Aproximação

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Meu nome é Carlos. Carlos Eduardo de Oliveira Assis.

Tenho 35 anos. Sou divorciado. Não tenho filhos.

Sou advogado, trabalho na área ambiental, e sou sócio de um grande escritório.

Meu sonho era ser ambientalista, eu queria estudar Ciências Biológicas, mas meus pais me convenceram a fazer direito.

Meu pai era um advogado tributarista respeitado, e me apresentou o ramo do direito ambiental, dizendo que eu poderia atuar na proteção do meio ambiente através da advocacia. Eu acreditei e segui seu conselho, mas assim que eu comecei a trabalhar, percebi que a coisa não era bem assim.

De todo modo, acabei gostando bastante do direito, principalmente quando percebi o quanto eu poderia lucrar, se não me preocupasse tanto com certos "detalhes" e fosse mais, digamos, pragmático.

Bom, mas vamos em frente, não estou aqui para falar de trabalho. Essa aqui é uma história de amor. Sim, um homem pode escrever sobre o amor sem falar em sexo (embora eu não seja esse homem). Minha história tem sexo sim, aliás, o sexo foi a base da minha história de amor por um tempo, embora não se resumisse a isso. Não vou contar os detalhes mais íntimos aqui, porque não acho que isto vá interessar a ninguém, mas vou falar sobre ele todas as vezes que achar relevante.

Ta bom, agora vamos à história.

A personagem principal da minha história se chama Isabel. Eu a conheci na faculdade (parece que todas as histórias de amor começam na faculdade). Tudo na vida é moldado nesta época, todas as decisões importantes são tomadas durante a faculdade. As pessoas se conectam definitivamente nesta época. Amigos, inimigos, paixões, amores. Tudo é definido durante os anos de faculdade.

Enfim, Isabel não era estudante de direito, ela estudava Biologia.

Como eu disse antes, meu sonho era fazer Ciências Biológicas, mas acabei optando pelo direito, decidido a seguir para a área ambiental. Para amenizar meus instintos de seguir meu verdadeiro sonho, e com a desculpa de aprimorar meus conhecimentos na área ambiental e ser um advogado melhor, fiz várias matérias eletivas na biologia (na geografia também, mas isso não vem ao caso), e foi assim que conheci a Bel.

Eu não reparei nela logo de cara, mas em uma loira maravilhosa que fazia a matéria com a gente. Sempre gostei de loiras, e a Carolina era a loira padrão dos meus sonhos: Cabelos longos e lisos, sempre soltos ou presos em um rabo de cavalo, olhos verdes, boca vermelha, seios fartos, corpo esguio e delgado. Lembro-me que ela vestia calça jeans justa e baixa, camiseta branca, levemente larga, terminando logo acima da calça, fazendo com que um pouco da pele aparecesse quando ela erguia os braços, ela usava um colar comprido e sandálias, lembro-me perfeitamente. Por outro lado, não faço ideia de como Isabel se vestia naquele dia. Provavelmente um vestido colorido ou uma bata larga, naquele estilo riponga dela.

De fato, Isabel não era o tipo de mulher que me chamaria a atenção logo de cara. Ela não era nem um pouco feia, na verdade, ela era uma das mulheres mais bonitas que eu já conheci, mas não era muito atraente, ao menos para mim. Se eu estivesse em uma festa ou boate, Isabel não seria a mulher que eu procuraria para passar apenas uma noite. Esta seria Carolina.

Carol era bonita, e sabia disso, embora ela não fosse uma mulher metida. Talvez eu fosse um homem arrogante.

Veja bem, eu era um cara bonito, me vestia bem, tinha um carro razoável, as mulheres não costumavam me rejeitar. Carol não me rejeitou, mas deixou claro que era ela quem dava as cartas. Ela percebeu o meu olhar insistente desde que entrei na sala de aula e veio falar comigo. Ela se apresentou sem nenhuma modéstia e perguntou se eu era calouro, já que ela ainda não te me visto no curso. Eu disse que era aluno de direito. Ela sorriu e disse que se lembraria, caso tivesse me visto antes. Depois saiu para falar com os amigos, sem sequer me apresentar a eles.

Depois que o professor chegou e na hora seguinte, eu fiquei encarando a nuca dela, que sentou-se à minha frente e parecia tentar me provocar. Ela remexia os cabelos, que estavam soltos, de um lado para o outro, até que em um momento, ela os levantou, torceu e fez um coque, prendendo-o com um lápis, que ela pegou em cima da minha mesa. Ela sorriu e disse que me devolveria mais tarde. Eu devolvi o sorriso, pensando que não seria apenas o lápis que eu pegaria dela mais tarde.

Após a primeira hora de aula, o professor fez um intervalo de 10 minutos, que eu aproveitei para tomar um café e ir ao banheiro. Quando retornei, todos estavam sentado em dupla para um trabalho. Carolina já havia formado par com uma colega, sorriu para mim e virou-se para o professor:

—O Carlos tá sozinho. Podemos formar um trio?

Eu fiquei satisfeito pela iniciativa, já que eu mesmo tinha pensado em pedir a ele.

O professor olhou para a porta e então respondeu:

—Não é necessário. Ele vai fazer dupla com a outra colega atrasada.

Só então eu percebi a Isabel. Como eu disse antes, não me lembro de como ela estava vestida, mas me lembro que seus cabelos negros estavam presos em um coque, desses bagunçados de quem sai com pressa sem tempo de se arrumar. Me lembro do penteado, porque era assim que ela usava os cabelos na maior parte do tempo. Assim ou trançado. Ela usava aquelas tranças elaboradas de lado, ou tipo Maria Chiquinha. Demorei muito tempo para saber como era o cabelo dela realmente. E me lembro que quando a vi com os cabelos soltos pela primeira vez, fiquei sem reação, só pensando no quanto eles eram bonitos, no quanto ela era bonita. Mas isso eu conto depois.

Então, sentei-me com a Isabel e me apresentei:

—Oi, eu sou o Carlos.

—Sim, o Carlos do direito. Ouvi você dizer à Carol. Eu sou a Isabel, na falta de um nome melhor.

Ela riu alto e eu achei graça, acabei rindo junto com ela.

A química entre nós foi imediata. Em menos de 10 minutos, já éramos amigos. Isabel era divertida e fazia com que eu me sentisse à vontade. Acabaramos de nos conhecer, mas eu sentia com se fossemos amigos de longa data. Ela era inteligente e paciente, me ajudou com a matéria e se ofereceu para me ajudar a estudar, já que eu estava achando muito difícil. Nós fomos os últimos a terminar o trabalho, porque ficamos conversando e rindo o tempo todo. O professor anunciou o fim da aula e eu fui entregar o trabalho, quando virei-me para voltar, Isabel já tinha saído.

Quando eu estava indo embora, passei pelo ponto de ônibus e vi Carolina parada ali. Parei o carro e lhe ofereci carona.

— Para onde você está indo? — Ela perguntou.

— Pra onde você quiser.

Carolina sorriu, mas fez-se de durona.

—Não, obrigada. Meu ônibus está logo ali.

Antes que eu pudesse responder, Isabel apareceu na minha janela.

—Eu aceito a carona.

Ela atravessou na frente do meu carro e abriu a porta do carona, entrou no carro e prendeu o cinto.

—Vamos embora, vamos! — Ela sorriu brincalhona.

Eu sorri de volta e então me lembrei de Carolina, mas ela já tinha entrado no ônibus, que estava parado atrás de mim.

Daquele dia em diante, Isabel e eu nos tornamos melhores amigos.

Amor, em primeira pessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora