3; Nice.

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A sala de espera branca me intimidava.

Eu me considerava uma pessoa de gênio difícil, e que era difícil de ser intimidada, mas algo ali me deixava daquele modo. Talvez fossem as paredes muito claras? As secretarias que fofocavam entre si? As outras mulheres que debatiam sobre qual era o melhor anticoncepcional ou as gravidas que falavam sobre chutes que sentiam e como mal dormiam de noite?

Também tinham as que haviam parido, em um termo informal, recentemente, e seguravam seus pequeninos enquanto conversavam com o parceiro. E diferente de todas, eu estava sozinha em um canto, sem vontade de participar dos papos ou qualquer outra coisa.

Havia avisado Adrien sobre a consulta, mas realmente? Não tinha noção se ele iria aparecer ou não, e aquela incerteza não me incomodava. De qualquer jeito, já sabia que ele não seria um pai tão presente, afinal, ele já tinha uma outra vida onde eu e o bebê não estávamos incluídos.

Que assim seja, pouco me importo.

Cruzei as pernas. Queria que aquela consulta acontecesse logo. Estava curiosa para conhecer o bebê, ver sua forma, saber se estava saudável ou não. Queria saber tudo sobre ele, meu filho ou filha.

Minha mão repousou sobre minha barriga, escondida pela blusa solta e completamente informal que continha o logo dos Vingadores, um presente que havia ganhado dos meus pais há algum tempo. Não percebi quando a acariciei, somente percebi quando uma mulher se sentou ao meu lado.

— Oh, está gravida? — Olhei para a mulher. Os olhos cinzentos brilhavam em curiosidade. Soltei um suspiro, prendendo um não, estou com uma lombriga na barriga e vim ver se ela está bem, forte e saudável em minha garganta. Forcei um sorriso.

— Sim. — Murmurei, desviando o olhar.

— Aí, que gostosura! Também estou! — Seu tom animado me forçou a olha-la. — Descobri há dois meses! Já estou no quinto, e espero descobrir o sexo hoje! Está de quantas semanas?

— Não sei. — Fui sincera, ela arregalou os olhos. — Descobri na ultima semana, é minha primeira consulta.

— E... — Pareceu não saber como continuar. Revirei os olhos.

— E?

— Está sozinha? Digo... não veio acompanhada pelo pai?

— Não. — Dei de ombros, e ela pareceu espantada. Oh, porra! Parecia me julgar internamente. Seus olhos cinzentos queriam me ler, e no meu ponto de vista, parecia indagar sobre tudo. Minha idade, meu emprego, como eu cuidaria daquele bebê. — Não sou uma estudante, caso esteja pensando. Tenho vinte e sete, não que isso importe.

— Não é isso... é que parece tão... nova e séria. — Tombou a cabeça para o lado. — Não me faz o estilo de quem seria mãe tão cedo. Me lembra a executivas sérias.

Dessa vez, fora eu quem ficou espantada.

Sério? Eu, com os cabelos presos de um modo qualquer em um rabo de cavalo, uma calça negra e uma blusa dos Vingadores junto a um coturno baixo e marrom parecia uma executiva? Para mim, eu parecia exatamente uma dessas estudantes de faculdade.

— Acertou em algo. Sou designer de moda, chefe de um setor, na verdade. — Me encostei na cadeira. — Também não faço o estilo de quem seria mãe tão cedo porque não queria ser mãe tão cedo.

Ela piscou, mas seu olhar voltou a ser curioso, e até mesmo, receoso.

— Pensa em tirar a criança? — Sussurrou.

Soltei um suspiro.

— Não. — Ela pareceu aliviada, como se um peso saísse de suas costas. Segurei minha vontade de revirar os olhos. Se eu retirasse ou não, não era de sua conta.

Can't Keep My Hands To Myself.Onde histórias criam vida. Descubra agora