Capítulo 1

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Suspirei cansado, vendo a fumacinha sair dos meus lábios e minhas narinas devido ao tempo, meus ombros e dedos estão doloridos de carregar as sacolas de compras, não por serem pesadas para mim, sempre fiz exercícios e carreguei coisas pesadas na fazenda e isso me deixou mais forte, mas sim pelo tempo em que as carrego. O Café é longe do meu prédio, com minha moto no concerto acabo chegando mais tarde em casa do que o comum, e ainda ter que fazer horas extras no Café para pagar o concerto da moto e ainda assim sobrar dinheiro para as contas do apartamento.

Está sendo realmente puxado esses últimos dias. Sempre trabalhei no campo e posso afirmar que era muito mais cansativo do que apenas trabalhar num Café, ainda mais com funcionários simpáticos e um patrão tão gentil e compreensivo quanto Seokjin, mas aqui é cidade grande, nada de ar fresco, silêncio de paz, tranquilidade pelas ruas... Tudo aqui é mais movimentado, barulhento, corrido e poluído.

Meus pensamentos foram interrompidos quando meu corpo foi levado ao chão de forma brusca, me fazendo ganhar um belo arranhão na bochecha. Grunhi de dor e susto.

- Porra... - xingo baixinho, olhando para baixo. Eu havia tropeçado num pé pequeno e sujo. Franzi o senho.

Levo meu olhar até o dono daquele pezinho adorável, vendo um corpo alí, no meio de um monte de sacolas de lixo fedorentas.

- M-mas... Que isso? - levanto rapidamente, me afastando de quem quer que seja a pessoa. - Ah, meu Deus... Eu nem me acostumei com a cidade e já me tornei testemunha de um crime! - me desespero, olhando aquele corpo de longe. - Por que eu tive que esquecer o celular em casa?! Eu devia ligar pra polícia...

Ainda pensando nas diversas possibilidades para ter um corpo desacordado no meio do lixo num beco escuro e deserto como aquele, me aproximo devagar, tentando ver de longe algum sangue ou alguma evidência de que foi realmente um assassinato, no entanto, me surpreendi. Não havia nenhuma gota de sangue no corpo, fora alguns pequenos cortes superficiais, aquilo me aliviou um pouco por saber que não iria me deparar com uma cabeça degolada, órgãos à mostra ou algum corte de facadas. Assim, passei a reparar um pouco mais no ser.

Tinha uma pele mais morena do que a maioria dos asiáticos, apesar de estar todo sujo, era um garoto, não dava para ver seu rosto pois estava escondido dentre tantas sacolas de lixo e o corpo estava um pouco de bruços e um pouco de lado. Percebi finalmente que estava completamente nu, o corpo estava apenas com muitas cordas. As cordas grossas prendiam os braços para trás, enrolavam a cintura, peito, ombros, e prendia as coxas e canelas do garoto, o impossibilitando de qualquer movimento. Pareciam tão arroxadas... Aquilo fez uma dor crescer em meu peito. O garoto parecia ser muito jovem.

O que também me assustou foi a calda felpuda que vi um pouco acima do bumbum alheio, que a propósito fez meu rosto ganhar uma leve ardência ao perceber que estava descoberto também. Minha respiração estava pesada, principalmente ao ver o estado da calda do híbrido. O rabinho peludinho e adorável estava arrarrado num nó apartemente muito arrochado de uma corda igualmente grossa e áspera, dobrado e preso junto às suas costas.

Então é assim que tratam híbridos aqui? Pensei que eles fossem amados e cuidados, mas são tratados como objetos e quando "perdem" o valor as pessoas os amarram como bichos mortos e jogam no lixo. Eles não têm culpa de nada, certo? São apenas pessoas indefesas que nasceram para ser cobaias de experimentos bizarros e usados para o entreterimento das pessoas. É doentio. - penso, observando a cena horrenda. - E se... Ele estiver vivo? - aquele pensamento acendeu uma esperança em mim.

Me aproximo devagar do corpo machucado, sem saber onde pegar para tira-lo dalí. Seguro a corda em seu peito e o ombro do garoto, puxando-o para cima e arrastando o mesmo até deita-lo em meu colo, me ajoelhando alí mesmo. Apoio sua cabeça, notando os cabelos loiros e macios como ceda. As orelhas felinas eram notáveis, também eram loiras mas não tão peludas, ficavam entre o topo e as laterais da cabeça. Foi realmente fofo vê-las tão de perto, estavam escondidas provavelmente pelo frio. Desço meu olhar até seu rosto, ou meu coração falhou uma batida, ou ele acelerou tanto que fiquei zonzo.

Ele é tão lindo...

Observo cada traço delicado da face. Não tem lábios grossos, mas também não são finos e têm um formato atraente e diferente, são arroseados de forma natural, pele macia como pêssego, sobrancelhas perfeitas e um nariz adorável. No entanto, estava pálido e muito gelado.

Meus dedos grandes foram de encontro à veia do seu pescoço gelado, procurando as batidas do seu coração. Eu não estava sentindo nada e aquilo me fez entrar em desespero.

Vamos, vamos... Por favor, esteja vivo.

Parece que minhas súplicas foram atendidas quando senti as batidinhas fracas do seu coração, um suspiro aliviado e longo deixou meus pulmões, permitindo-me a respirar normalmente agora.

- Acho que preciso leva-lo pra casa... Ele vai morrer se continuar aqui. - sussurro comigo mesmo, apoiando o corpo em meus braços estilo noiva, mas parei e senti minhas bochechas esquentarem novamente ao olhar para baixo e ver as partes íntimas do pequeno expostas. Nada que eu nunca tenha visto antes, afinal, me assumi gay faz anos e já dormi com bastante caras na minha vida, mas é diferente quando se tem um híbrido, que parece bem mais novo e inocente do que eu, extremamente bonito em todos os ângulos do corpo em meu colo.

Sou um tarado pedófilo. - suspiro pesado, admitindo isso para mim com tristeza. - Vou morrer e ir direto pro inferno de tobogã.

Retiro meu casaco escuro e grosso, pondo-o em volta do híbrido machucado. Me surpreendi ao ver que ficou meio grande nele, cobrindo até metade das suas coxas presas. Volto a apoia-lo no meu colo e com dificuldade levantei segurando as sacolas de compras. Por sorte ele é leve, mas mesmo assim foi difícil andar até meu prédio assim. E por mais sorte ainda, o porteiro chochilava numa cadeira.

Vou até o elevador e aperto o número do meu andar, esperando pacientemente. Quando finalmente as portas se abriram, caminhei a passos largos e rápidos até minha porta e peguei minhas chaves com extrema urgência e dificuldade. Não quero ser pêgo carregando um híbrido indefeso e desacordado para dentro de casa. Por um milagre divino finalmente destranco a porta e entro em casa. Suspiro ao ver a sala cheia de caixas de papelão. Abro a porta de correr e logo ponho o corpinho deitado no colchão macio. Retiro aquele casaco.

Finalmente pude respirar fundo, aliviado. Pego uma tesoura em meu estojo e me ajoelho ao lado do híbrido, começando a cortar aquelas malditas cordas com cuidado para não machucar a pele já judiada.

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Olá
Eu na realidade já tinha postado a história antes, mas parei por causa do meu celular e falta de ânimo, mas resolvi tentar de novo e tô repostando e revisando as coisas.
Espero que estejam gostando, cremosos ^^

Lovely Hybrid ~ VHopeOnde histórias criam vida. Descubra agora