QUERIDO, BRAD.

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Ainda quarta feira...

Brad C. James

  No segundo que entrei na lanchonete e vi o estado que ela estava eu só consegui pensar que mesmo vestida de garçonete, cansada, quase descabelada, Boneca ainda sim é sexy pra caralho.

- Conversar sobre o quê? - ela perguntou confusa

- Quando você sair eu te falo. - pisco. Ela suspirou

- Odeio que falem que querem conversar comigo e não vão logo ao x da questão - resmunga de braços cruzados.

Eu sorri

- Você já vai saber, boneca. - Eu disse e aproximei a boca da sua em um beijo surpresa - Te vejo lá fora.

Ela olhou ao redor para ver se alguém viu aquele beijo, e assentiu pra mim

- Idiota.

Eu abri meu melhor sorriso cafajeste e sai.

Pode ser considerado nada demais, mas pra mim é uma coisa grande e importante. Meu jogo é Domingo, uma hora e meia daqui na cidade vizinha. Vamos jogar contra os Porcos espinhos, que na verdade é a Universidade do sul, mas costumamos chamar assim porquê esse é o mascote deles.

No entanto, eu a quero lá. Amber tem que ir ao meu jogo, e não como amiga, e sim como minha garota e como forma de me apoiar. A idéia de ter ela olhando para eu fazendo minha jogadas em campo e recebendo suas torcidas me alegrava. Geralmente eu nunca precisei sentir apoio para ir e jogar, era apenas entrar no campo e dar meu melhor para o público.

Mas agora é diferente.

Agora eu quero entrar, olhar para as arquibancadas e encontrar ela. Eu sei, horrivelmente clichê, mas eu preciso olhar para ela e sentir que tem alguém que está ali por mim. E em vez de dar meu melhor para o público, quero dar meu melhor para ela.

Ela saiu da lanchonete com os cabelos como sempre quase descabelada, ela tentou arrumou e quando viu que não obteve sucesso prendeu os cabelos de novo. Quando parou diante de mim ela suspirou

- Por favor, eu estou agoniada, Brad. O que precisamos conversar?

- Me lembre de usar essa fala sempre "Precisamos conversar" porque essa sua carinha de quem está disposta a fazer tudo pra descobrir o assunto é muito boa.

Ela me deu um tapa no braço

- Conte logo, James!

- Não é nada muito sério, White.

Ela revirou os olhos e começamos a andar. Como todos os dias em que eu buscava ela, as ruas como sempre escuras, pouco iluminadas pelas luzes dos postes.

- Eu quero que vá ao meu jogo - Eu disse

- É isso? Fiquei curiosa atoa.

Eu ri e abraço ela pelos ombros, a mesma coloca o braço ao redor da minha cintura.

- Você vai?

- claro que vou - revirou os olhos - Preciso apoiar meu garoto.

- Seu garoto?

- Eu não sou sua garota? Então.

- Minha garota é mais charmoso do que meu garoto.

Riu

- Quer que eu te chame de que então?

- Não sei, Boneca. Meu namorado talvez?

Ela negou com a cabeça e ficamos em silêncio, até ela quebrar no segundo que percebeu que não falamos mais nada

- Eu vou demorar para me acostumar com isso - disse

- Com isso o quê? - eu sabia do que ela estava falando. Porque eu também ia demorar para me acostumar com aquele tipo de relação. Com tudo aquilo.

- Isso. Andar abraçada com alguém. Ter um relacionamento sério.

- Está esquecendo o mais importante Boneca.

- E qual é?

- Sentimentos envolvidos.

- Quais são seus sentimentos por mim, Brad?

Fiquei em silêncio

- Não faço a mínima idéia. - respondi sincero

Ela pareceu ficar tensa, e ficou em silêncio.

- Mas eu tenho sentimentos por você - Falei ao notar sua expressão. Merda. Eu não me expressei bem.

Eu só não sei definir, colocar rótulos no que sinto por ela. O que eu sinto é fodidamente muito forte, é o que me atraí a ela todos os dias, mas eu não sei bem como falar disso com ela.

- Melhor andarmos rápido - disse - Estou muito cansada.

- E o que você sente por mim? - perguntei

- O mesmo que você sente por mim, nada.

- Eu não quis dizer isso - parei encarando ela - O que eu quis dizer...

- Tudo bem, Brad - respirou fundo - Tudo bem, não preciso de explicação.

- Boneca...

- Apenas vamos, Brad. Conversamos sobre isso depois. Estou cansada e quero dormir.

Ela desgrudou o corpo do meu e andou na frente. Respirei fundo e fui atrás em silêncio.

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