fazer bem. Você sempre diz a mesma coisa: "é para o seu bem" , depois de propôr algo que claramente não é para o meu bem.

- Eu sou sua mãe e sei oque é bom para você! - sua voz se altera um pouco, chamando a atenção das pessoas das mesas ao redor.

- Não... Sinto muito, mas não sabe. - me levanto da cadeira, pegando minha mochila para pendurar no ombro. - Tudo isso é sobre como você se sente. Nunca perguntou como eu me sinto sobre isso. - sinto meus olhos lacrimejarem e um nó se formar na minha garganta. - Precisa pensar em mim de verdade quando o assunto for a minha vida. - me viro e caminho para a saída do restaurante, limpando as lágrimas que caem.

Ouço ela me chamar algumas vezes, mas ignoro e caminho mais rápido para não ser alcançada.

Ao chegar do lado de fora do shopping, atravesso a rua e começo a andar pela calçada, sem rumo. Meus passos são rápidos e minhas mãos estão dentro dos bolsos do moletom, provavelmente quem vê de fora acha que eu estou com pressa para algo e eu não discordo. Agora eu tenho pressa mesmo, quanto mais longe dela no momento, melhor.

- Aisha! - ouço alguém me gritar e me viro podendo ver Zion vir em minha direção. - Te chamei várias vezes. Você está bem?

- Não ouvi. - afirmo com a cabeça respondendo sua pergunta. - O que faz aqui?

- Vim buscar a minha irmã. - suspiro, arrumando meu cabelo, meio inquieta. - Parece nervosa. - ele me observa em silêncio por poucos segundos. - Posso te ajudar?

- Não é nada. - forço um sorriso, que não foi muito convincente pela cara do menino.

- Quer dar uma volta?

- Sua irmã precisa de você, não se preocupa comigo.

- Ela chama um uber. - dá de ombros digitando algo no celular e logo depois me olha. - Vai ser legal. - sorri fraco. - Vem comigo. - acena com a cabeça para o seu carro à alguns metros de nós.

O menino atravessa e eu o sigo, indo para o veículo.

Ouço meu celular tocar e o pego, já sabendo quem pode ser. Recuso a chamada ao ver o nome "mãe". Uma notificação de mensagem chega e eu abro para ver.

número desconhecido

oi, é o Bryan
eu sei que você ainda tá
com raiva de mim
mas eu preciso falar com você
é importante!

Suspiro pesado lendo as mensagens e ouço Zion fazer pigarro com a garganta para chamar minha atenção, assim que eu o olho ele acena com a cabeça para que eu entre no carro e assim eu faço.

- O que foi? - pergunto, vendo ele me encarando depois de se sentar no banco do motorista.

- Nada... Só olhando. - liga o carro e começa a dirigir.

Bufo ouvindo o toque do meu celular de novo e recuso a chamada. Ela é insistente.

- Esse é o problema então? - ele pergunta, me olhando rapidamente e eu franzo o cenho. - Sua mãe. Ela é o problema?

- Sim.

- Quer falar sobre isso? - nego com a cabeça em resposta. - Então vamos deixar os problemas de lado a partir de agora. - sugere, tirando seu celular do bolso e o desliga. - Sua vez.

Sorrio fraco fazendo o mesmo que ele e guardo o aparelho na mochila.

- Pronto. - suspiro fraco, começando a prender meu cabelo volumoso de modo desajeitado. - Para onde estamos indo?

- Vai saber daqui a pouco. - sorrio levemente murmurando um "ok". - Pode pôr música aí, se quiser.

Ligo o rádio e vou passando as estações até parar em uma que acaba de começar Locked of out Heaven do Bruno Mars.

- Essa é boa. - falamos juntos e eu o olho rindo fraco, antes de aumentar o som e começarmos a cantar juntos.


                             |×|

senso é oque falta pra mãe da Aisha, concordam?

espero que tenham gostado do capítulo
não esqueçam da estrelinha! ⭐
até mais.

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⏰ Última atualização: Jul 29, 2020 ⏰

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