2; Strange

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Eu ignorava Adrien, totalmente.

Não, aquilo não solucionaria meus problemas, muito menos colocaria um ponto final, mas era um aviso que eu não estava afim de papo ou qualquer coisa do tipo, algo que ele entendeu prontamente. Não conversávamos direito, somente o estritamente necessário que desrespeitava sobre a empresa.

Tirando isso, tudo andava em perfeitas condições. Minha vida continuava no seu ritmo, trabalhando de um modo intenso, e usando do meu pouco tempo livre para relaxar.

As coisas estavam mais agitadas do que o normal. O casamento de Adrien e Chloe se aproximava, não tanto, mas o prazo de entrega de seu vestido, os vestidos das madrinhas e de outros convidados sim. Ela havia escolhido a Gabriel para isso, e Gabriel sequer pensou em negar, pelo contrário, deu de presente todos os modelitos. A loira usou e abusou de sua boa vontade, como sempre.

Queria vestido para sua mãe, todas as madrinhas, as tias ricas que viriam da Espanha, e todos diferentes e inovadores. Toda a sessão de criação estava de cabelos em pé.

Eu, principalmente.

— Rose, adorei sua ideia, mas não creio que Chloe gostaria. — Murmurei, analisando os desenhos que Rose Lavillant, uma das designers do setor, havia colocado em minha mesa. Seus olhos azuis brilharam em desespero. Parecia querer chorar. — Calma, não precisa se desesperar.

— Como não, Marinette? — Sentou-se em minha frente, deitando o rosto sobre as mãos. — Caso... caso não entreguemos tudo ao fim da semana, todos estaremos no olho da rua! E nada agrada aquela bendita loira!

Respirei fundo, e puxei suas mãos.

— Vou dar um jeito em tudo isso, okay? — Sorri, e ela me olhou com esperança. — Não vou deixar que vocês percam seus empregos. Contem comigo.

Surpreendeu-me ao me abraçar, antes de sair da minha sala. Me encostei na cadeira, e suspirei fundo. Porra, aquilo era um pesadelo!

Pensar em toda a minha equipe naquele setor me fazia querer chorar. Claro, eu não estaria na rua, no máximo levaria uma "comida de toco" de Gabriel, mas eles? Estariam na rua na hora, além de que ouviriam asneiras da boca dele, coisa que destrui-los-iam psicologicamente.

Sabia como Gabriel Agreste conseguiria ser um tirano quando queria, um fodido carrasco medieval quando algo não saia como o planejado em sua mente.

Soltei um suspiro e abri uma gaveta. Puxei uma das pastas. Aquele era meu portfólio pessoal, com ideias que eu pensava em usar apenas comigo, em algum dia. Ideias que eu guardava, e que não pensava em expor.

Bem no meio, haviam ideias de vestidos para casamento.

Sim, eu fui uma boba na adolescência, como toda garota. Quando comecei a faculdade, me iludia com o dia do meu casamento, e desenhava inúmeros vestidos e roupas para esse dia. Pensava no meu príncipe encantado e todo esse sonho que a Disney passava, junto com as comedias românticas da Fox e Universal que eu assistia em algumas noites no dormitório da faculdade. Sonhava acordada com a igreja decorada e lotada por flores.

Uma grande babaquice.

Merda, por que me sinto uma frustrada dizendo por pensar isso?!

Grunhi, e minha cabeça doeu. Senti uma fodida tontura e uma ânsia repentina. Porra! Corri para o banheiro que havia em minha sala, quase levando a porta do banheiro junto comigo na correria. Coloquei todo o meu café da manhã para fora em questão de instantes, junto ao pouco que havia comido durante a noite. Respirei fundo antes de apertar a válvula da descarga, e fui até a pia, puxando uma escova de dentes junto ao creme dental, que eu havia deixado ali.

Can't Keep My Hands To Myself.Onde histórias criam vida. Descubra agora