SINOPSE: esse drabble toma lugar após a morte de Hayley. Freya e Hope conseguem criar uma conexão com magia entre o véu e o mundo real, para que consigam se despedir de Hayley uma última vez. Klaus é o último.
"É hora de dizer adeus" Freya tocou o ombro do irmão, que contraiu-se por segundos. Ele levou a própria mão até o ombro, tocando os dedos da irmã. Seguraram as mãos, firme.
"Diga a ela que eu prometo" a bruxa pediu, e antes que Klaus pudesse questionar algo, tudo tornou-se branco.
Aos poucos, a paisagem se formara na frente dos olhos do híbrido.
Um campo extenso, com flores e árvores altas por todos os lugares. O sol planejava esconder-se discretamente ao fundo das montanhas, enquanto a brisa fria do inverno começava a rondar o ambiente.
"Não achei que você viria" ouviu a voz dela, num tom surpreso.
Virou-se para encontrar ela, os cabelos soltos e ondulados sendo soprados pela brisa de antes. Ela sentou-se no banco, ao lado dele.
Klaus não sabia como reagir.
"Hey" ele murmurou, assimilando as informações. "Hayley, você..–" ele conteve a vontade de segura-lá em seus braços.
Eles ficaram em silêncio. Klaus não sabia se aquilo era apenas uma invenção de sua mente. Parecia real, muito real.
Ela afastou-se, limpando embaixo dos olhos em um movimento rápido e discreto.
"Como está a Hope?" ela perguntou, com medo que sua voz falhasse. Mais uma vez, seus olhares se encontraram. Os olhos dela pareciam pacíficos. Os dele, nem tanto.
"Ela está.." ele interrompeu a frase, chacoalhando a cabeça "você não pode deixar ela assim" ele virou-se para ela, o maxilar trincado "deve ter um jeito, uma solução! Magia..." ele disparou a falar, exasperado. Os olhos arregalados, o nó na garganta.
"Klaus" ela segurou o braço dele, chacoalhando a cabeça em negação. Recebeu apenas o silêncio dele novamente, os lábios entreabertos "Está tudo bem" ela sorriu, mas seus olhos marejavam "eu não me arrependo de nada" ele franziu as sobrancelhas, observando cada detalhe do rosto da mulher em sua frente. Desejou acariciá-ló "família é a única coisa que se vale a pena morrer por" ela sorriu mais uma vez "e essa é uma lição que eu aprendi de você"
Klaus puxou os cantos do lábio em um sorriso fraco, sentindo um aperto no peito.
"E você me deu uma família, Hayley" ele chacoalhou a cabeça em negação "não estamos preparados para te deixar ir" ele encarou o chão, inconformado.
"Hope vai precisar muito de você" ela deu de ombros "e mesmo que eu sempre tenha duvidado um pouco das suas habilidades paternas, não confiaria em mais ninguém no mundo para cuidar da nossa garotinha" depositou a mão no ombro dele, fazendo-o olhar para ela.
Ele sentiu o peso do mundo em seus ombros.
"Que lugar é este, afinal?" ela pigarreou, mudando de assunto. Analisou a bela paisagem que os rodeava "quando Freya veio se despedir, me disse que seria apenas um véu de memórias boas; funciona de formas diferentes para cada pessoa."
"Já viu alguma memória até agora?" ele perguntou, franzindo o cenho.
"Boa?" ela puxou o nariz, com um certo humor mórbido "não muito" deu de ombros.
E nesse mesmo momento, uma risada infantil ecoou pela floresta. Hayley cerrou os olhos em confusão, olhando na direção do som.
Acompanhada por Klaus, observou a imagem de Hope, ainda criança, correndo entre as flores. Logo em seguida, a imagem de si mesma aparecia, correndo atrás da filha. Ambas riam, enérgica. Hope rolou entre as flores, e Hayley atacava-a com cócegas.
"Mamãe, cuidado!" a garotinha exasperou, momentos antes de Klaus jogar-se sobre elas, continuando as cócegas.
A memória desapareceu.
Uma fumaça branca formava a próxima.
"Não se mexam!" Klaus riu, pincelando a tela, enquanto Hayley e Hope posavam para ele, sentadas na grama em baixo da luz do luar.
"Pai, minha boca está doendo de tanto sorrir... podemos parar agora?" Hope implorou.
"Prontinho!" ele anunciou.
"Eu adorei!" Hope elogiou, enquanto Hayley ainda observava em silêncio.
"Eu conheço essa lua de algum lugar" Hayley ergueu as sobrancelhas sugestivamente, lembrando-se do primeiro quadro que tinha visto feito por ele.
"Que bom que você entendeu a referência" Klaus gargalhou, recebendo um soco no ombro por ser pretensioso.
E a memória se desfez no ar.
Outra formou-se.
"Hoje é oficialmente o dia mais quente de Nova Orleans" Hayley resmungou, colocando Hope no meio dos brinquedos no chão. Encarou Klaus, que encarava a TV, assistindo algum tipo de futebol. "Não sabia que você gostava de futebol"
"Eu não gosto" ele deu de ombros "só preciso de um novo hobby"
Freya adentrou a sala, entregando um copo de uísque para o irmão e sentando-se ao lado dele e recebendo um olhar julgante de Hayley.
"O quê foi?" a loira deu de ombros "ser imortal é exaustivo!" riram.
Pararam quando ouviram um barulho.
Uma estátua estava sem cabeça no chão, espatifada. Do lado, Hope, em pé, risonha.
"Ela está andando!" os dois híbridos exclamaram, trocando olhares animados.
"Eu preciso filmar isso!" Freya prontificou-se.E mais uma vez, tudo sumiu. Agora, a paisagem voltava ao normal e Hayley tinha os olhos molhados.
Percebeu então que tinha sua mão firmemente entrelaçada com a mão de Klaus.
Soltou-a, assentindo com a cabeça.
"Uau." Klaus suspirou "elas não foram... reais."
"Não" Hayley sorriu largamente, emocionada "essas são as melhores memórias que nós nunca pudemos ter" ela deixou algumas lágrimas escorrerem, vendo uma luz aparecer alguns metros em sua frente.
"Agora nós temos" ele retornou, vendo ela assentir com a cabeça. Ele sentiu lágrimas pesadas e solitárias rolarem por suas bochechas.
Se abraçaram. Pela primeira vez em anos. Parecia tão real.
"Freya me disse para te dizer que ela promete" ele entregou a mensagem, antes que fosse tarde demais, ainda segurando-a em um embaraço.
Hayley ergueu os olhos para cima, encarando o céu, deixando que lágrimas caíssem. Riu, em um momento doce, porém amargo.
Soltou Klaus e encarou-o, sentindo a luz aproximar-se.
"Agradeça ela por mim" ela pediu, com a voz entrecortada.
"O que ela prometeu?" ele quis saber, enquanto ele sentia que ela desapareceria. Ela hesitou.
"Eu pedi que ela cuidasse de você enquanto eu não estivesse por perto" ela confessou, sendo iluminada.
"Hayley, eu não sou bom com despedidas–" ele exasperou, por último, com voz de choro.
"Isso não é uma despedida, Klaus"
ela sorriu, antes de sumir no ar.