Capítulo 32 - Parte 2

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Os avisos eu vou dar antes, porque depois, ninguém vai me dar atenção:

Estou, por enquanto, suspendendo as postagens do livro da Manuela porque:

1. Dia 8 (sexta-feira) começa a pré-venda dos físicos dos Ferreira (sem a Manu) no site camilamarciano.com.br e eu não tô dando conta do fluxo de trabalho que isso gera;

2. A versão da Manu que vai para a Amazon está ocupando muito mais tempo do que eu previa (mas as postagens vão até o fim, viu?); 

3. Não acredito que a suspensão das postagens demore mais do que quinze dias. 

Chega de falar, Cams.


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Digitei no Google, quando saímos do restaurante do pai, procurando o hotel mais caro da cidade. Rafael colocou a mãe num Uber, deu um beijo nela, e nós seguimos em direção ao metrô porque, mesmo com cartão ilimitado, somos bestas.

Saltamos na Oscar Freire, seguindo as diretrizes do Google, e entramos à pé no cinco estrelas que, mesmo morando em São Paulo a minha vida inteira, nunca nem ouvi falar.

— Três anos atrás a gente se enfiava na Embaixada. – Gabriel abriu a porta para mim e se checou no espelho da porta, só para saber se estava apresentável para entrar ali. – Cês lembram?

— É, amor. – Rafael sorria tanto, que mal cabia no rosto.

— Quando eu voltar, – enquanto a gente atravessava o saguão imenso e todo cheio de madeira, cheirando a chique, não, melhor, fedendo a chique, os recepcionistas olhavam para a gente como se fôssemos os únicos humanos do mundo – a gente vem aqui, mas com o meu dinheiro.

Coloquei o cartão preto da minha cunhada em cima da mesa, junto do meu RG, alugamos um quarto com a maior cama que eles tinham.

— Champanhe?

— Sim.

— Toalhas extras?

— Sim.

— Vocês querem o cardápio do jantar?

— Não, mas o que você tem de doce aí?

Subimos. Um funcionário nos acompanhou até a porta, dizendo o horário do café, qual andar era a piscina, falando sobre o spa e a disponibilidade das massagistas, mas nenhum de nós queríamos saber disso. Era a nossa última noite e, embora o tom fosse de despedida, a gente não sentia isso.

Curioso: tinha um gosto de vitória, encanto, e progresso. Não sei bem dizer o porquê, só sei que tinha.

— Da última vez que alugamos um quarto, eu fui expulso de casa. – Gabriel colocou a chave eletrônica na porta e nós três olhamos para o tamanho do quarto. De fato, o luxo justificava a diária. Dois ambientes, luz baixa, tudo em madeira, cheirando a limpo, com cartão de boas vindas e bombons.

E uma cama onde cabíamos nós três.

— Essa vitória ainda não é nossa. – Falei baixinho, meio com vergonha.

— Não se engane, porque é sim.

— A gente não pode pagar por um quarto desses, Rafael.

— Poder, não pode, mas você quer voltar três anos atrás e ver o quão longe estamos indo? Você sabe, – com o carinho característico do meu Rafa, pegando na minha mão como se fosse um aviso de que vai me fazer chorar, deu um beijo na palma, e a colocou no próprio rosto – nunca pensei em ser muito rico. Milionário, oito carros na garagem, um milhão de hectares, propriedades em vários países: acho que a minha felicidade não está aí.

Para Sempre TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora