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Pov Narrador

2010.

Elídio, um professor de matemática que ama o que faz. Estava namorando a três anos com Roberto. Já fazia alguns meses que dava aulas extras na intenção de conseguir mais dinheiro. Convenhamos que esse trabalho não paga muito, é verdade, mas Elídio ama ser professor.

Queria pedir Roberto em casamento, e para isso, estava decidido a comprar a aliança mais linda, aquela que seu namorado havia visto fazia um tempo. Contudo, na hora que a viu, Elídio percebeu que era cara demais, ainda mais para um salário de professor, porém estava decidido a comprá-la. Custava R$ 10.000,00 reais e ele a compraria, levando o tempo que fosse necessário, afinal, ele e Roberto ficariam juntos por muito tempo, a vida inteira, certo? Você deve estar se perguntando: "por que ele simplesmente não parcela sua compra?" Simples: a loja só parcelava em 10 vezes, e ele não tinha como pagar R$1000,00 reais por mês, ficaria muito apertado.

Finalmente, depois de alguns meses, conseguiu o dinheiro; bem, parte dele. Ficou faltando R$ 4000,00 reais, mas ele não aguentava mais esperar, estava ansioso para comprar logo; então ligou para Anderson, seu melhor amigo desde o Ensino Fundamental, pedindo dinheiro emprestado. Como Anderson é um empresário de sucesso, certamente esse dinheiro não lhe faria falta e Elídio não precisaria se preocupar em pagar rápido; sabia que o amigo era generoso.

E ele estava certo, Anderson mesmo sem saber para que era o dinheiro, disse sim de imediato. Porém, quando Elídio contou ao amigo qual o motivo de pedir tal valor, Anderson não gostou, e Elídio sabia disso. Nesses três anos que estava com Roberto, Andy nunca gostou dele. Não sabia explicar o porquê, só não sentia uma boa sensação vinda dele, ainda mais depois do ocorrido em 2009: na festa de noivado de Anderson, Roberto ficava flertando com todos os homens ali presentes toda vez que Elídio ia buscar uma bebida, ou ia ao banheiro e não estava por perto. Mas Elídio estava tão apaixonado e cego que ignorava todos os avisos de Anderson.

─ Tudo bem, Elídio. Se é o que quer, faça, mas se você se arrepender, não diga que não avisei, não quero ninguém chorando no meu ombro. Vou transferir o dinheiro. - Anderson disse, terminando a ligação.

Elídio sabia que o amigo só queria protegê-lo, sempre foram como irmãos. Mas estava decidido, amanhã seria o dia.

Sexta-feira. Acordou e antes de ir para a faculdade dar suas aulas, passou na joalheria, comprando a tão esperada aliança. Era maravilhosa. E agora era esperar.

O dia passava lentamente, deixando-o ansioso e nervoso. Por algum motivo, hoje pôde sair mais cedo do trabalho. "Será o destino me ajudando?" pensou alegre, enquanto ia para seu carro a caminho de sua casa. No meio, parou numa floricultura e comprou um buquê de rosas, o maior da loja. "É hoje!" pensou e suspirou logo em seguida.

Chegou em casa mais cedo do que normalmente; tinha a caixinha da aliança em uma mão e o buquê na outra, mas também tinha uma sensação ruim invadindo seu corpo. Ignorou isso, abrindo a porta, entrando na sua casa. Ao fechá-la, ouviu barulhos vindo do seu quarto, e resolveu segui-los. A porta estava entreaberta, e ao entrar, não podia acreditar no que seus olhos estavam vendo. Não, não podia ser. Não era real. "É só um pesadelo, anda Elídio acorda!" repetia em seus pensamentos, tentando acreditar que era um pesadelo. Não era possível que isso estava acontecendo; Mas estava. Bem ali na sua frente, três anos jogados no lixo. Três malditos anos jogados no lixo.

Tudo o que queria era fazer uma surpresa para seu namorado, porém quem ficou surpreso foi ele mesmo, ao flagrá-lo com o amante em sua cama. A pior cena que alguém poderia ver.

Com lágrimas nos olhos, jogou o buquê no chão e saiu sem rumo. Ele corria e tentava ao máximo segurar suas lágrimas. Correu até um pequeno hotel e pediu um quarto apenas para passar a noite. Chorou muito, madrugada a dentro, até que finalmente se acalmou e conseguiu dormir algumas horas. No dia seguinte, levantou por volta do meio-dia, e estava decidido sobre o que fazer. Pagou pela noite e foi até sua casa, encontrando o homem que tanto amava, e que agora só sentia raiva e nojo.

Recomeço?Onde histórias criam vida. Descubra agora