CAPÍTULO 12
DE MANHÃ, PETER DEVOLVE as chaves do quarto na recepção e pega um mapa
de Keystone para a gente dar uma olhada. É uma cidadezinha com três
ruas principais. O plano de Peter consiste em nós quatro nos
disfarçarmos de Crentes e passarmos no máximo meia hora dirigindo
pelo lugar, em busca de algum sinal do complexo dos Novos Órfãos. Se
não encontrarmos nada, vamos embora. Harp ficou a noite toda usando o
celular de Peter para enviar tuítes cada vez mais desesperados a
Spencer G. — "ESTAMOS EM KEYSTONE SPENCER KD VC" —, mas não
obteve resposta, embora o Twitter dele seja atualizado com retuítes dos
Novos Órfãos de outras cidades. Não digo nada aos outros, mas já perdi
as esperanças de encontrá-los, nessa Cidade dos Crentes. Talvez até
tenham passado por aqui, mas já foram embora. O que significa que
estaremos rodando às cegas quando chegarmos à Califórnia. Estou
finalmente caindo na real sobre a loucura do nosso plano, e preciso de
todo o meu autocontrole para não me trancar no banheiro com a vodca
de Harp.
— O mais importante é sairmos daqui em segurança — diz Peter,
olhando bem nos meus olhos, como se pudesse ler meus pensamentos. —
Se conseguirmos sair daqui em segurança, poderemos ir até a Califórnia
e pensar no próximo passo quando estivermos lá.
Harp e Edie murmuram, concordando, enquanto eu olho pela janela
do quarto, dando uma de criança, fingindo que Peter não existe. De
manhã, quando ele estava no banho, sussurrei para Harp o que ele tinha
me falado na noite anterior, e ela revirou os olhos diante do meu
desespero.
— Amiga, por favor. Você não entende o que isso significa? Ele já está
na sua. Só falta fazer ele querer isso.
Ela sugeriu que eu continuasse agindo com indiferença e
desinteresse, mantendo o máximo de distância que conseguisse no
pequeno Sedan de quatro portas. E, no momento, estou constrangida o
suficiente para seguir seu conselho. Se eu fingir não estar nem um pouco
interessada, posso evitar os olhares humilhantes que volta e meia Peter
lança na minha direção, cheios de pena e culpa.
Lá fora, Dakota do Sul está quente e seca, tão diferente da neve do dia
anterior quanto se pode imaginar. Saímos do estacionamento do motel e
entramos na rua principal, e sinto uma pontada de dor ao ver a Casa de
Millard ao longe e lembrar que estava prestes a contar a Peter como me
sentia quando ele declarou sua falta de interesse. Meu lado racional me
manda relaxar, não me desesperar por um garoto que só conheço há
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Vivian Contra o Apocalipse
AdventureVivian sempre foi uma daquelas meninas muito certinhas. Obedecia aos pais, tirava notas altas em todas as provas, não se metia em confusão, fofocava com as amiguinhas sobre festas para as quais não tinha sido convidada... pensava como todas as outr...