Capítulo 11

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Clara Avilar, aquele nome dançava em minha mente. Sorri em entusiasmo, eu havia achado uma caixa recheada de confissoes de uma mulher que viveu ao que tudo indica,nessa mesma cidade, na década de 30! Mas, então porque aquela simples e inonfensiva caixa estava tão bem escondida?! Algo dentro de mim dizia que algo naquela história estava muito errado.

- Tudo bem Manuela, respire - digo a mim mesma.

Coloco a primeira carta de Clara no lugar e parto para a segunda, meus dedos estão ansiosos,porém manuseio o papel com cuidado.

Hoje depois de praticar costura com mamae por horas que pareciam quase intermináveis, fui correndo até a biblioteca da cidade. Posso passar horas a fio lendo Jane Austen, ela é definitivamente minha autora preferida. Queria gritar para Florais inteira poder ouvir: estao vendo como nós mulheres somos boas e talentosas em escrever histórias! Será que algum dia eu saíria daqui? Dessa cidade?Será que conheceria outros lugares? Gostaria de obter essas respostas. No tempo que posso, me concentro na criação de minha própria história, quero escrever sobre fantasia ,sobre uma mulher que teve experiencias com um mundo mágico e desconhecido. Quero escrever sobre mulheres, mulheres fazendo suas coisas em seus trabalhos e sobre seus próprios sonhos! Quero falar delas sem toda a sombra da figura masculina, do príncipe encantado, do romance. É engraçado como isso parece tão distante da minha realidade, toda essa vontade de escrever essas coisas que nunca acontecerão comigo. Ontem papai me disse o que tenho um pretendente a vista. " Ele é um homem é tanto, Clarinha! Tem muitas poses!" Olhei para mamãe desanimada e apenas para nao contraria-lá respondi papai com entusiasmo. Será que algum dia eu vou ir embora de Florais? Queria saber quando começarei a viver minha própria vida.

Clara
Fevereiro 1939

Pobre Clara, era uma jovem mulher cheia de ideias e ambiçoes mas que fora barrada pelas tradiçoes e costumes da época em que viveu. Li mais cinco cartas onde ela contava os desejos que tinha para seu livro, ela era dona de uma mente criativa e uma facilidade com as palavras de uma maneira impressionante! Mergulhei completamente na descrição de seu projeto criativo; com certeza ela seria uma autora famosa se vivesse nos tempos atuais. Passo para a sexta carta

Estávamos na igreja em mais um dia de domingo normal eu, mamãe e papai. Ate que eu o vi no fim da missa, eu não sei explicar o jeito que estou me sentindo agora depois que o conheci. É como se meu coração tivesse parado de bater por alguns minutos e depois tomasse um jeito diferente de funcionar. Dante, é esse seu nome. Sua mão pegou a minha e ele depositou um beijo nela e mesmo por cima da renda de minha luva senti uma eletricidade poderosa percorrer meu corpo. Ate agora a pouco estava andando em circulos sozinha em meu quarto e recaptulando toda a pouca conversa que tivemos, o que estava acontecendo comigo? Eu não agia assim por causa de rapazes !!como uma pequena menina bobinha! Ainda mais Dante que tinha um jeito meio lerdo e despreocupado! E ainda está estudando para ser padre! Padre! Ele é calmo e isso é desconcertante,assim como seus lindos olhos verdes! Quem ele era? Por que estou sentindo que o conheço? Queria poder olhar para ele mais uma vez.

Clara

Bingo! Esse era o tal Dante da primeira carta! Pelo que percebi elas devem estar em ordem de data dos acontecimentos. Quem seria Clara Avilar? Será que deixou parentes? A família ainda mora por aqui? E Dante? Com certeza esse rapaz foi marcante em sua vida. Olho ansiosa e empolgada para a vasta quantidade de cartas que posso ler para descobrir cada detalhe da vida dessa moça, quamdo estico minha mão para pegar outro papel uma voz me para

- O que você está fazendo?!

- senhor Olavo- digo quase em sussuro

Ele olha para mim irritado, parece furioso

Na linha do tempo ( Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora