O passado e o presente se encontram em Aeipathy

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Aeipathy: "Uma paixão consumidora e sofredora."

- Durante o reinado de Wang Heun, o Chungmok de Goryeo, nosso país acabou se tornando vassalo da dinastia Yuan, então toda nossa cultura e costumes foram engolidos pelo regime mongol sob o reinado do imperador Toghon Temür, o último herdeiro legítimo de Genghis Khan. Eles dominavam toda a Ásia e disputavam com a China nossas terras já que nosso rei tinha apenas 11 anos quando assumiu o trono e era fortemente influenciado pelos príncipes das províncias. Temür decidiu encontrar um aliado aqui para auxiliar nos interesses do império e impedir o avanço das tropas chinesas em nosso território, então seu mentor Toqto'a encontrou um filho bastardo de seu pai, Yi Ju Heon, filho de Yi Hwa In, uma de suas concubinas, que morava próximo à capital. Ele me chamou e me colocou como imperador representante do governo mongol, o Imperador de Bongsung-a.

- Pera aí, existiu um imperador mongol na dinastia Goryeo? - o loiro assentiu e Changkyun mal podia acreditar – E como não há registro disso? – Juheon deu de ombros e o mais novo percebeu que está interrompendo – Desculpe, eu me empolguei. Pode continuar.

- Tudo estava indo bem, eu operava de acordo com os desejos do Imperador e mantinha um bom relacionamento com o rei de Goryeo, comprar a cooperação dos príncipes foi muito fácil, até que um dia viajando pelas terras sagradas de Silla, eu conheci minha maior alegria e também minha maldição. Eu tinha acabado de sair do templo após minhas orações quando avistei uma jovem admirando as flores do santuário, ela era a mulher mais bela que eu já havia visto em toda a minha vida, mas enquanto eu a admirava percebi que ela tentava pegar uma flor de ameixeira mas tinha dificuldades de erguer o braço. Eu me aproximei devagar e peguei uma das flores e levei até o seu rosto e sem querer, acabei vendo algemas em suas mãos, mas quando ela me viu se assustou e saiu correndo pelo jardim. Eu poderia tê-la deixado ir, mas não consegui, acho que já estava enfeitiçado e curioso, então acabei correndo atrás. Antes que ela pudesse entrar no casarão eu segurei em seu braço e a puxei de volta, quando eu fiz isso uma corrente elétrica passou pelo meu corpo e eu senti uma rajada de vento passar por nós dois como uma espada, e então as algemas soltaram de suas mãos e se dissolveram no ar. Ela intercalava o olhar assustada entre os pulsos e o meu rosto, eu não entendia muito bem o porquê do seu receio então falei que estava tudo bem, agora ela era livre. O rosto perfeito dela começou a ficar banhado por lágrimas silenciosas e ela sorriu tímida e agradeceu, eu perguntei o seu nome e ela meio receosa me respondeu apenas "Hana". Perguntei de onde ela era e ela me respondeu Japão. Naquele mesmo dia, eu a trouxe para Bongsung-a e prometi que ninguém iria feri-la novamente. Ela sempre foi tratada como uma convidada de honra e não demorou muito para nos apaixonarmos, até construí uma ala só para ela aqui simples, mas do jeito que ela queria, e fomos felizes por um bom tempo – o loiro encarava o nada com um ar nostálgico e tristonho.

- Você me colocou no quarto dela? – perguntou e o loiro assentiu. Changkyun corou ao se dar conta de que estava esse tempo todo no quarto de Hana, tinha a sensação de que isso o fazia especial para o loiro – Isso explicaria os sonhos que tenho com ela... O que aconteceu depois?

- Um tempo depois algumas mazelas começaram a assolar nossa nação, plantações secaram sem explicação, rebanhos morreram atacados por bestas da floresta, pessoas começaram a ficar doentes de uma hora para a outra e Hana começou a ter pesadelos cada vez piores. Eu sempre perguntava o que ela sonhava, mas ela se recusava a me contar, mas quando nossos servos começaram a morrer com manchas pretas por todo o corpo, ela decidiu se abrir comigo. A verdade é que Hana foi oferecida pelo seu povo como a futura noiva de um kitsune, uma raposa de nove caudas, em troca de paz e prosperidade. Ela foi levada ao templo e mantida prisioneira com algemas mágicas sob a circunstância de nunca ser tocada por um homem para que o sacrifício fosse puro ou então todas as pessoas ao seu redor sofreriam as consequências, então quando eu a toquei, tornei-a 'impura' e a libertei. Ela sabia que a raposa a perseguiria para buscar vingança contra aquele que ousou tocar no que lhe pertencia e por isso as pessoas a nossa volta estavam sofrendo. Na época eu a abracei forte e disse que ninguém jamais iria machucá-la enquanto eu vivesse. Eu daria a minha vida para protegê-la se fosse necessário, mas nunca imaginava que tudo aquilo iria acontecer.

O Imperador VampiroOnde histórias criam vida. Descubra agora