Destinos Cruzados - DEGUSTAÇÃO

Capítulo 9

— Quem era? - Dulce pergunta ao ver a feição da neta.

— Hope!

— Essa garotinha gosta mesmo de você.

— Também gosto dela, é uma criança diferente das demais que geralmente me estressa, ela e o Júnior. - Zoe ri. - Estou indo vó, bênção!

— Deus te abençoe. Vai com Deus e bom trabalho.

•••

— Filha, p...

— Não fiz nada de errado. - Hope interrompe o pai e faz cara fofa.

— Por que a Zoe? Tantos contatos e vai logo em uma pessoa que nem conhecemos direito. - Oliver senta ao lado dela.

— Porque sim, ela é legal e gosto dela. A conheço, conversamos muito e sei um monte de coisa dela. Zoe tem vinte e seis anos, é uma médica linda, tem um sorriso mais lindo ainda, o nome da avó dela é Dulce e ela é uma vozinha muito legal e fofinha. - Hope sorri ao lembrar da Dulce. - A mãe e o pai dela morreram, Laila é a melhor amiga dela e é como irmã, o Júnior, que é o filho da Laila, é o afilhado dela e ele tem dois anos. Zoe gosta de assistir jogos de futebol e odeia cozinhar, ultimamente só trabalha à noite, ela gosta de ver séries, escutar músicas sertanejas...

— Já sabe tudo isso? - Oliver beija a cabeça da filha.

— Sei mais olha...

— Acredito, vocês se conhecem. Sabe se ela tem namorado? - ele fala mexendo no celular.

— Não sei, dá próxima vez pergunto. - Hope sorri.

— Nunca mais pega meu celular sem minha autorização e supervisão, se fizer isso vai ficar de castigo.

— Desculpa! - Hope dá de ombro.

— Sobre sua mãe, assim que ela foi embora te disse que farei de tudo para evitar que você veja essas nossas desavenças e vou cumprir isso. Sei que te mágoa e faz mal, mas infelizmente não nós entendemos por vários motivos que sempre desencadeiam outros que geram brigas sem fim. Desculpa mesmo, amor, dou minha palavra que evitarei te envolver nisso.

— O que desavença significa? - Oliver ri e a abraça.

— Preciso ir, estou atrasado. Dani já está aí, seja obediente.

— Tchau! Bom trabalho papai.

Uma semana depois

— Oi! - Oliver disse sorrindo ao ver Zoe no corredor do supermercado.

— Oi, Oliver! - ela o olha sorrindo.

— Como você está? - ele fala a olhando nos olhos.

— Estou bem. Você pelo jeito já perdeu sua timidez comigo.

— Hã? - Oliver fica sem jeito e coloca às mãos no bolso.

— É que não ficou vermelho como das outras vezes, me olhou nos olhos e está conversando normalmente, sem ser super baixo e não gaguejou. - Oliver sorri enquanto meneia a cabeça. - Você tem um belo sorriso.

— Você já se viu sorrindo? O seu sim é lindo, diria que é perfeito e encantador.

— Obrigada. - Zoe fica sem jeito e olha em volta. - Não trouxe a Hope?

— Ela está com a mãe, foram para a Bahia.

— Conversou com elas?

— Com a Hope sim, mas com a Jéssica é impossível, não me escuta e do nada começa gritar. É louca, acha que manda na minha vida, diz que sou um péssimo pai e mais um monte, mas estou evitando ter brigas na frente da Hope, até engoli sapos por ela.

— Não é um péssimo pai, pelo contrário.

— Não sou um perfeito, mas sempre me dedico e ela só fala isso porque não aceita que cuido melhor da nossa filha, também para me provocar sabe? Só chamar a atenção.

— Talvez ainda goste de você e por isso deseja sua atenção. - Oliver ri.

— Ela não gosta de mim, não mesmo!

— Então por que faz isso?

— Porque é uma folgada e não aceita que conheço nossa filha mais que ela, que cuido dela muito melhor, não aceita me ver feliz e em paz, sem ela ter qualquer domínio sobre mim como antes.

— Licença, moça! - um senhor que queria passar com o carinho disse pra Zoe que estava parada no meio do corredor.

— Claro! - ela afasta.

— Zoe, quer toma um sorvete depois que terminamos aqui? - Oliver disse receoso e fica vermelho.

— É, - Zoe o olha e ri ao notar que ele ficou vermelho. - não pode ser açaí? - Oliver sorri com a resposta.

— Você que manda. Então... Bom...

— Quando terminar aqui te ligo e nos encontramos no estacionamento ou em outro lugar. - Ela fala por notar o nervosismo dele. - Respira, Oliver.

— Ótimo! Eu... Vou ter... Termina de fazer as minhas compras. - Zoe ri e ele sai a olhando.

— Ok, ele é oficialmente muito interessante e quero o conhecer mais.

•••

— Achei que comeria açaí. - Zoe fala o observando.

— Não gosto, Hope que adora essa coisa.

— Já provou?

— Não.

— Então como sabe que não gosta? - Zoe apoia o cotovelo na mesa e o olha nos olhos.

— Sabendo, uai! É como filmes e livros, pelo gênero e sinopse sabemos se vamos gostar e fazemos esse julgamento de acordo com o nosso gosto e com o que temos costume de ler ou assistir. É a mesma coisa com o açaí, não precisa provar para saber se gosto ou não, a aparência associada as coisas que tenho costume de comer e que gosto, me fizeram chegar a essa conclusão. - Oliver coloca um pouco de sorvete na boca e a olha. - Você tem um jeito intimidador de me olhar. - Zoe ri.

— Não, não pode comparar um livro ou filme com um alimento, é totalmente injusto! Aliás, não se pode julgar um livro ou filme pela capa e sinopse.

— Por quê? - Oliver ri - Me diz quantas coisas que só de olhar soube que não gostava ou te agradava? É tipo achar uma pessoa feia quando todos acham bonita.

— Só sei que açaí é muito bom e está perdendo.

— É tão bom que para conseguirem comer colocam um monte de coisa para esconder o sabor do açaí. Se fosse realmente gostoso comeriam puro, como sorvete.

— Seus argumentos foram bons, apesar de não concordar, mas não vou discutir porque os meus não serão melhores. - Zoe fala e sorri.

— Ou seja, estou certo. - Zoe faz que não com a cabeça. - Você tem mesmo um lindo sorriso. - Oliver fala encantado e ela fica envergonhada. - Você não fez especialização em nada?

— Não, não vi necessidade já que nunca quis trabalhar em uma área específica. Um médico geral pode atender vários tipos de pessoas e situações, um especializado é geralmente na sua área. Sempre quis ser médica, mas não uma de determinada especialidade. Assim posso fazer cirurgia, atender crianças e várias coisas.

— Então foi uma opção?

— Isso aí! Os anos como residente me fizeram ser uma clínica geral mais eficiente e capaz de atender a necessidade do cargo.

— Isso é bem legal. - Oliver disse sorrindo. - Médicos são um tipo de heróis, assim como bombeiros e todos o pessoal de farda. Nunca vou esquecer como ajudou minha filha, nem a conhecia e não excitou em ajudar e cuidar da situação.

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