Anastasia deve ser a Próxima Rainha

1K 166 18
                                    

—Vai ser um baile de máscaras?—Anastasia exclama, lendo a carta que havia chego. O envelope dourado não negava o remetente.

—Máscaras. Mas que coisa mais degradante—Marta põe a mão em sua cabeça, mostrando impaciência.

—Como o príncipe vai ver minha beleza singular se eu estarei usando a porcaria de uma máscara?—a suavidade na voz da ruiva se transforma em transtorno.

—Querida, isso não será um impedimento, você será a próxima rainha dessa gente—Marta se levanta e arruma os fios ruivos de Anastasia atrás da orelha—Vamos até alguma loja procurar três máscaras, antes que acabem. Tenho certeza que todos desse fim de mundo receberam a mesma carta—Lady Tremaine revira seus olhos e se retira com Anastasia.

—Esse plano cego ainda vai frustrar muito as duas—Daniel comenta e Elio apenas retirava as xícaras da mesa após o café da tarde.

—Ouviu Lady Tremaine—Elio começa a lavar a louça, deixando a água fria passear por sua mão—"Anastasia deve ser a próxima rainha"—o loiro põe sua melhor imitação da madrasta a prova e logo arregala seus olhos, olhando para Daniel.

—Digna do Oscar sua imitação—ele sorri e se levanta, deixando a cozinha.

Após terminar a tarefa que tinha de repetir todos os dias, Elio volta a sala e se joga em uma das poltronas. O baile seria em dois dias e sua madrasta devia estar feito uma louca atrás de máscaras para ela e seus filhos.

—Saia já desse sofá—"ela já chega reclamando" pensou Elio.

—Me desculpe—ele olha para as sacolas que as duas traziam consigo—Conseguiu as máscaras?

—Não que seja da sua conta, Cinderelio, mas conseguimos—Anastasia passa reto por ele e corre para seu quarto.

—Eu irei repousar um pouco, Elio. Chame-me quando terminar o jantar—Marta sai de vista.

Repouso. Era tudo o que aquela mulher fazia, além de infernizar a vida de Elio.

O dia seguinte foi monótono e chato. Anastasia estava mais insuportável do que o normal. Com o baile batendo nas portas de todos na cidade, a ruiva ficava sem comer para, segundo ela, parecer mais bonita. Como se isso fosse possível. Anastasia Tremaine era uma garota belíssima. Seus cabelos ruivos encaracolados nas pontas e as sardas em seu rosto a deixavam jovial, mas do que já era.

Daniel estava quieto na dele e não falava com ninguém senão o básico. Parecia pensativo e essa atitude do garoto irritava demais sua mãe.

O dia do baile chegou e todos da Província de Erie procuravam deixar suas filhas em perfeitas condições para serem as possíveis pretendentes do Príncipe Thomas.

—Aperta mais, Elio—o loiro fazia força no laço atrás do vestido rosa choque de Anastasia. Ela ajeita o laço e o amarra—Estou maravilhosa—ela se elogia no espelho.

O vestido se encaixou perfeitamente com os saltos brancos da ruiva e a máscara da mesma cor que os sapatos a deixavam parecendo uma princesa misteriosa.

Anastasia se retira e Marta adentra o quarto. Elio tinha que admitir que a madrasta estava belíssima naquele vestido vermelho sangue. Parecia vestida para matar e o loiro não duvidava que Tremaine fosse capaz de tal ato.

—Já estamos de saída—ela diz, ríspida como sempre—Não ouse aparecer naquela festa. Não teria como arranjar algo para vestir, de qualquer jeito. Ao menos que vá com um de seus trapos—ela coloca sua máscara e se retira.

Daniel surge no batente da porta, como sempre. Sua máscara era branca, que nem a da irmã e o terno deixava o garoto parecido com um dos membros da realeza de Erie.

—Pode me ajudar com as abotoaduras?—ele ergue seu pulso—Anastasia não quis me ajudar e minha mãe já está no carro que nos levará ao palácio.

Elio vai até o filho mais velho de Marta e encaixa os botões em seus devidos lugares, terminando o que faltava na vestimenta de Daniel.

—Pena que vai ter que ficar em casa—ele põe uma das mãos no ombro esquerdo de Elio.

