Coloridos

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Não demorou para que Isa e eu voltássemos a ser amigos como antes. No começo foi bem difícil ficar perto dela sem poder beijá-la ou tocar o seu corpo, mas eu sabia que não podia passar dos limites com ela, eu a perderia totalmente. Assim, em poucos meses, nós já saíamos juntos, passávamos horas conversando, bebendo e rindo.

Nós começamos a ter outros relacionamentos amorosos e falávamos com o outro sobre isso. Eu não era de namorar, mas sempre estava com alguém. Ela, sempre tinha uma legião de apaixonados e alguém querendo namorar com ela. Foi justamente assim que nós dois começamos a transar.

Isabela arranjou um namorado. Ela dizia que gostava dele, que era um cara legal, mas não parecia de fato apaixonada. No começo ela estava bem empolgada, mas depois que eles fizeram sexo pela primeira vez, ela ficou decepcionada. Segundo ela, o rapaz não sabia satisfazê-la. Ele era apressado, frio e os dois não combinavam.

—Não como você e eu Carlos. Nossas transas eram épicas!

—Tenho que concordar. A gente combina muito! Até agora eu não encontrei uma mulher que me deixasse tão... satisfeito, como você deixava.

Nós estávamos em um bar e tínhamos bebido um pouco, mas não estávamos bêbados. Isabel parou um pouco, séria, então olhou para mim, como quem tivesse feito a descoberta do século. Ela sorriu e falou baixinho:

— Carlos, Você confia em mim?

— Claro!

— E você me ama? Sou sua melhora amiga de verdade?

— Você sabe que sim Isabel. Eu nunca confiei nem amei tanto alguém como eu amo e confio em você.

— Que bom, porque eu sinto o mesmo por você. E eu acho que a gente devia transar!

Eu parei um pouco, tentando entender o que ela tinha dito. Será que eu ouvi direito?

— Como é que é? Isa, eu acho que não entendi o que você disse.

— Claro que entendeu! É muito simples Carlos, nós somos amigos e confiamos um no outro. A gente já namorou e então não temos muita frescura. Se estamos a fim de transar e não temos outras pessoas, por que a gente não pode resolver o problema um do outro?

— Simples assim Isabel?

— Simples assim Carlos!

Confesso que a ideia me chocou logo de cara, mas depois de alguns segundos, começou a fazer sentido pra mim.

— Quer saber Isabel? Eu acho que essa ideia é ótima! Vou ser seu pau amigo!

Ela soltou uma gargalhada gostosa e nós dois saímos dali para o motel mais próximo.

Daquele dia em diante, nossa amizade foi além. Nós tínhamos um acordo: ficaríamos juntos sempre que estivéssemos carentes ou com vontade de transar. Isabel dizia que isto era melhor do que ficar com qualquer um só para ter algum prazer. Eu concordava com ela.

Havia uma regra: Nós nunca poderíamos fazer isso quando estivéssemos em um relacionamento. Para mim, isso nunca foi problema, eu nunca namorava. Assim, sempre que ela me queria, ela tinha.

Mas havia dois problemas no nosso arranjo: o primeiro, era que eu não me esforçava nem um pouco para ficar com outras mulheres. Eu queria Isabel, e só ela. O segundo problema, era que, diferente de mim, Isa gostava de estar em um relacionamento, e ela não tinha medo de arriscar. E como não faltavam pretendentes, ela sempre estava namorando alguém. Eram namoros curtos, o mais longo durou 4 meses. E ela sempre se recusava a ficar comigo nessa situação.

Às vezes eu ficava com ciúme dos namoros dela. Uma vez eu a confrontei:

— Por que a gente não volta a namorar? Nós gostamos de ficar juntos, nos damos bem em todos os sentidos, a gente se ama. Eu não me interesso por nenhuma outra mulher e você fica tentando, tentando, mas não dá certo com ninguém também. Por que não podemos tentar de novo?

— Porque não somos bons como namorados. Eu te amo muito e não quero sofrer daquela maneira outra vez. Eu não suportaria se as coisas entre nós dessem errado mais uma vez.

Eu senti meu coração apertado, lembrando de que a fiz sofrer, primeiro pelo meu ciúme, que tentou oprimi-la, depois pelo distanciamento e as traições.

— Eu queria tanto que você me perdoasse por isso Isa. Me arrependo tanto por tê-la feito sofrer.

—Eu sei Carlos, eu já te perdoei. Eu sei que você não teve a intenção de me machucar, mas você não pôde evitar. É por isso que não vamos namorar nunca mais, entendeu?

Eu entendi, e resolvi não tocar mais no assunto.

Amor, em primeira pessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora