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- Agora me diz qual era o assunto urgente! - Yanna perguntou com graça depois que me encontrou no restaurante combinado. Percebi seu desespero quando só consegui dar-lhe como resposta meus olhos marejados. - O que houve?

- Eu nem sei como falar isso, minha cabeça tá um caos. - Respondi apertando as têmporas e respirando fundo. - Eu não sei o que fazer.

- Tá tudo bem entre você e o Rodrigo? - Yanna indagou. Puxou uma de minhas mãos e apertou-a, tentando transmitir algum tipo conforto.

- Se fosse isso seria mais fácil de resolver... - Suspirei pela milésima vez e preparei o fôlego para soltar a notícia de uma vez só. - Eu estou grávida.

Yanna piscou os olhos algumas vezes, em silêncio. Parecia não saber o que dizer em um primeiro momento e eu não poderia julgá-la.

- Não sei se a ficha vai cair em algum momento. - Disse-lhe - Mesmo que eu repita sem parar e, acredite, eu já tentei. Eu. Estou. grávida... Olha aí, não consigo me acostumar. Estou grávida, estou grávida, estou grávida...

- Agatha! Respira. A ficha cai naturalmente, eu te garanto.

- Eu estou perdida, Yanna. Me ajuda a me encontrar, por favor. - Falei deixando algumas lágrimas caírem.

- Me escuta, mas me escuta de verdade. Eu preciso que você absorva cada palavra que eu vou te falar agora, tudo bem? - Assenti e ela continuou. - Eu também senti tudo isso que você tá sentindo agora, eu conheço a sensação de desmoronamento e a angústia da situação. Mas, Agatha, eu te garanto, com toda a verdade que há em mim, o que está crescendo dentro de você é o maior amor do mundo. Nada se compara ao milagre de sentir crescer uma vida dentro de você. E tudo bem você sentir medo, mas saiba que tudo isso vai ser pequeno diante de todos os sentimentos bons que vão começar a surgir assim que você se permitir senti-los. Consegue me entender?

- Acho que sim. Tudo ainda é muito novo e recente.

- Claro que é, você vai sentir coisas que nunca sentiu antes. É a experiência mais louca das nossas vidas. - Disse-me rindo. - Você e o Rodrigo nasceram pra isso, nada acontece por acaso. Esse bebê vai ser tão amado quanto a Madá, a Maria e o Joaquim. Imagina só um serzinho brincando junto com eles, gargalhando e correndo até você, te chamando de mãe e te amando da forma mais pura eu já existiu.

Com os olhos fechados, deixei-me mergulhar em pensamentos e sorrir ao imaginar uma criança, vinda ao mundo porque o amor entre mim e Rod já não cabia somente em nós dois. Naqueles instantes estava tudo bem.

- Obrigada, eu sabia que você era a pessoa certa pra me aconselhar.

Continuamos nossa conversa enquanto escolhíamos o nosso almoço, com Yanna fazendo mil planos, impulsionados pela novidade trazida por mim. O melhor de tudo foi conseguir sorrir e acompanhá-la durante todos esses momentos. Pude até mesmo sentir um frio inédito na barriga de ansiedade.

...

Quando Rodrigo chegou no seu apartamento a noite eu estava no sofá, em uma ligação marcando algumas consultas e todas aquelas burocracias médicas que uma gravidez exige. Sentou ao meu lado e me puxou para deitar a cabeça em seu colo ao tempo em que eu finalizava a conversa e largava o celular em qualquer lugar.

Beijou a minha testa e começou a me fazer um cafuné gostoso.

- Como você tá se sentindo hoje? - Perguntou.

- Grávida. - Respondi rindo. Senti a tensão que havia nele por causa da pergunta se desfazendo. - Eu tive uma conversa muito esclarecedora com a Yanna hoje. Me ajudou mais do que eu pensei.

- Eu tô muito feliz, Agatha. Eu sempre gostei da ideia de ser pai, mas agora que eu sei que realmente vou ser um... É surreal.

Mudei de posição no sofá, ficando de frente para el, olhei no fundo de seus olhos por alguns momentos, realmente sentindo o que ele havia dito.

- Nós seremos pais. - Eu disse, trazendo as mãos dele para minha barriga. Depois de toda a tempestade que se instalou por cima da minha cabeça eu finalmente conseguia sentir o sol brilhar em mim novamente. Não consegui controlar algumas lágrimas que teimavam em cair dos meus olhos, mas dessa vez elas estavam acompanhadas por um sorriso. Meu e dele.

Beijou-me daquele jeito que só ele sabia, fazendo-me sentir amada, acolhida e protegida. Precisei interrompê-lo quando lembrei de algo importante.

- Você já avisou pra sua mãe?

Quando vi um sorriso sapeca se abrir em seu rosto me preparei psicologicamente para a travessura que viria a seguir.

- Claro que não. Amanhã é domingo, vou aproveitar que todos nós estaremos juntos para contar de uma vez só. - Fez uma pausa, ainda sustentando aquele ar infantil. - E eu tenho certeza que ela vai morrer de chorar então eu preciso filmar tudo.

Sorri ao imaginar a cena. - Rodrigo, você diz isso todo atrevido como se não fosse chorar junto com ela.

- Lógico que não vou chorar.

- Ah, para, né?

- Você quer apostar? - Disse estendendo a mão em minha direção.

- Óbvio. Se você chorar eu escolho o nome do bebê.

- Fechado, mas se eu não chorar eu escolho o nomes de todos os filhos que a gente tiver.

- Eu mal me recuperei do susto do primeiro e você já tá pensando nos outros, Rodrigo?! - Reclamei, mas apertei sua mão selando a aposta.

- É bom que os próximos não pegam a gente no susto. - Ele disse, pondo suas mãos ao redor da minha cintura, retomando ao beijo de antes, um pouco mais urgente dessa vez.

Eu posso não ter certeza de nada que vai acontecer daqui pra frente, mas a única coisa que eu sei é que ele estará comigo em todos os momentos, agora principalmente, já que nossas vidas estarão ligadas para sempre.

...

Oi, migas!! Espero que tenham gostado do capítulo, com um pouco menos de drama dessa vez. É bom dar uma aliviada, né? Só não sabemos por quanto tempo...

Espero que vocês tenham gostado, se sim, não esqueçam de votar e deixar um comentário pra motivar a escritora carente :D

Beijão e até o próximo.

Vocês podem me achar a qualquer momento no meu twitter: alicedejour

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