Capítulo 6

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''The gravity can't hold us, your hands are outer space
I can't make sense of nothing, oh
This couch is getting smaller, but it's my favorite place
Don't even ask the question, you know what I'm gonna say
I'm into it''

( Into it - Camila Cabello)

Vodca e cerveja. Ellen podia ver seu apartamento girar enquanto ela tentava se equilibrar sobre seus saltos altos. Arrancou os saltos e se jogou no sofá exausta, sua cabeça latejava e ela só conseguia pensar em quanto ela odiava Patrick Dempsey. Odiava o fato de que também não conseguia tirá-lo de sua cabeça nem por um segundo se quer. O que esse emprego tinha feito com ela?

Ela só queria terminar a investigação e ficar o mais longe possível dele, mas seu coração dizia que aquilo estava longe de acabar. Quanto mais ela descobria sobre o que acontecera com os milhões roubados, mais feias as coisas ficavam. Isaiah tinha deixado alguns rastros, mas ela sabia que no momento que sua boca abrisse para revelar todos os segredos, alguém sairia ferido. Ellen tinha medo que fosse ela. 

Uma batida na porta. Ellen se levantou cambaleando e procurando onde estavam as malditas chaves. A surpresa percorreu todo o seu rosto quando avistou Patrick parado a sua porta sem o menor aviso. Seu rosto parecia preocupado e ele estava claramente fora de si. Seus punhos fechados indicavam que ele estava tendo um ataque de raiva ou algo parecido, o que não era uma surpresa visto que o comportamento dele nunca fora amigável. A loira tentou falar algo, mas ele adentrou pela porta antes que ela pudesse dizer qualquer coisa.

''Folgado'' pensou consigo mesma, quem ele pensava que era para entrar em sua casa assim sem ser convidado.  Patrick sentou-se no sofá levando as mãos até o rosto massageando suas têmporas em um movimento frenético. Ellen o observava encostada no batente da porta entre aberta, se perguntando o que o havia deixado naquele estado

- Olha, eu não quis vir aqui assim, do nada, mas eu não tive escolha. Isaiah assassinou uma pessoa, eu não sei o que fazer, eu não sei como agir. Merda. Merda. Isso vai dar uma puta merda- ele dizia nervoso a ponto de quase explodir - eu tentei, eu juro que eu tentei - então uma lágrima escorreu de seu olho deixando Ellen incrédula e indo se sentar ao lado dele

- Isaiah o que? - Ellen estava em choque - me conte direito o que aconteceu, meu deus Patrick - ela mal podia esconder sua surpresa 

- Eu tinha esquecido alguns documentos, não era para ter ninguém lá, já estávamos fechados. Eu entrei na pequena sala de Jade a procura de um papel e quando eu abri a porta, meus sapatos entraram em contato com água, bom eu pensei que era água. Achei estranho e olhei para o chão, que estava coberto de um vermelho vivo. Então eu olhei para a cadeira e lá estava Jade, sem expressão, morta - ele encarava o chão tentando encontrar a as palavras - Eu não sabia o que fazer, então eu corri para longe da cena e vim para cá. Eu não - ele se interrompeu com um pigarro

-Mas como você tem tanta certeza que foi ele - ela perguntou o mais calmo que conseguiu - como você deduziu isso? 

- Você se lembra aquele dia que ela veio aqui? Ela tinha me contado que tinha sido agredida um dia depois por ele e eu pensei que tivesse sido só um momento de raiva, mas todos os dias eu via cartas chegando no escritório dela, eu não sabia do que se tratavam. Então ela me mostrou e eu vi que eram ameaças, para ela ficar quieta - ele começou - elas diziam que ela ia morrer e que era melhor ela nunca contar o que tinha acontecido - seus punhos se fecharam numa força tão grande que o sangue se acumulou em seus dedos - mas ela nunca me disse de quem eram. Então hoje tudo fez sentido, quando eu vi o corpo dela ali, morta, sem ninguém, a realidade me tomou por inteiro - ele tremia 

- Oh não. É tudo culpa minha - agora era ela que chorava, compulsivamente, esfregando os olhos com o dorso da mão esquerda - eu, oh meu deus - ela soluçava

- Nada disso é culpa sua, Ellen - ele tentou acalmá-la - Eu que comecei a investigação, se alguém é culpado aqui, sou eu - ele a abraçou e ela encostou sua cabeça em seu ombro

Seus cabelos loiros se espalhavam por sua camisa azul e o cheiro de lavanda invadiu suas narinas o fazendo suspirar. Ellen era um mistério para ele, um enigma que o fazia querer descobrir cada vez mais o que se passava na cabeça de alguém tão inteligente e ao mesmo tempo tão fechada para o mundo. Ele sabia que podia se arrepender daquela decisão, mas quando ela levantou a cabeça e o olhou nos olhos, intrigada, ele mergulhou em seu profundo verde e a distância foi sumindo até que seus lábios se tocaram suavemente. Sentiu o gosto de álcool em sua boca, o que o fez pensar que era por isso que ela começara a chorar em sua frente naquele momento, porque ela parecia tão vulnerável. O beijo durou apenas alguns segundos, mas seus lábios formigavam com o toque, a sensação de um choque elétrico percorrendo seu corpo era quase como um frenesi. 

- Bom, eu preciso dormir e você precisa voltar para a sua esposa - ela resmungou se levantando e tomando o ultimo gole de cerveja que restava na garrafa 

- Se você quiser, eu posso ficar - ele deu de ombros - Raquel não se importa, eu acho 

- Não precisa, eu posso me cuidar - ela deu uma piscadela cambaleando 

- Oh, eu posso ver - ele riu - cuidado para não cair, senhorita 

- Já disse que sei me cuidar - resmungou fazendo um bico fingindo mágoa 

- Ok, então eu vou embora. Até amanhã - ele sorriu 

-Até - respondeu se jogando novamente no sofá - a porta está aberta 

Patrick se dirigiu até a porta, mas parou no batente para observá-la. Ellen tinha um ar angelical e ao mesmo tempo durona. Ela distraia com a garrafa enquanto se ajeitava no sofá. Ele deu um sorriso e fechou a porta a deixando para trás. Ao chegar em casa, Raquel já estava dormindo profundamente, tirou os sapatos em silencio e a roupa social. Sentou-se na cama e um sorriso surgiu em seu rosto, ele mal conseguia conter a sensação de ter ela em seus braços, mesmo que brevemente. 

City of crimesWhere stories live. Discover now