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LORENZO
O longo cabelo castanho se espalha sobre meu peito,o aroma delicioso alcançando meu nariz.Morango. Sem me conter, toco os fios sedosos e enrolo uma mecha no dedo. Melissa resmunga da sua posição nos meus braços e bate a mão no meu rosto. Seguro uma risada. Ela é pequena comparada a mim em tamanho, então me sinto protetor quando ela se aconchega e enfia o rosto na curva do meu pescoço. Olho de relance para o relógio digital na minha estante de livros e me dou alguns minutos extras com ela nessa posição. Sua perna está suspensa entre as minhas, o lençol, que ela roubou de mim durante a noite, cobre da cintura para baixo.

— Mamãe, não vá, por favor. Papai.

 — Mel? Ei, você está me ouvindo querida? Shiiiii... estou aqui. — chamo, sendo o mais suave possível. Sua resposta é pressionar o rosto ainda mais no meu pescoço. Envolvo o braço em sua cintura e aperto contra mim. — Você está segura. — digo, quando seu corpo fica tenso e os sons que saem dela me lembram choro. Começo a ficar preocupado, então percebo que está tendo um pesadelo e volto a tentar acalmar seu sono.

Contrariando o clima noturno, o sol se faz presente e entra pela pequena frecha da janela. Afasto o corpo da menina que se colou ao meu em algum momento durante a madrugada e beijo sua testa.Deixo minha cama, já de pé a observo dormindo. O biquinho meigo que seus lábios estão fazendo me deixam suficiente abalado e bobo.

Melissa se tornou meu tudo nos últimos meses, embora já me tivesse na palma da mão desde criança. O sentimento de pertencimento no meu peito aumentou com o de posse, perdi a conta de quantas vezes me peguei imaginando o que faria se algo a acontecesse. Não posso perder mais ninguém, principalmente ela.

— Lorenzo. — fala, a voz arrastada, sonolenta.
As lembranças da noite anterior me bombardeiam de uma só vez, dou alguns passos para trás quando a confusão de sensações que aquele beijo me trouxeram se chocam com a realidade de hoje. Eu sou o tio dela, o cara que deveria defendê-la de homens como eu. Raiva se apodera do meu corpo, sinto nojo de mim e do que fiz com ela.
Minha doce garota.A corrompi.
–– Eu sou um cretino! –– Resmungo baixo para não despertar seu sono.
Ela dorme como um bebê.
Cristo!
Ela está sobre a minha tutela, é minha responsabilidade.
Traço seu rosto jovem, sua pele delicada e intocada. Seu corpo frágil carrega uma silhueta esbelta, cheia de curvas que não reparei até ontem.
Droga.O que está acontecendo comigo!?
Sou um maldito tarado.
Eu era marido da sua falecida tia. A conheço desde pequena.
Começo a andar de um lado para o outro no quarto, o desespero tomando conta de mim, acompanhado, claro, da culpa. Meus punhos coçam para socar minha própria face e acabar com minha miséria. Como se não bastasse tudo o que ela vem passando, ainda tenho que agir como um cretino e deixá-la ainda mais abalada. Como pude fazer isso com minha princesa? Tudo bem que ela começou, contudo, sou adulto e deveria tê-la mandado embora da minha cama. Minha princesa acabará enlouquecendo e sendo internada em uma dessas clínicas ou algo do tipo. Preciso ficar longe.
––Tio Enzo. –– Murmura e encaro seu rosto com um aperto no estômago. Um sorriso travesso brinca em seus lábios enquanto seus olhos continuam fechados.
Congelo.
Ela continua dormindo. Merda, será que está sonhando?
Caminho em sua direção pronto para acordá-la e tirar satisfações, mas meu corpo trava no meu do caminho quando vejo suas pernas apertarem uma na outra. Porra, princesa!
Engulo uma e duas vezes quando seu corpo mexe e ela vira para o outro lado da cama, onde eu estava deitado anteriormente. Reclama quando não me encontra. Sinto meu próprio corpo reagir cada vez que sua perna roça na outra e gemidos deixam sua pequena boca rosada. Levo minha mão direita para meu cabelo bagunçado e o deixo ainda mais assanhado. Tentando encontrar o controle de toda a situação, tento afastar meus olhos da cena logo a frente, mas sinto que estou impossibilitado de me arrastar para fora desse quarto nesse momento, totalmente dominado pelo anseio de ver como ela irá reagir quando acordar e perceber que presenciei seu sonho sujo comigo. Um sorriso maldoso me escapa os lábios. Desfaço o sorriso.
O que raios essa garota tá sonhando para gemer assim?
Observo hipnotizado ela agarrar meu travesseiro e tragar todo o meu cheiro contido nele.Não! Ela não tem esse direito!Ela definitivamente está sonhando comigo e está gostando bastante.
Mil vezes, droga!
Eu não deveria sorrir com essa descoberta, afinal ela só está confusa por minha causa e isso é uma grande merda. Se eu soubesse que esse seria o resultado para o beijo de ontem, nunca teria permitido que ela fosse até o fim, era minha obrigação como o adulto envolvido ter tomado as rédeas e a empurrado para longe, talvez até dado uma repreensão dura. Só que não só permiti que ela me beijasse,a correspondi.
Seus lábios doces e molhados.
Sua língua solícita e necessitada.
Ela nem sabia beijar direito!
Eu caí como um pato, guiado pela carência e medo de perder mais alguém importante para mim, fui fraco e acabei atraindo minha garota para a minha confusão mental. Nós passamos por tanta coisa ultimamente que fizemos um do outro a nossa âncora, confundimos tudo e quase estragamos com a nossa família.
Eu vou consertar isso.
–– Tio Enzo?–– Sua voz doce me chama, caindo fora de meus pensamentos a encaro acordada.
Seu rosto apresenta um leve rubor nas bochechas, seus olhos apresentam uma cor única, uma mistura de azul com cinza, me encarando assustados. Seu cabelo está bagunçado como se ela tivesse acabado de foder com alguém. Engulo em seco e a encaro sério.
— Precisamos conversar. –– Digo ríspido, em uma voz mais grave do que gostaria antes de deixar o quarto, batendo a maldita porta atrás de mim.

O Viúvo Da Minha Tia. [ DISPONÍVEL NA HINOVEL]Onde histórias criam vida. Descubra agora