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O corredor aqui não é muito longo. Estou sentado em uma fileira de cadeiras ao lado de um bebedouro. Também tem uma fileira de cadeiras na minha frente, na parede do corredor, que fica virada para mim. É exatamente na cadeira enfrente a minha que Valentina está. Só percebi depois que removi o olhar de meus pés para olhar em volta.

Ela sorri só com os lábios para mim e as vezes olha para outras direções, é desconfortável.

-Ei... - Ela fala parecendo inquieta.

-Hum? - Respondo.

-Você se lembra de quando... - Diz ela sendo interrompida por sua própria risada. - De quando nós estávamos no acampamento, e eu me fantasiei pra assustar o guarda florestal? Você fez ele ir até o chalé abandonado dizendo que viu alguém lá. - Ela ri alto quando termina de falar, provocando risadas incontroláveis em mim.

Percebo que fico vermelho após rir, não pude controlar o sorriso, tantas piadas internas foram geradas por razão daquela noite...
Termino de rir ainda sorrindo apesar de meu maxilar doer, recupero o fôlego e olhando para meus pés remoto a conversa.

-Sabe, a gente poderia acampar de novo, o que acha? - Falo e levanto meu olhar, no mesmo instante meu sorriso é desfeito.

Valentina não está mais lá, e coisas nunca mais serão como eram antes pois Eles á levaram.

Nada nessa cidade, nada me faz bem, eles estão me procurando, e se eu continuar aqui, sei que vão me encontrar, eu serei o próximo se não fugir.

Um vento frio adentra as portas do hospital e balança meus cabelos, junto com ele sinto um arrepio angustiante rasgar meu corpo de cima á baixo.

Me encho de um temor que não sei de onde vem, porém me faz levantar e andar rápido até a porta, atravessando-a, corro chorando, a cidade é uma cicatriz, e eu estou saindo dela.

Alice E ElesOnde histórias criam vida. Descubra agora