Sakura não podia acreditar no que acabara de acontecer. No que ela estava pensando? Será que já não tinha problemas demais?
Entre arfadas, observou enquanto Sarabi ajeitava a blusa e secava os dedos no tecido na própria calça. A ex-ANBU piscou para ela e sorriu ao se aproximar novamente, talvez para beija-la, mas Sakura usou as duas mãos para barrar seu caminho.
— Eu tenho que ir. – disse. – Isso foi um erro.
Sarabi não pareceu se chatear. Pôs a mão em um dos bolsos da calça em busca de um maço de cigarros e, ao encontrá-lo, abriu a embalagem e puxou um dos cigarros com os lábios.
— Tudo bem, florzinha. Brigou com a boneca de porcelana? – perguntou fazendo surgir, num estalo de dedos, uma faísca pequena mas suficientemente potente para acender o cigarro.
O chakra de elemento fogo a lembrou de Sasuke, mas ela rapidamente tirou isso da cabeça.
— Hinata. – disse com aspereza.
— Hm?
— O nome dela é Hinata. Não boneca de porcelana – suspirou – E o meu é Sakura. Não me chame de florzinha.
— Anotado. – a outra zombou entre uma tragada e outra.
Sakura sentiu uma pontada de raiva. Perguntou-se se a mulher a sua frente entendia a gravidade da situação em que se encontravam.
— Olha, eu preciso que isso fique só entre nós. Fora que eu não poderia nem estar aqui com você, para começo de conversa. Você nem imagina o tamanho da confusão com a qual eu já estou tendo que lidar. Fora que... – ela riu sem humor e ajeitou os cabelos para trás – Estamos em uma festa de criança. Estamos no quintal de uma família durante uma festa de criança.
Sarabi uniu as sobrancelhas cor de palha.
— Seria melhor se estivéssemos em uma praia sem família durante uma festa de casamento?
Sakura penetrou Sarabi com os olhos.
"Inacreditável."
— Eu tenho que ir. – repetiu já dando as costas e saindo da área da estufa. Sarabi a seguiu.
— Ei, me desculpa. Só quis tirar um pouco o peso da conversa. – tentou.
Sakura parou em frente à porta que levaria até a parte de trás da sala de estar, de onde ainda se ouviam as conversas animadas da festa, e encarou Sarabi.
— Nada de gracinhas lá dentro, OK? Vamos entrar separadas. Eu vou primeiro, você depois. – orientou, mas então percebeu como soava mandona e babaca. – Me desculpe. Fui eu que te puxei até aqui. Acontece que eu estou num mau momento e eu acabei usando você. É assim que eu sou. Mas agora eu preciso ir e fingir que isso não aconteceu.
— Sakura, você não tem ideia de como você é engraçada. Fica relaxada quanto a esse lance. – sorriu apagando o cigarro na sola do sapato e então devolvendo ele para o maço – Mas se em algum momento você não estiver relaxada, podemos fazer isso "não acontecer" de novo.
A magrela corou e abriu a porta sem nada responder.
Quando entrou na casa, ninguém pareceu nota-la. Sakura olhou em volta buscando Hinata, o que não foi difícil, já que ela estava sozinha sentada sobre o último degrau das escadas com cara de poucos amigos. A rosada respirou fundo antes de se aproximar.
— Posso me juntar a você? – perguntou.
Hinata olhou para cima e revirou os olhos.
— Claro. Você pode fazer o que quiser. Você sempre faz o que quer. – a morena parecia menos brava e mais entristecida. Sakura sentiu a garganta apertar.
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Egoísta
Roman d'amourPara Sakura e Hinata, o sexo casual tem efeito entorpecedor e faz com que se esqueçam da frustração dos casamentos: uma se culpa por sentir demais; a outra, por por não sentir o bastante. Vale a pena encobrir um erro com outro maior ainda? E até que...