O jantar

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Isabel foi atrás dos filhos e me deixou sem respostas. Ela agiu como se não esperasse me ver de novo, mas parecia assustada, com medo mesmo.

Agora que eu sabia que aquelas crianças eram de Isa, eles se pareciam muito com ela, tinham os mesmos olhos e cabelos, eram crianças lindas.

Os clientes foram deixando o restaurante, que ficou vazio. Eu resolvi comer alguma coisa, planejando esperar Isabel sair para tentar falar com ela de novo.

Alguns minutos depois, uma senhora entrou no lugar e eu a conheci imediatamente. Levantei-me da cadeira do balcão e fui cumprimentá-la.

—Dona Carmem? Lembra de mim?

—Carlos? É você mesmo? O que faz aqui?

—Sou eu mesmo. Vim conhecer o paraíso pelo qual sua filha me trocou anos atrás. E confesso que estou achando que ela fez um bom negócio.

Eu a convidei a se sentar para conversarmos e ela aceitou.

—Você já falou com Isabel?

—Rapidamente. Ela teve que entrar correndo para cuidar dos filhos.

—Ah, então você conheceu os gêmeos.

—Gêmeos? Por isso eles são tão parecidos em tamanho. São muito bonitos. Mas eu só os vi correndo para lá e para cá.

Ela riu.

—Eles são lindos mesmo! E muito espertos, agitados. Eles são a vida da Isa, desde que nasceram.

—Eu imagino. Mas e o pai das crianças? É alguém aqui do parque? Ela se casou?

Dona Carmem me olhou de forma estranha, então suspirou antes de falar.

—Minha filha não se casou, ela não teve sorte no amor. Desde que ficou grávida, ela nunca mais namorou ninguém e só vive para o trabalho e para os meninos. Por que você não vem jantar conosco essa noite? Assim você conhece os gêmeos melhor e a gente conversa mais. Agora, tenho que levar as crianças para casa.

Dona Carmem me pediu para esperar um pouco, foi lá para dentro e voltou com as crianças.

— Venham aqui, deixa a vovó apresentar um amigo para vocês. Esse aqui é o Carlos, ele vai jantar conosco essa noite. Digam olá para ele.

—Olá Carlos! — Disseram ao mesmo tempo.

—Oi crianças. Como se chamam?

—O meu nome é Raquel e o dele é Raul.

—Ah! Muito prazer. Não vejo a hora de ir jantar com vocês essa noite. Será que vai ter sorvete?

—Não, lá em casa não tem sorvete. -— Falou Raul, decepcionado.

—Hum, então eu acho que eu vou levar um pouco, o que vocês acham?

As crianças sorriram animados e Dona Carmem me entregou um papel com seu endereço anotado. Eu voltei para o hotel, já que tinha perdido o resto do passeio com o grupo. Fiquei curioso para saber mais sobre os gêmeos e o pai deles. Eu queria saber o que aconteceu entre ele e Isabel, se ela o amou, e por que ele a abandonou com os filhos. Eu precisava saber se ela sofreu e se ainda sofria por ele.

Na hora combinada, cheguei ao endereço de dona Carmem. A casa ficava no meio do caminho, entre o parque e o centro da cidade, há uns 20 minutos do meu hotel. Toquei a campainha e o portão eletrônico foi aberto. Já estava escuro, mas eu vi que havia um quintal bem grande, com árvores e uma horta. Não era um sítio, mas uma pequena chácara, como Isa sempre quis. Bati à porta da frente e Isabel veio me atender. Ela sorriu formalmente e me cumprimentou.

Amor, em primeira pessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora