Capítulo 4

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Patrick andava em círculos enquanto Ellen o observava na empresa. A sensação era de que ele estava surtando e isso só fazia parecer mais engraçado pra ela toda aquela cena. Patrick a olhou e fez uma careta, insatisfeito, e ela coçou a cabeça confusa

-O que está acontecendo? - ela perguntou após ele quase jogar o celular pela janela

-Eu preciso de respostas para um investimento, mas pelo que me parece o mundo tirou o dia para rir da minha cara hoje - ele respondeu de mal gosto e Ellen não conseguiu segurar o riso o fazendo ficar mais furioso ainda

- Olha, se você não está aqui para ajudar pode ir embora, eu não preciso de você - ele cuspiu as palavras 

Ellen foi até a janela olhar a vista esperando que alguma coisa viesse a sua cabeça e ela pudesse tirar uma conclusão de toda aquela confusão. Ela tinha quase certeza que Washington era a cabeça do crime, ainda mais depois da agressão. Mas e se tudo tivesse sido armado por Patrick? Ela estava ficando louca.
Ao decorrer do dia, Patrick havia gritado com pelo menos cinco pessoas e Ellen tentava por suas ideias no lugar

- tem como você parar de gritar com as pessoas? - Ellen sussurrou esperando que ele ouvisse, massageou as têmporas e olhou de canto de olho

Patrick parecia imerso em outra realidade quando olhou pra ela e tossiu

- tem como você ir embora? Eu não aguento mais a sua cara de arrogante - ele falou em um tom baixo, porém audível e Ellen tinha certeza que ele havia escutado seu resmungo

A loira riu, alto, com a mão na barriga e enxugando as lágrimas que se formavam. Enquanto tentava recuperar o fôlego, olhou para ele incrédula

- Eu? Arrogante? Eu só estou tentando ajudar, na verdade, eu acho que descobri o que aconteceu, mas já que você quer tanto que eu vá embora, não vou te dizer e passe bem - Ellen se virou para ir embora pegando sua bolsa que estava jogada na cadeira e sentiu Patrick a segurar pelo braço impedindo que ela se movesse. Ellen parou um segundo para olhar para ele furiosa

-onde você pensa que vai? - ele resmungou

- onde eu quiser- ela cuspiu as palavras com raiva- me solta

- não sem antes me contar o que aconteceu com a MINHA empresa - ele esbravejou segurando o braço da loira cada vez mais forte enquanto ela se debatia para tentar se livrar dele

- Eu não te devo satisfação alguma, sr dempsey ou seja lá como você gosta de ser chamado. Eu faço o que eu quero porque sou homem branco rico. Aliás, você deveria aprender a como tratar um ser humano. Eu não tenho mais nada o que fazer aqui, descubra as coisas você sozinho. Eu não vou aguentar seus desaforos e você pode ir pro inferno - com um único movimento a loira se livrou da mão de Patrick e andou a passos largos até o elevador.

As lágrimas vieram mais rápido do que ela esperava, a raiva corria pelas suas veias como um trem bala e ela mal conseguia achar as chaves do carro. Suas mãos tremiam e ela tomou um gole de água da garrafa que estava a pelo menos uns dois dias em sua bolsa. O misto de sentimentos que se passavam na cabeça fazia tudo parecer muito mais absurdo. Quem ele pensava que era para deixar o braço dela roxo? Ela sentia nojo, raiva, tristeza.

Patrick se sentou na cadeira pensativo, repassando em sua cabeça tudo que acabara de acontecer. Ele nunca sabia lidar com a raiva e viver naquele mundo de dinheiro e poder só o deixava mais sedento por ter o controle de todas as situações a sua volta. Pensou em mandar um pedido de desculpas a Ellen, mas sabia que isso só iria piorar as coisas. Ela nunca mais iria querer olhar em sua cara depois daquela noite.

No fundo Patrick gostava de como ela o desafiava e o colocava no lugar dele. Ela era a única pessoa em muitos anos que teve a audácia de gritar com ele, a única que não aceitava seu poder e isso o deixava confuso e ao mesmo tempo intrigado. Como a maioria dos homens brancos e ricos ele não estava acostumado a lidar com mulheres poderosas, isso o assustava mais do que qualquer outra coisa no mundo. O mundo que ele vivia era machista, ele sabia disso. Se deixar levar por isso era algo que ele nunca teve orgulho, mas ao mesmo tempo sempre foi conivente.

Ellen abriu uma garrafa de vinho e se jogou no sofá, tudo que ela queria era socar aquele rosto perfeito e arrogante. Deixá-lo entender que ela não iria se curvar a homem nenhum. Que ela era muito mais que uma investigadora barata e merecia respeito. Naquele momento ela o mataria e dançaria em seu túmulo.

No dia seguinte, um homem bateu a sua porta com um buquê de margaridas, sua flor favorita. Ela sabia de onde tinha vindo

- eu sei que a culpa não é sua, você está só fazendo o seu trabalho, mas você poderia levar isso de volta para o remetente e dizer a ele para enfiar as flores ele sabe muito bem onde? Eu não quero as desculpas desse riquinho machista- ela bateu a porta com raiva e pegou o telefone

- por favor o Sr dempsey? - ela perguntou andando pela casa furiosa- eu espero- disse quando a secretaria avisou que iria transferir a ligação

- alo ? - a voz de Patrick falhou - Ellen? - ele exclamou quando ela não respondeu - Eu não tenho o dia todo

Ellen desligou o telefone

Nota da autora: desculpa demorar tanto pra postar, a faculdade ocupa muito meu tempo ): mas eu amo voces na boca e prometo que nessas férias vai ter muito capitulo pra vocês lerem, tá bom? E obrigada por não desistirem de mim 💜

City of crimesWhere stories live. Discover now