A realidade parecia apenas um conceito abstrato depois daquela noite, Patrick não entendia como eles tinham chegado a aquele ponto. Ele sempre fora fiel a Raquel, mesmo que o casamento deles não fosse lá grandes coisas. Eles nunca se amaram, mas o respeito era mutuo. Patrick decidira a muito tempo dedicar sua vida a empresa e a tudo que ela estava envolvida e Raquel nunca saíra do seu lado, mesmo quando as coisas estavam a ponto de explodir e no fundo ele sabia que eles tinham se tornado muito bons amigos
- Patrick - Raquel o cutucou para chamar sua atenção, ela parecia um pouco nervosa
- O que houve? - ele se virou para encara-la e a cena a sua frente parecia um filme de terror
Raquel coberta de sangue, apavorada, suas bochechas não tinham nenhum vestígio de vida. Sua roupa perfeitamente alinhada agora parecia uma grande mancha vermelha. Patrick se levantou assustado e confuso com o que estava diante dele
-Eu, eu fui chamar a Jade, perguntar onde estava alguns relatórios financeiros, eu não sabia. Oh meu deus, Patrick. Eu escorreguei em algo e quando eu vi era um monte de sangue. Você? Eu não entendo - falou enquanto as lágrimas começaram a escorrer e ela tentava enxuga-las antes de chegarem a bochecha, falhando algumas vezes
-Você achou que eu faria uma coisa dessa? VOCÊ REALMENTE ACHOU QUE EU SERIA CAPAZ DISSO DEPOIS DE TODOS ESSES ANOS? - suas pupilas dilatadas, suas mãos tremulas e o coração acelerado com a raiva que percorria seu corpo naquele momento
-Não, claro que não - mas você sabia? - ela parecia confusa com o fato dele ter pensado que ela acharia algo assim dele, ela o conhecia melhor do que ele pensava
-Soube ontem a noite, mas eles não deixaram que ninguém limpasse o local até que fossem coletadas todas as provas. Por isso o local ainda tem muito sangue - ele respondeu, sem expressar um único sentimento, seu olhar era vazio e distante
-Ah - ela exclamou - me desculpe se pareceu que eu te acusei de algo- limpou a lágrima solitária que agora escorria na ponta de seus dedos
- Está tudo bem - ele sorriu, sem alegria, para ela - você precisa de algo?
- Um banho e ficarei bem, prometo - ela sorriu de volta, mas com a mesma falta de vontade que ele
Patrick se dirigiu ao seu escritório e encontrou uma Ellen em pé pensativa. Ela olhava o horizonte fixamente como se estivesse tentando enxergar algo, então Patrick adentrou a sala em silêncio absoluto
- Eu consigo escutar ai - ela disse, sem se importar que sua voz soasse falhada
- Oh, eu não quis te atrapalhar - ele disse, o mais sincero que conseguiu soar
-Tudo bem - ela deu um meio sorriso - Sabe, as vezes eu fico pensando em qual é o proposito disso tudo. Se esse trabalho realmente vale a pena, se o sangue que foi derramado serve de lição para alguma coisa - ela suspirou e Patrick a olhava atento e curioso
- Eu não sei, de verdade. Eu nunca parei para pensar nisso - ele suspirou
Patrick se levantou da cadeira em que havia sentado assim que entrou e parou ao lado de Ellen, passando a palma da mão em suas costas como consolo fazendo ela sorrir, agora com algum sinal de felicidade. Ela estava feliz que eles tinham parado de brigar um pouco, era exaustivo ter que trabalhar com alguém que ela torcia o nariz só de pensar em respirar o mesmo ar. No fim das contas, Patrick era um cara legal por baixo de toda a sua arrogância.
Algumas semanas antes: A noite do assassinato
Jade adentrou a sala vazia quando foi surpreendida por Washington. Suas mãos suavam e seu corpo se contraiu ao olhar nos olhos dele. Olhos que lhe diziam que ele estava furioso, e, que ela era o alvo perfeito para que sua fúria fosse canalizada. Se aproximou enquanto ela tentava dar largos passos para trás, quando não havia mais espaço para fuga, ele a empurrou na parede. Ela podia sentir a respiração dele se misturar com a dele, numa mistura de medo e ego, na qual ela tentava esconder que estava apavorada
- Você é uma nojentinha, não deveria ter se metido nos negócios da empresa - ele gritava, a plenos pulmões a centímetros de seu rosto
-Eu - eu não contei nada - as lágrimas escorriam e ela tentava limpá-las antes que atingissem suas bochechas
- Ah, então agora você acha que eu sou algum tipo de idiota, não é? Você contou a Ellen sobre os arquivos, Jade. VOCÊ ME DESTRUIU - ele ainda gritava, agora segurando os punhos de jade com força, a fazendo chorar mais intensamente. Ela não queria mostrar a ele seu medo, mas era inevitável, ele era maior e mais forte que ela, ele era um homem rico e poderoso, ninguém acreditaria nela se contasse
- Porque você está gritando comigo? - ela disse, em meio a soluços, o nó em sua garganta ficando cada vez mais sufocante - eu não te fiz nada
-Você fez e agora vai pagar por isso - disse ele, tirando um revolver da cintura e apontando para sua cabeça - você vai pagar por cada palavra que disse a aquela investigadora - e disparou, a sangue frio, sem pensar uma única vez nas consequências. Tirou a vida de uma mulher, que segundo ele, o havia destruído. Talvez porque em sua mente, seu ego era muito maior que qualquer lei já escrita em qualquer constituição, a sede por poder era algo que o cegava e o fazia acreditar que tudo era válido para chegar ao topo.
Depois de ter certeza que ela não respirava mais e as batidas do coração haviam cessado, saiu pela porta em disparado, sem olhar para trás. Foi até seu carro e saiu do prédio como em um dia comum, suas mãos manchadas de sangue inocente, do sangue de alguém que pagou pelos erros que ele cometeu. Jade era uma peça importante no jogo, e, como diz o ditado: a ignorância é uma benção e o conhecimento uma sentença.
Nada parecia fazer sentido, pelo menos para Patrick, Ellen e Raquel. Tudo parecia mórbido e infeliz, como se um dementador tivesse adentrado a empresa e sugado toda a esperança do lugar.

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City of crimes
FanfictionEllen Pompeo é uma investigadora famosa na região de Nova York e investiga um crime onde o principal suspeito é Patrick Dempsey, um magnata que controla ações de uma empresa multi milionária. Mas será que o crime é mesmo tudo que parece ?