2. Quem me dera poder fazer as coisas da forma certa

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Tempo presente


— ...mas você tem tido folgas?

— Hm?

— Sakura, você está me ouvindo?

A ninja médica focou no rosto da amiga sentada a sua frente: Ino Yamanaka tinha o cabelo preso num rabo de cavalo alto e vestia roupas que, como sempre, variavam em tons de roxo. As duas amigas de longa data não têm tido muitas oportunidades de se ver já que Sakura vive pegando plantões no hospital em que trabalha e Ino mal tem tempo para ela mesma, devido o aumento do número de encomendas na floricultura da família desde a chegada da primavera.

No entanto, conseguiram um pequeno encaixe de 20 minutos em suas agendas lotadas para se encontrar num café e pôr o papo em dia.

— Desculpe, eu me distraí. Estou um pouco cansada. – respondeu sem graça.

— É exatamente disso que eu estou falando, Sakura. Você está trabalhando demais! Qual foi a última vez que saiu comigo ou com a Hinata? Com o Naruto eu nem vou perguntar porque é um caso perdido... Só ele pra conseguir ser mais ocupado que você.

— Hinata veio jantar ontem. – respondeu calmamente ao dar um gole na sua xícara de café preto. Não havia motivo para ficar nervosa enquanto falavam da esposa do Hokage pois as duas estavam se encontrando há meses e ninguém parecia desconfiar.

O álibi era perfeito pois ambas as kunoichis eram casadas com ninjas atarefados. Era convenientemente bom que todos as considerassem mulheres solitárias e, por isso, não fizessem perguntas quando as viam sair, uma da casa da outra, nas manhãs seguintes aos seus encontros.

"Pobres moças... Ainda bem que tem uma à outra para fazer companhia enquanto os maridos estão fora." Era o que todos pensavam.

Sakura achava aquilo ridículo. Gostava da conveniência, mas no fundo queria gritar aos quatro ventos que tanto ela quanto Hinata eram perfeitamente capazes de viver sem um homem. Não estavam solitárias, estavam frustradas. Não era a ausência física de Sasuke ou Naruto que as perturbava, mas isso ela não poderia explicar a ninguém. Nem mesmo à sua melhor amiga que estava bem diante dela e, mesmo assim, não sabia metade dos problemas que inundavam a mente da rosada dia após dia.

— Eu invejo a Hinata, sabe? Não ter tantas responsabilidades deve ser bom. – Ino confessou depois de beber o resto de seu chá gelado – Fora que por causa disso ela sempre pode se encaixar nessa sua agenda maluca.

— Ela não fica atoa. Hinata tem muito treinamento na casa principal dos Hyuga. – por algum motivo Sakura sentiu a necessidade de defender a morena. – Está quase sempre fadigada e com hematomas pelo corpo todo.

Ino revirou os olhos.

— Meu deus, Sakura, se acalme. Eu não quis dizer que ela é uma desocupada.

As duas permaneceram quietas enquanto a Haruno acabava sua xícara de café e a Yamanaka dedilhava com as unhas na mesa de madeira.

— Me desculpe. – a rosada finalmente quebrou o silêncio – Você está certa... Eu não durmo direito há dias. Vou estudar a possibilidade de uma folga no hospital, mas agora eu tenho que voltar para lá. Meu intervalo acabou.

As duas se levantaram juntas e Ino se adiantou em um abraço caloroso.

— Pode me prometer isso? – cobrou.

— Eu prometo que vou tirar uma folga. – Sakura riu – Você é o quê? A minha mãe?


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EgoístaOnde histórias criam vida. Descubra agora