Capítulo 5

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Lorena

- Digamos que eu tive uma época rebelde, enjoei dos meus pais, enjoei da minha vida de patricinha fica, enjoei e passei a fazer coisas que não devia.

Dora me olha prestando atenção em cada palavra que falo, não queria abrir o jogo agora, mas dadas as circunstâncias, ela é minha amiga e merece saber o que me fez querer recomeçar em outro lugar.

- Então morei um tempo no Rio de Janeiro, e lá eu me envolvi com um rapaz, Beto, eu me apaixonei por ele, bom, na verdade era o que eu achava. Ficamos juntos. E então eu descobri que estava grávida.

- O que?!

- Sei que é difícil de acreditar. Mas sim... Então eu contei para ele, que íamos ter um bebê. E meu Deus, ele, ele, ele mudou completamente. Começou a gritar, dizia que não ia aceitar um bebê, que um bebê acabaria com os planos dele.

- Que babaca!

- Ele me contou que era um traficante muito respeitado, - reviro meus olhos - e que eu não sabia com quem eu havia me envolvido. 

- Você sabia que ele era...

- Não! Eu soube naquele momento. E fiquei em choque, por mim, e pelo bebê que eu carregava.

Respirei fundo e então continuei.

- Naquele dia, eu, ele me disse que sabia bater em uma mulher grávida. E... - fecho meu olhos lembrando daquele maldito dia.

- Ele te bateu?

- Bateu...

- Lorena... Amiga...

Sinto uma lágrima brotar em meus olhos, respiro fundo e sorrio tentando afastar a dor que senti lembrando.

- Depois que ele me bateu. Ele decidiu que eu ia ficar presa, com ele, até o bebê nascer, e ele mandar para um orfanato ou sei lá o que. Então fomos para Londres, e lá fiquei trancada dentro de um quarto de hotel, sendo vigiada pelos capangas dele. Por 8 longos meses...

Limpo as lágrimas que já desciam por minhas bochechas, Dora pega minha mão imediatamente e acaricia, me mostrando que ela estará sempre ao meu lado e que agora não estou sozinha.

- E como você conseguiu sair de lá? E o seu bebê?

- Beto tem uma avó. Uma senhorinha tão maravilhosa. Raissa - sorrio lembrando dela. - ela não concorda com nada que Beto faz... Eu estava barriguda, e sozinha no quarto, quando ela entrou e disse que ela ia me tirar dali o mais rápido possível. Beto tinha ido fazer algo que não me lembro bem o que era, e todos estavam com ele, ela ficou responsável por me vigiar.

Sorrio.

- E essa foi a minha sorte. Raissa me colocou em um táxi, me levou para o aeroporto, me deu uma passagem, um pouco de dinheiro e me disse para fugir, para ir o mais longe possível e esconder meu bebê. E eu o fiz... - respiro fundo. - Quando cheguei no Brasil, comprei uma passagem para BH, era hora de voltar... Cheguei na casa dos meus pais, com um barrigão, e mesmo sem entender nada, eles me abraçaram e me acolheram.

Dora sorri, me olhando e sem soltar a minha mão em nenhum instante.

- Aí depois meu bebê nasceu. Daniel.

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