Era Uma Vez...
—Elio, você já terminou de limpar a lareira? Estamos congelando de tanta demora—Marta passa a mão em sua testa e observa o garoto debruçado sobre a mesa da cozinha.
—Ainda não, senhora—Elio termina de arrumar a mesa e olha para sua madrasta—pensei em fazer o café primeiro.
—Não podemos tomar café se estivermos mortos de frio—responde numa frieza equivalente à temperatura que fazia no inverno de Erie—Da próxima vez faça o que lhe mandei, não o que pensa que é melhor.
—Sim, senhora—Marta senta-se a mesa e se serve com uma xícara de café.
—Vá chamar Daniel e Anastasia para o café e Elio—o loiro vira para sua madrasta—Limpe aquela lareira.
Marta Tremaine foi a mulher de seu pai durante longas duas semanas, até que o mesmo saiu para uma de suas viagens e não retornou, lhe deixando com sua madrasta.
Com ela vieram duas bagagens, seus filhos, Daniel e Anastasia Tremaine. Elio não os suportava e o sentimento era mútuo.
O loiro caminha até uma porta e bate na carcaça de madeira. Segundos depois, um semblante cansado e de cabelos bagunçados atende a porta.
—O que você quer?—a voz rouca e ameaçadora ecoa pelo corredor e amedronta Elio.
—O café está pronto—anuncia e se vira, antes que Daniel pudesse fazer qualquer comentário. Ele ouve a porta bater atrás de si e toma como recado dado.
Anastasia era mais difícil de acordar. Elio entra em seu quarto cor de rosa e sacode a meia irmã até que a mesma estivesse desperta.
A ruiva abre seus olhos e exibe aquele par de globos verde água que ficavam perfeitos à luz do sol.
—Eu te odeio—ela se revira na cama e enfia a cara no travesseiro branco e emplumado.
—Anda, Anastasia, levanta—ele a sacode mais uma vez e fica no quarto até se certificar de que a garota não deitasse novamente.
—Já os chamou?—Tremaine questiona assim que Elio adentra a cozinha, procurando um pedaço de pano para, então, limpar a lareira.
—Já, sim. Só não tenho certeza se Anastasia realmente levantou—Elio sai da cozinha e tromba em Daniel.
—Olha por onde anda—ele fala e se desvia do loiro, sentando-se ao lado da mãe na mesa.
Elio percorre o pequeno corredor a caminho da sala de estar. Sua madrasta havia mandando expandir o espaço, resultando em uma dívida, paga com a prataria herdada da avó de Elio.
A lareira estava entupida de cinzas e Elio tinha de limpar aquilo o quanto antes, para que Marta parasse de inferniza-lo.
—Hey Cinderelio, viu meu prendedor de borboleta? Aquele prateado—Anastasia segurava seu coque com as mãos, para que sua ação pudesse ser substituída pela presilha.
Cinderelio era o apelido que Anastasia havia lhe dado após ver o irmão postiço coberto de cinzas, provindo de uma limpeza na lareira.
—Não—Elio volta a limpar, mas dá uma última olhada em Anastasia—E não me chame de Cinderelio.
—Ela vai te chamar do que quiser, Cinderelio—Marta adentra a sala, provocando o loiro—Você não possui autoridade alguma nessa casa, saiba disso—ela ri e volta para a cozinha, acompanhada da filha.
O loiro suspira e se levanta, limpando sua testa e retirando as cinzas que cobriam seu rosto.
—Já está limpa—Elio anuncia para Marta, que dava um longo gole em seu café.
—Tem algo no seu rosto, Elio—Daniel provoca e ri, esperando qualquer reação do garoto. Elio, por sua vez, apenas vira-se.
—Onde pensa que vai?—Marta pousa sua xícara no pires cheio de ornamentos—Quero que tire a mesa quando saímos. E lave a louça—ela se levanta e olha para os filhos, que fazem o mesmo.
Marta era como se fosse a rainha da casa. Só podiam comer se ela fosse primeiro. E quando terminava de comer, todos também deviam de sair da mesa, deixando o trabalho para Elio.
—Mas estou sujo de cinzas...—Elio tenta argumentar mas sem sucesso.
—Ótimo—ela ajeita seu longo vestido vermelho e põe seus cabelos castanhos para trás—A sujeira acumula e você pode se lavar no fim do dia—ela caminha para fora da cozinha—Anastasia. Daniel.
Quando os filhos de Tremaine saem do local, Elio senta-se em uma das cadeiras e desaba. Suas lágrimas cortavam sua pele, levando consigo um pouco das cinzas em suas bochechas.
O garoto limpa suas lágrimas e lembra-se das últimas palavras de sua mãe: "Seja Gentil". Embora essa ação estivesse acabando com Elio profundamente.
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Elio (Cinderela)
RomanceSérie Disney- Livro 1 Após a morte de seu pai, Elio sofre com as investidas de sua madrasta de fazê-lo miserável. Com dois irmãos que só pegam em seu pé e uma pilha de deveres para fazer, o garoto não vê uma melhora em seu futuro, até que o Príncipe...