Capítulo 2

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- Eu tenho uma namorada fujona

Suspiro contra o telefone

- me desculpa meu amor- digo- eu praticamente dormi em cima do meu notbook, fiquei escrevendo até tarde e ai esqueci de colocar meu celular pra carregar

Escuto Ricardo suspirar do outro lado da linha, ele é super protetor e se esforça para entender o meu tempo precioso e, principalmente, solitário como escritora. Nós somos muitos diferentes um do outro começando pela personalidade até nossas contas bancárias. O pai de Ricardo é dono de uma rede de hoteis e ele ajuda o pai quando não está praticando  seus esportes radicais. Eu não me apaixonei por ele pelo dinheiro, de maneira alguma! O fato é que se apaixonar por ele foi tão incrivemente fácil que depois do nosso quarto encontro já não tinha mais volta e estamos juntos há três anos.

- Ricardo  você está ai? - pergunto confuso

- Eu perdoo você - ele diz atrás de mim segurando um grande buquê de rosas vermelhas- o que eu posso fazer? Não dá pra viver sem você - ele diz em um tom afetado

Envergonhada e muito feliz me jogo em seus braços

- Eu não acredito! Como você sabia que eu estava aqui?

Ele me beija profundamente e diz

- foi uma suposição, vamos?

-Amor, eu tenho tra..

- Não mesmo dona Manuela, arrume suas coisas! Você já foi dispensada

-Mas...

- Sem desculpinhas! Vamos lá meu amor, amanhã você viaja e eu não vou te ver

- você fala como se eu não fosse voltar!

Ele olha com olhos piedosos para mim e eu me compadeço

- tudo bem - beijo seus lábios- vou só pegar minhas coisas.

Ricardo captura minha mão entre seus dedos e me leva para fora do prédio. Ele é bonito e sabe disso, em nosso trajeto até seu carro as mulheres o encaram descaradamente e ele apenas as ignora andando confiante como sempre. Ricardo sempre brincava  que o que mais amava e também detestava em mim era meu pouco ciúme.

Ele aciona o controle do carro e eu reviro os meus olhos ao ver o veículo espalhafatoso em minha frente. Ricardo não é nada discreto, ama chamar atenção e seus carros caros fazem parte do pacote.

- você tinha que vim nesse carro Ricardo - digo apontando para o conversível vermelho

- Claro! Tudo de melhor para a minha namorada- ele me dá um beijinho na bochecha e abre a porta para eu entrar

Dentro do carro coloco o cinto de segurança

- você sabe muito bem que eu não ligo para essas coisas! Eu ando de metrô

- Eu sei meu amor e eu amo isso, o fato que você não está interessada em meu dinheiro. Quanto ao metro eu já disse que posso resolver essa questão te....

- pode parar por aí - sinto meu rosto ficar vermelho e meu sangue esquentar - eu já te disse mil vezes que eu não quero que você me dê um carro

Ele levanta as mãos em forma de rendição

- Ei, está tudo certo meu amor - ele me beija nos lábios- eu amo você e não quero te perder nunca.

Meu coração se enche de amor e carinho

- eu amo você- digo olhando em seus olhos

São quase duas e meia da manha e até agora não preguei o olho, Ricardo dorme pacífico do meu lado estou ansiosa e agitada como sempre fico antes de uma viagem. Rolo para um lado e para outro, conto até carnerinhos! Mas nada me ajuda. Levanto da cama e visto a camisa de Ricardo que está em cima da cadeira, lá fora a tempestade cai sobre São Paulo. Me sento junto a janela e observo as gotas baterem e escorrerem contra o vidro, minha cabeça está estranhamente enevoada e não consigo escrever nenhum capítulo de minha história. O medo e a insegurança dançam em minha mente: será que conseguirei realizar meus sonhos? Será que algum dia o mundo irá conhecer minhas histórias? Será que sou boa o bastante?

- Amor? - escuto a voz de Ricardo me chamando da cama

- Oi - digo sorrindo

- vem pra cama amor - ele diz em meio a um suspiro

Eu me deito e ele me abraça amorosamente ,a exaustão vai me vencendo e finalmente me deixo levar pelo sono.

Estou em um rio flutuando, a água me é agradavél fria, porém calma e leve. O dia está claro, mas o céu não está azul pode- se dizer que o dia está nublado. Por que estou aqui? flutuando ? De repente a correnteza começa correr mais forte o tempo começa a fechar e gotas de chuva atingem meu rosto grosas e salgadas. E então algo me puxa para baixo, como uma mão e eu afundo nas águas geladas do rio, tento gritar, me soltar! Mas aquela mal continua a me puxar para baixo! Todos os meus esforços são inúteis, sinto meus pumões pesarem, vejo alguém nadando em minha direção, o perigo corre em minhas veias e mesmo fraca tento me afastar e fugir, mas a figura chega mais e mais perto

Acordo buscando ar, meu coração está acelerado e minha pele suada. Olho para o lado e minha cama está vazia, o dia já amanheceu,mas o clima parece fechado. Droga! Estou tendo aquele mesmo sonho novamente! É sempre o mesmo, desde meus dez anos de idade fiz terapia com o Dr Aurélio o que me ajudou muito, fazia anos que não sonhava. Mas hoje ele estava lá mais vivido do que nunca! Tento me concentrar nas palavras de Dr Aurélio para buscar minha paz e meu equílibrio interior, mas sou interrompida por Ricardo que entra no quarto segurando uma bandeja com café e biscoitos

- Comida na cama para a namorada mais linda desse mundo! E que pra minha sorte é todinha minha

Eu rio e tento disfarçar meu mal estar, mas ele percebe

- Está tudo bem Manu?

- Claro! Eu só acordei pensando que estava atrasada

Ele me dá um beijo na testa

- São oito e meia, ainda temos tempo. Inclusive - ele diz retirando a bandeija de meu colo - eu estava pensando se a gente não poderia fazer outra coisa com esse nosso tempo - ele passa a mão por minha coxa nua e me beija

- Bom, eu acho que a gente pode ver isso- digo sorrindo

-Hmmm, bom. Muito bom

Sua boca vai deslizando ate lá em baixo e quando ele chega na borda de renda da minha calcinha, eu esqueço do que ia falar

Na linha do tempo ( Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora