Capitulo 5

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A estranheza daquela ligação fez Patrick olhar para o celular incrédulo. Seu primeiro pensamento foi ligar de volta e dizer a ela que ele não tinha tempo para esses jogos, mas no fundo ele sabia que não era bem um jogo. Ela havia ficado com raiva e ligara para descontar toda sua fúria nele, mas desistiu, no ultimo minuto e ele não entendia muito bem porque. Ellen não era do tipo que tomava decisões por impulso, ela sempre fora centrada em tudo que queria e isso só fazia a situação mais estranha ainda.

Patrick se sentou na cadeira do escritório pensativo, precisava de respostas e tinha medo do que poderia escutar caso as procurasse de fato. Ellen era pequena e magricela, mas sua fúria era o dobro de seu tamanho e suas sobrancelhas arqueadas o davam a sensação de que ela poderia matá-lo a qualquer momento. 

Ellen encontrava-se andando em círculos, seus pequenos punhos fechados e suas unhas cravadas nas palmas das mãos. Ela podia sentir a vontade de ligar novamente e dizer poucas e boas para ele, ela queria isso, mas a razão lhe dizia para desistir. Acabou por dormir no sofá depois de relutar, pelo menos, umas 40 vezes contra o desejo de mandar Patrick para o inferno.

No dia seguinte, ao chegar na empresa, Ellen se deparou com Raquel que observava o horizonte atrás da janela de vidro com um olhar distante. Ela parecia um robô parada imóvel apenas respirando, o que fez a loira pensar porque ela se enfiara naquela situação

- Raquel ? - Ellen a chamou retirando-a de seus devaneios, fazendo com que ela se virasse para a loira 

- Ah, oi Ellen - ela disse amigávelmente - o que faz por aqui tão cedo? - ela questionou com um sorriso amarelo

- Preciso de alguns papéis para a investigação, talvez você possa me dizer onde eles estão - Ellen sorriu e se postou ao lado dela 

-O que você precisa? Eu não sei como posso te ajudar, acho que é a segunda vez que eu venho aqui. Eu gosto da vista, é bonita. Mas as vezes eu sinto que a imensidão desse escritório só me faz sentir mais sozinha - ela desabafou, fazendo uma careta e se virando novamente para a janela

-Eu entendo - a loira suspirou tentando deixar a situação menos constrangedora para ambas - vou pedir a secretária, muito obrigada mesmo assim - Ellen sorriu novamente

-De nada - disse no automático, ainda olhando a janela

Ellen se afastou, caminhando a passos largos até a secretária que brincava com o fio do telefone distraída, sem notar que ela se aproximava. Quando Ellen chegou mais perto, a realidade estalou na mente da secretária que levantou o rosto para encará-la

-Oi, você poderia me ajudar a achar uns papéis, é que... - Ellen começou quando uma mão tocou seu ombro com firmeza e ela pode sentir a respiração próxima a sua nuca a fazendo arrepiar e se virar para trás

- Olá - Patrick disse com uma falsa simpatia, olhando nos olhos verdes confusos de Ellen - recebi sua ligação ontem a noite, você sabe. Eu não tenho tempo para seus jogos, sra. Pompeo - ele pigarreou 

-Que jogos? - ela arqueou a sobrancelha não fazendo ideia de onde ele queria chegar 

- Esses de achar que pode me ligar fora da hora do trabalho e não dizer nada, apenas para caçoar da minha cara. Eu te contratei para ajudar a minha empresa, não para ser uma pedra no meu sapato - Patrick respondeu ríspido, olhando para um ponto fixo evitando olhar nos olhos dela mais uma vez

- Eu não estou fazendo nenhum jogo, eu estava com raiva. Pensei em te ligar e falar tudo que tinha entalado na minha garganta, aliás eu me arrependo de ter desligado. Você merecia cada palavra odiosa que eu guardei nesses últimos meses - Ellen praticamente cuspiu as palavras enfurecida. Se virou para sair do ambiente quando ele a puxou novamente pelo braço

- Onde você pensa que vai? - gritou

-Onde eu bem entender, segundo a lei eu sou uma pessoa livre - puxou o braço com força, se livrando de suas mãos que agora estavam cruzadas na frente de seu corpo.

- Você não conhece boas maneiras, sra Pompeo - ele disse em deboche

-Disse quem acabou de segurar o meu braço se achando no direito de mandar em mim- ela deu uma risada falsa, olhando no fundos de seus olhos azuis

Suas respirações se misturaram com a pouca distância, fazendo Ellen respirar um pouco do perfume caro de Patrick. Ela gostava daquele cheiro, mas agora, ela sentia um nó no estomago só de lembrar. Ele deu um passo a frente, a fazendo engolir em seco e dar um passo para trás. Seus olhos mergulhados no azul profundo que estava intrigado com sua atitude. Os olhos de Patrick avistaram sua boca, que formigaram com a intensidade com que ele concentrava-se na pequena cicatriz que ganhara aos 5 anos andando de bicicleta. 

Quando se deu conta da situação, ele a segurava contra a parede, olhando firme em seus olhos verdes, procurando alguma resposta. Ellen jamais daria esse gosto a ele de descobrir seus sentimentos tão vulneráveis.  Sua reputação dizia que ela era alguém sempre muito centrada e jamais agiria por impulso, mas naquele momento, ela queria ser a descontrolada que dá uma surra no cara mais importante da cidade, seus pequenos punhos tremiam com a sedução barata e ela se sentia ofendida por ele achar que era tão fácil assim tê-la

- Ouvi falar que você gosta de homens ricos - ele suspirou

- Eu o que? - Ellen respondeu confusa, voltando a realidade do momento

-Gosta de homens ricos, você é surda ou o que? - ele resmungou 

- Não dá pra ter uma conversa com você, seu narcisista de merda - disse enfurecida - E eu gosto de quem eu quiser, não é da sua conta - se virou para ir embora e bateu a porta com força

Ellen  ficara assustada em como ele tinha mexido com ela naquele dia, mesmo o achando o cara mais patético de Nova York. Ele tinha um olhar penetrante que quase a fazia esquecer que ele era um babaca, mas ainda assim muito charmoso. Talvez ela tivesse uma queda por babacas ou ele fosse muito bom na arte da sedução. Balançou a cabeça tentando afastar esses pensamentos apertando o botão do elevador por pelo menos 15 vezes. Quando ele finalmente chegou ao andar, ela pode respirar aliviada. Soltou um longo suspiro no caminho do sexto andar até o térreo, feliz por ter resistido a um idiota.

City of crimesWhere stories live. Discover now