Meus saltos tilintavam sobre o piso do elevador, enquanto minha mente vagava em irritação. Batia meus pés ritmicamente, ouvindo aquele som ridiculamente irritante da música que soava ao meu redor. Não era nada que eu conhecesse, uma música que lembrava as de agencias telefônicas que era obrigada a ouvir ao ficar na linha por horas para conseguir um atendimento.
Segurava a bolsa em uma mão, e sobre o antebraço, um sobretudo de couro negro. Nos olhos, os óculos Dior escondiam meus preciosos olhos azuis, mesmo sendo sete da noite. Era sexta, havia recusado o convite dos amigos de setor para um happy-hour em um bar local, e havia partido para meu apartamento no Honda prateado que havia comprado há dois anos. Não me sentia cansada, apenas queria um tempo sozinha, em companhia de minha gata e um bom filme de suspense.
Eu amava suspense.
O elevador parou, e eu sai, dando graças pelo corredor estar vazio. Estava com um claro mal humor, e não queria cumprimentar meus vizinhos, mas era óbvio que eles não estariam ali! Era uma sexta, por que raios estariam ali, ao invés de estarem curtindo a noite com uma boa companhia? Não, não. Apenas eu era a frustrada do andar, que vivia com uma gata e sem vontade ou intensão de arrumar alguém para dividir minha cama.
Andei com rapidez para o meu apartamento, ou como meus amigos denominavam-no, meu esconderijo secreto que me mantinha longe de pessoas que mexeriam com minha sanidade, e me tentariam a um homicídio. Ri com o pensamento, enquanto destrancava a porta, e meti-me dentro dele. Depois de trancar, deixei os saltos na porta e o sobretudo no armário que havia no canto da entrada. Retirei a blusa de linho negra, e larguei sobre o sofá. Fiquei apenas com o top branco e a calça jeans de cor lavanda. Retirei os óculos, largando-os sobre o balcão, e soltei o cabelo.
O coque fazia com que minha cabeça doesse de tão bem feito e apertado. Bendita moda!
Fui ao estéreo que deixava no balcão, e liguei meu iPod. Assim que pronto para uso, escolhi uma playlist qualquer. Estava com fome, e queria cozinhar ao som de alguma coisa boa e que me relaxasse, na realidade, qualquer música que eu conhecesse e considerasse boa seria suficiente para me relaxar um pouco. O dia estressante de quem era uma designer, trabalhava fechada em um escritório e sequer poderia ouvir uma musica (afinal, segundo Kagami Tsurugi que era minha adorável supervisora, aquilo disturbava a paz dos meus colegas) deveria acabar do momento em que eu pisasse para dentro do apartamento, aquela era minha regra.
Nada de inundar meu apartamento com pensamentos ruins e estressantes. Meu refúgio do mundo deveria ser um lugar calmo e aprazível, não um lugar estressante que me desse nos nervos.
Abri as janelas, vendo toda a plenitude da noite parisiense adentrando pelo apartamento, banhando-o com seu esplendor de tons que variavam de um azul escuro e culminavam em um preto brilhante e destacados pelos pontos luminosos no céu, aquelas estrelas que possuíam diversos significados variantes de pessoa para pessoa. Observei-a por instantes antes de voltar para a cozinha. Abri os armários, peguei vegetais, coloquei-os sobre a tábua. Procurei o macarrão que queria, e enchi uma panela com água antes de joga-los ali.
Comecei a picar uma cenoura enquanto mexia o quadril ao som de All About That Bass. Sentia-me uma criança risonha enquanto dançava sozinha naquele espaço pequeno que podia chamar de meu. Meu cantinho, minha cozinha. Minhas regras.
Diferente daquela empresa que sempre sonhei trabalhar, mas que me deixava a beira de um colapso.
É extremamente difícil quando imaginamos algo, e a realidade transforma aquele algo em outro algo completamente diferente. Eu sei, difícil para se compreender, não? Para mim também foi.
Sonhava com uma empresa de sorrisos, onde todos designavam suas funções dando o seu melhor, mas fui atacada com algo diferente. Pessoas que queriam ser melhores do que as outras, pessoas que exibiam algo que não eram delas e ganhavam crédito por isso. Meu modelo mental de trabalho foi para o escambal, e só me restou a realidade FDP: fodida, dura e penosa.
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Can't Keep My Hands To Myself.
FanfictionUma noite de bebedeira poderia resultar em muitas coisas. Para Marinette, aquela havia resultado em uma ótima noite em um motel com um desconhecido bonito e deveras atraente, denominado "Chat Noir". Ela só não imaginava que, de uma noite casual, qu...