Capítulo 9

34 7 1
                                    

Ela estava la, a mulher com os mesmos cabelos ruivos que apareciam em meus sonhos. Ela me encara assustada ,seus lindos olhos verdes grandes me olhando atentamente.

- Felipe - ela diz de um jeito meio engasgado e depois olha para Luisa nervosa. O que será que ela está pensando? Será que acha que Luisa é uma namorada? Esposa? - eu vim aqui para falar com o senhor Emílio Fonseca, mas como ele não está eu volto outra hora

-Não espere- digo descendo as escadas - ele é meu pai, acho que posso ajudar você.

Manuela que tinha se virado pronta para ir embora se volta para mim lentamente. Ela parece desconcertada de estar ali, quer embora. Se ela soubesse o quanto estive pensando em seus lindos olhos e seu jeito diferente desde o momento que a vi! Meu subconsiente dizia para deixa-lá ir, mas meu coração falava o contrário. Ela olha nervosa para Luisa, não quer que ela saiba e eu a entendo dado a atitude hostil da minha meia irmã.

- Venha, vamos até o escritório - digo tentando passar um tom de profissionalismo e ela parece relaxar por um momento. Luisa começa a nos seguir, mas me viro e faço sinal para que ela espere um momento, mimada e sem limites como é, ela me olha de um jeito questionador e ate irritado.

Nunca fiquei nervoso na prensença de mulheres, mas estando naquele ambiente relativamente pequeno sendo observado por Manuela me deixava eletrico, com meus sentidos embriagados pelo seu cheiro, seus olhos e sua voz.

- como posso ajudar? - digo me sentando na cadeira e sugerindo que ela faça o mesmo

- Eu não sou uma jornalista - ela fala com sinceridade- trabalho em uma editora de livros em São Paulo como checadora de fatos. O trabalho que estou desempenhando aqui é pesquisar sobre a igreja de Nossa senhora da guia e...

- você quer saber sobre minha irmã

- sim - ela fala corando levemente em vergonha- olhe, eu não quero tirar nenhuma foto nem divulgar mais do que já foi restrito aos jornais, não quero ganhar fama nem dinheiro em cima disso. Só precisava de ver o rosto dela, fiquei muito comovida com a história...com a tragédia

A analiso por alguns minutos, seus lábios rosados entreabertos, seus cílios grande e curvados, aquele cabeilo ruivo como em meus sonnhos... sinto minha respiração acelerar. Por que ela me deixa tão descorsertado? Nervoso?
Papai não gostava de mostrar a foto de Marcela para nenhum desconhecido, tinha medo pela  imagem dela e eu não culpava ele ficaria uma fera, mas mesmo assim abro minha boca e digo:

- Eu vou mostrar a você - me levanto e ela começa a me seguir

- Mesmo?! Eu..e... obrigada! - ela me dá um sorriso gigante e me sinto paralisado e ate um pouco tonto.

- por aqui - digo um pouco atordoado.

Levo ela ate o jardim de inverno que fica na parte de trás da casa Marcela adorava ficar aqui ,era como seu pequeno mundo com suas flores e o adorado piano exatamente do mesmo jeito que ela havia deixado. Naquela parte o telhado era de vidro, como uma grande estufa e o espaço era realmente muito bonito, embora papai não fosse muito ali.

Faço sinal para que Manuela se aproxime e ela o faz de maneira cautelosa. Em meio a uma roseiras está a foto de minha irmã no dia do baile da sua formatura de direito, eu me lembrava daquele dia ela estava tão feliz, aliás Marcela era sempre alegre e isso ainda nos fazia falta todos os dias.

- jogamos as cinzas dela aqui e plantamos a roseira

- Oh - diz Manuela com um sorriso fraco olhando com pesar para a foto de minha irmã. E como se ela estivesse conversando com ela, a abraçando forte. Fiquei admirado pela força de seu olhar, completamente hipnotizado. Céus, ela era linda! minha mão formigava de vontade de toca-lá de sentir seus cabelos sedosos por entre meus dedos. O que estava acontecendo comigo? Eu não era assim! Sabia me dar muito bem com mulheres, mas essa aqui parada ao meu lado, uma quase completa desconhecida despertava coisas diferentes em mim ia além da parte carnal. Levantei meu braço devagar para tocar em seus cabelos, ela não reparou pois olhava com tristeza para a foto de Marcela, estava quase quando escutei um trovão:

- Saia daqui!!!

Manuela se vira assustada. Vejo meu pai acompanhado de Susana e Luisa, ele esta furioso isso não é bom

- senhor Emílio...me- me desculpe e - eu - ela gagueja

- Você é uma jornalista nojenta! Ande, saia daqui!!!

Meu sangue ferve

- Pare com isso pai!! Agora mesmo!

Meu pai me olha surpreso e eu continuo

- Eu permiti que Manuela visse a foto de Marcela

- Você o que?!

- Olha, me desculpe toda a confusão eu realmente não queria causar essa situação, senhor Emílio quando o senhor estiver mais calmo eu explico tudo- ela diz depressa - obrigada Felipe

Manuela sai praticamente correndo e a distância dela me incomoda

- você está louco Felipe?!

- Felipe, como você faz isso com seu pai ?- diz Susana, a esposa dele

- Pai, vamos conversar no escritório... a sós.

-/-

- Felipe, estou extremamente contrariado com essa situação! Como você deixa uma jornalista entrar dentro da nossa casa? É tirar uma foto do retrato de sua irmã?!

- Pai, eu entendo sua raiva mas Manuela  não é nenhuma jornalista! Ela trabalha para uma editora em São Paulo, fez uma pesquisa da igreja e a história de Marcela veio a tona naturalmente! Ela só queria ver o rosto dela.

Ele me olha emburrado

- Você precisa encarar a situação de frente pai, apagar os vestígios de Marcela não vai fazer a dor diminuir, pare de se culpar pelo o que não deve, para de  assumir a responsabilidade.

Ele me olha dentro dos olhos e vejo várias emoçoes passarem por seus olhos: raiva, tristeza, mágoa. Porém ele não diz uma palavra, nao sei quantos minutos dura este silêncio barulhento, mas depois de um certo tempo ele fala:

- tenho muito trabalho pra fazer

Sei que essa é a minha deixa, ele precisa do próprio tempo. Saio do escritório o deixando sozinho.

Na linha do tempo ( Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora