18. Sentimentos deviam ser coisas mais simples

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Sarabi não estava satisfeita.

Sim, estava feliz por finalmente se aposentar da Anbu e sim, estava grata pela ajuda de Sai e Shikamaru com sua instalação na vila de nascimento de sua mãe, mas sempre que vestia o uniforme de garçonete da churrascaria de Konoha ela se sentia angustiada.

— Ei, será que eu não posso ajudar só um pouco na cozinha? – ela perguntou mais uma vez ao gerente do lado de fora do restaurante enquanto fumavam.

O gerente de sobrancelhas grossas apagou o próprio cigarro na sola do sapato.

— Como eu já disse, nós não estamos precisando de ajuda por lá agora. Se houver falta de gente, você vai ficar sabendo. – respondeu paciente – Agora vamos logo. Esse clima de hoje vai atrair clientes e em breve as mesas começam a lotar.

A ex-kunoichi deu uma última tragada e fechou os olhos em frustração. Há uma semana que tentava encontrar um emprego de chefe ou ajudante de cozinha na vila, mas aparentemente todos os lugares já tinham seus próprios empregados de confiança e não estavam dispostos a apostar no desconhecido. O que lhe restou foi aceitar o cargo de garçonete aprendiz que pagava bem.

"Pelo menos estou perto do sonho." Sarabi se consolou ao apagar o cigarro e seguir seu superior.

Algumas mesas já estavam ocupadas, então ela tratou de tirar o desânimo do rosto para atender aos clientes famintos.

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Sakura optou por um sobretudo mais grosso para sair de casa e almoçar com Sasuke. Não sabia se iria comer de verdade, já que em todas as suas recaídas emocionais seu corpo se recusava a ingerir qualquer coisa, mas sabia que precisava sair. Não confiava em si mesma para conversar sobre coisas complicadas estando sozinha com Sasuke. Bastava uma fagulha de desespero para que ela se entregasse a emoções mais mesquinhas, então pensou que estar em um lugar público seria a melhor escolha.

Naruto e Hinata vieram à sua mente um milhão de vezes desde que acordara e ela estava tão destruída e esgotada que nem mesmo teve vontade de chorar. Só queria sair, conversar com Sasuke e fazer sua parte na resolução dos problemas. O resto ela veria depois.

O casal escolheu um restaurante familiar mais voltado para a churrascaria, pois assim teriam a brasa de centro de mesa naquele dia frio.

Depois de acomodados à mesa, Sasuke se ofereceu para pendurar o casaco de Sakura. Quando seus olhares se cruzaram, ele teve de se segurar fortemente para não desviar. Não queria perder para suas emoções e com toda certeza não queria que Sakura percebesse que estava angustiado com o futuro.

À fim de se acalmar, avisou que iria ao banheiro e seguiu para os fundos do estabelecimento.

Apoiando-se na pia, ele encarou o próprio reflexo.

"Você não tem direito de sentir medo. Você tem que estar preparado para perde-la." Repreendeu-se e então fechou os olhos com força para jogar água no rosto.

Enquanto rumava arrependido de volta para Konoha naquele dia em que encontrou a todos na residência Hyuuga, Sasuke ainda não compreendia bem o que desejava, mas de duas coisas tinha certeza: queria Sakura por perto e queria ser sincero sobre seus próprios limites emocionais. Percebeu, tarde demais, que amar alguém de forma romântica estava além de sua capacidade. Ele podia sentir uma conexão forte com Sakura e com Naruto - até mesmo com Orochimaru! – mas tentar se envolver romanticamente com alguém era doloroso. Precisava dizer isso à ela, mas os resultados incertos o perturbavam.

Entendia que era egoísta pedir para que Sakura o aceitasse de volta, mas tinha de tentar ou jamais se perdoaria por ter percebido só agora que não poderia temer a felicidade e os laços que criou com a mulher que o amou tão sinceramente desde a adolescência.

EgoístaOnde histórias criam vida. Descubra agora