Desabafo

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A carruagem para em frente ao castelo preservado da realeza de Erie. A construção chega em 2019 em seu impecável estado.

—Lá vamos nós—Elio sai da carruagem dourada e olha a escadaria  que levaria até as portas do castelo. Ele ajeita sua coroa de cristal no topo de sua cabeça. O objeto quase caiu pelo menos três vezes no trajeto.

A música clássica podia ser ouvida pela escadaria e a cada passo de Elio ela ficava mais audível.

Sua garganta estava seca e ele sabia que se Marta e seus filhos o reconhecessem, o baile acabaria mais cedo para todos.

A máscara atrapalhava um pouco sua visão e ele não viu quando chegou no topo da escadaria.

Dois guardas estavam postos, um de cada lado da entrada. Ambos trajavam um uniforme real azul e dourado. Suas posturas eretas era de uma perfeição tremenda.

Elio os cumprimenta e os dois abrem as portas para que o loiro pudesse passar. "Obrigado" foi a única coisa que conseguiu dizer.

O palácio era absurdamente elegante. As paredes vermelhas aveludadas seguravam quadros da realeza, todos com molduras douradas que Elio desconfiava serem feitas de ouro.

Estátuas estavam dispostas em pilares de mármore e o tapete vermelho que levava até o salão principal era todo enfeitado com arabescos no tecido.

Um senhor usando um terno preto estava na entrada, com um pilar dourado ao seu lado. A estrutura sustentava um pote prateado, onde Cinderelio viu os convites.

Ele olha para o senhor sorridente e lhe entrega o convite com o envelope dourado.

—Seja muito bem vindo, senhor...—ele olha para Elio, que não teve tempo sequer de pensar num nome falso.

—Er... Kit. Kit Crawford—ele arregala suas órbitas azuis, esperando que o senhor acredite nele.

—Tenha um bom baile—Elio, ou Kit, passa por ele e observa a todos os rostos, familiares e não, por conta da máscara, do topo da escadaria do salão.

Por um momento, Elio sentiu todos os olhares sobre ele. Não sabia se seria reconhecido naquela máscara e roupas finas. A coroa de cristal sequer escondia seus fios loiros.

Todos voltam a conversar e Cinderelio respira aliviado, se virando para descer a escadaria, toda aveludada, assim como o tapete que havia levado ele até o salão.

Enquanto descia os degraus, Elio conseguiu avistar sua madrasta, vestida para matar, com sua filha. Era difícil perder Anastasia naquele vestido rosa berrante. Estava linda e chamativa.

Seu olhar também conseguiu achar Daniel no meio da multidão. Trajado em seu terno dourado e branco e sua máscara, o filho mais velho de Marta tomava alguma coisa e conversava com uma garota, também mascarada, assim como todos os outros

O trono real estava bem evidente. O rei estava no auge de sua velhice e passaria tudo para o filho, que estava ao seu lado. O intuito do evento era achar uma rainha para o sucessor. Elio observa o rapaz que havia conhecido no mercado no outro dia.

Ele começa a andar pelo salão, passando pelas pessoas, às vezes trombando em seus ombros.

Cinderelio se sentia deslocado no meio do baile. Havia caído ali às pressas e não sabia como agir em situações como aquelas. Deveria puxar assunto com alguém ou somente circular pelo local sem nenhum objetivo aparente?

Ele para na mesa de comes e bebes, se pergunta "por que não?" e começa a comer. Diferente dos restos que Marta lhe deixava, aquilo era um banquete dos deuses.

Elio (Cinderela)Onde histórias criam vida. Descubra agora