—Não é como se eu fosse lá pra me divertir ou dançar—Cinderelio retira a mão de Daniel de seu ombro e faz um gesto com a mão, para que o garoto se retire—Boa festa pra vocês—ele fecha a porta e volta para sua cama.

Já se passaram quarenta minutos desde que Tremaine havia saído e Elio não podia se sentir mais aliviado com o silêncio daquela casa.

A campainha de sua casa começa a tocar repetidamente e o garoto se vê obrigado a atender. Provavelmente seria mais um dos inúmeros "amigos" de Marta procurando por ela.

Ele destranca a porta e abre, encontrando uma senhora do outro lado, portando uma máscara prateada em uma de suas mãos. A outra estava ocupada segurando uma sacola preta.

—Nádia?—Elio exclama, enquanto observava sua amiga invadir sua casa e colocar suas coisas numa das poltronas.

—O que está fazendo aí parado? Vá se vestir—ela retira um belíssimo terno azul celeste de sua sacola e um par de sapatos sociais.

—Ai tadinha, a demanda foi demais. Trabalhou muito, Nádia?—a velinha revira seus olhos—Eu não vou a esse baile. Estou proíbido.

—Desde quando aquela bruaca lhe diz aonde ir?—ela insiste o terno na direção do menor—Até quando vai se permitir isso? Não é o que seus pais iriam querer para você. Um garoto amável, sendo feito de escravo por uma mulher sem dignidade.

Elio fica pensativo por um instante, olhando aquele azul celeste do terno lhe chamando para perto. Mais perto. Mais e mais, até que o garoto pega o tecido em sua mão, iria aquele evento.

—Meu garoto—Nádia sorri—Agora vai logo se trocar que eu não sou fada madrinha pra ficar a sua disposição, tenho afazeres—Elio ri e corre para seu quarto.

Nádia começa a observar a decoração da casa. "Nada mal" pensou ela.

Elio adentra a sala e a senhora tapa sua boca. Aquela cor combinara muito bem com suas feições.

—Eu sou uma ótima costureira—Elio revira seus olhos e Nádia vai até ele, alisando o tecido nos ombros do garoto. Ela pega a máscara prateada e coloca no loiro. O azul dos olhos de Elio se intensificaram com a cor da máscara.

—Eu não devia estar fazendo isso—ele olha a hora no relógio. Eram pouco mais de nove horas da noite.

—Cala a boca e faça o que eu digo—ela retira um último item de sua sacola de presentes. Uma coroa toda ornamentada e azulada que encheu os olhos de Elio de surpresa.

—É de cristal—ele constata ao tocar na peça.

—Só um toque especial na mágica—ela deposita a coroa no topo da cabeça de Elio e o vira de frente a um espelho que estava pendurado na sala—Pegue. Não irei usar mesmo—ela estica o convite dourado que havia recebido para comparecer ao baile. Elio estende sua mão, ainda trêmula, e pega o envelope dourado.

—Obrigado, Nádia—ele dá um abraço na senhora, que devolve o gesto carinhoso.

—Agora me larga pois se você amassar esse terno eu te amasso, garoto—os dois riem—Mais uma coisa—eles saem para fora, onde uma carruagem dourada os esperavam.

—Que coisa antepassada, Nádia—ele faz uma careta para ela.

—Menino, se reclamar mais uma vez do meu trabalho, o baile será o menor dos seus problemas—ela praticamente arrasta o rapaz para dentro do veículo—Não deixe sua madrasta lhe ver. Não sei o que ela faria com você.

—Pode deixar.

—Mais uma coisa. O convite diz que o baile acabará à meia noite, saia de lá antes disso, não vai querer não estar aqui quando a bruxa chegar—Nádia alerta e se afasta. A carruagem começa a se mover de encontro ao baile.

Elio pensava estar sendo louco o bastante para estar fazendo tudo isso. Primeiramente, por que não fazia tanta questão de ir ao baile e agora estava a caminho do evento, dentro de uma carruagem dourada, usando roupas e acessórios. Ele se encosta e deixa a preocupação lhe esvair.

Elio (Cinderela)Onde histórias criam vida. Descubra agora