Sexo

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O sexo para mim sempre foi algo natural em um relacionamento. Eu sentia desejo por uma mulher, eu estava com esta mulher, nós transávamos, nada demais.

Mas com Isabel, não foi assim tão fácil. Ela era minha melhor amiga e nós estávamos namorando. Eu a amava. Isto era um fato. E ela era especial. Eu não queria estragar as coisas, não queria que ela se como qualquer outra mulher. Eu queria que ela soubesse que ela era diferente para mim. Eu só não sabia como.

Já estávamos namorando havia quase dois meses e ainda não tínhamos feito sexo. Naquela época eu morava com meus pais e ela morava com os dela, não dava simplesmente para levá-la para casa. E eu não queria fazer isso no carro ou em um motel. Não na primeira vez.

Eu estava sem saber o que fazer. Embora estivesse louco de vontade, não sabia como abordar o assunto sem parecer ansioso. As coisas já estavam bem quentes entre nós e eu sentia que ela também queria. Tanto que foi ela quem tomou uma atitude.

Isabel sugeriu que passássemos o fim de semana na serra. Eu disse que era uma boa ideia e perguntei se ela queria que dormissem os em quartos separados.

— Por quê? Nós não somos namorados?

— Claro, eu só pensei que talvez você quisesse privacidade.

— Privacidade? O que eu quero é ficar com você! A gente combina assim: ficamos no mesmo quarto, quando você precisar de "privacidade", eu espero do lado de fora. Quando eu precisar, faço o mesmo.

Nós dois rimos. Eu adorava a naturalidade com que Isabel falava as coisas, sem frescura.

Quando chegamos no quarto, havia uma cama de casal bem grande e outra de solteiro. Eu esperava dormir com ela, mas não falei nada. Nós deixamos nossas coisas no quarto e fomos passear. Voltamos a noite, depois do jantar.

Isabel pediu para tomar banho primeiro. Ela entrou no banheiro vestida. Ouvi quando ligou o chuveiro. Fiquei imaginando o corpo dela, a água escorrendo por sua pele nua, a mão dela descendo pelas curvas do seu corpo enquanto ela esfregava o sabonete por sua pele. Pensei em entrar no banheiro e me oferecer para ensaboá-la. Sorri com a ideia.

Acho que passei tempo demais imaginando, porque ela logo saiu do banheiro, vestida com pijamas: um short curtinho, deixando boa parte de suas lindas pernas a mostra e delineando seu bumbum perfeito, camisetinha de alças finas, destacando os seios redondos e firmes da minha namorada. Ela caminhou em minha direção, então curvou-se para me dar um beijo. A alça da camiseta escorregou e ela a colocou no lugar, sorriu e disse que era a minha vez.

Entrei no banheiro, já pegando fogo. Liguei a água fria e deixei-a descer pelo meu corpo, para tentar me esfriar. Do jeito que eu estava, eu seria nocauteado pelo meu próprio desejo. Fechei os olhos e tentei relaxar. Então escutei uma melodia vinda do quarto. Isabel tinha colocado uma música para tocar bem baixinho. Não sei se era o meu estado de espírito naquela hora, mas a música sensual que tocava me parecia um convite.

Deixa eu decidir se é cedo ou tarde/Espere eu considerar/Ver se eu vou assim chique à vontade/Igual ao tom do lugar

Naquela hora, comecei a imaginar Isabel dançando para mim, me olhando enquanto tirava a roupa. O calor voltou.

Deixa/ deixa o verão/ deixa o verão pra mais tarde.

Eu desejei que ela entrasse no banheiro e invadisse meu banho. Desejei nossas bocas unidas e nossos corpos nus e molhados, grudados um no outro.

Ela não veio.

Desliguei o chuveiro e peguei a toalha. A música mudou e eu ouvi a voz dela, cantando junto com Rita Lee.

Meu bem você me dá água na boca/vestindo fantasias, tirando a roupa

Lembrei-me que não tinha levado a roupa para o banheiro. Enrolei a toalha ao redor da cintura e sai.

Isabel estava sentada na cama de casal, as costas encostadas na parede e as pernas dobradas à sua frente. Ela olhou para o meu rosto e desceu os olhos pelo meu corpo, sorrindo e cantando baixinho:

A gente faz amor, por telepatia/ no chão, no mar, na lua, na melodia

Ela virou-se e ficou de quatro na cama, de frente para mim, depois engatinhou em minha direção. A alça da camiseta escorregou pelos ombros dela, deixando parte dos seios a mostra, ela cantando quase num sussurro:

Mania de você/ de tanto a gente se beijar/de tanto imaginar loucura

Então eu sabia que era a hora. Arranquei a toalha e caminhei para ela. Eu a peguei nos braços e a beijei, com toda a paixão e todo o calor que estavam acumulados no meu corpo por todas aquelas semanas. Ela retribuiu, mostrando-me o calor era recíproco.

Nós fizemos sexo e foi maravilhoso.

Não, nós fizemos amor.

O meu tesão por ela, não era um tesão de ter, mas um tesão de viver. Não era fazer sexo e se sentir alíviado. Era fazer amor e querer ficar abraçado, beijar, conversar. Era a melhor sensação do mundo.

Amor, em primeira pessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora